terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Enquanto isso, lá às margens do Tejo...

A VOLTA... - Aquisições (ou leituras para o ano)...


Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa...



"As pessoas que nunca navegaram têm dificuldade para entender os sentimentos que se experimenta quando, do convés do navio, já não se vê mais do que a face austera do abismo..." (Chateaubriand)

1. O postulado absoluto de todo o mal (Rui Alberto Costa da Silva)
2. Roma (Nikolai Gógol)
3. O silêncio dos poetas (Alberto Pimenta)
4. O combate com o demônio (Stefan Zweg)
5. Poemas de Deus e do Diabo ( José Régio)
6. A psicanálise, essa impostura (Pierre Debray-Ritzen)
7. No porão da vida (Albino Forjaz de Sampaio)
8. Era uma vez Lisboa (Luís Ribeiro)
9, De víbora na mão (Hervé Bazin)
10. Últimas farpas (Ramalho Ortigão)
11. Bom dia preguiça (Corinne Maier)
12. O enigma português (F. Cunha Leão)
13. Psicologia do medo (Mario Gonçalves Viana)
14. A farsa (Raul Brandão)
15. Breve história de quase tudo ( Bill Bryson)
16. 60 poetas trágicos (Sergio Faraco)
17. O sorriso ao pé das escadas (Henry Miller)
18. Húmus (Raul Brandão)
19. Byron Portugal 1977
20. O ingênuo (Voltaire)
21. A dança do diabo (Ollivier Pourriol)
22. Lisboa insólita e secreta (Vitor Manuel Adrião)
23 Os pobres (Raul Brandão)
24 Canto de mim mesmo (Walt Whitman)
25. Pena de viver assim (Luigi Pirandello)
26. A sonata a Kreutzer (Leão Tolstoi)
27. Dez razões (possíveis) para a tristeza do pensamento (George Steiner)
28. Os pescadores (Raul Brandão)
29. Paris, os passeios de um flaneur (Edmund White)
30. Alucinar o estrume (Júlio Henriques)
31. Historia universal da pulhice humana (J. Vilhena)
32. Uma noite em Lisboa (Erich Maria Remarque)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A nave dos tuberculosos...

Não é de agora que percebi que os europeus têm um problema com o nariz. Ainda esclarecerei este assunto com um otorrino.
Passam os dias, os meses os anos, a vida inteira pigarreando, tossindo, assoando, lançando catarro nos lenços que preventivamente sempre levam no bolso interior de seus casacos.  E às vezes, com caras de papa moscas, até ficam admirando aquela meleca como se fossem especialistas em secreções. No voo Lisboa/Londres, - por exemplo - tive a infelicidade de sentar-me ao lado de um chinês, aparentemente jovem, que foi tossindo, expirando, pigarreando e cuspindo catarro num rolo de papel higiênico que levava numa sacola de plástico praticamente até pousarmos em Heathrow. Mas não era só ele não! O avião inteiro, lotado de gente de diversos paises, tossindo, pigarreando e escarrando sem parar. Uma velhinha italiana que os olhava com um certo nojo e horror, numa das maiores crises do chinês, cochichou-me num italiano ainda do tempo de Tito Livio: Por quê esse porco não pediu para ficar numa enfermaria em Lisboa? Vamos rezar para que não seja a gripe suína! E completou, antes de mudar de poltrona: Porco Dio! Isto aqui está parecendo uma nave de tuberculosos!!!

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Breves impressões de Além-mar...2

"Ser-se comerciante de gente era dos caminhos mais curtos para fazer fortuna..."
Luis Ribeiro, p. 29

Faz frio! Baixou uma espécie de neblina sobre os telhados... ninguém sabe de onde. Parece que na Itália a terra voltou a tremular! Um chá verde com menta e um Mil Folhas aqui no café Jerónimos é a última maravilha do mundo. Esse pedaço da praça é uma espécie de Babilônia! Gente do planeta inteiro. Todos os idiomas. Todas as cores. Todos os conflitos do mundo. E a palavra Angola se pode ouvir em todas as rodas de Ginja. Sem nenhuma demagogia literária, o momento mais fascinante desta viagem aconteceu há pouco quando presenciei o encontro entre dois mendigos, praticamente da mesma idade e até com semelhanças físicas que faria qualquer um apostar que eram da mesma família. Ela, com roupas de camponesa levava uma bengala e fazia uma cara de criança ao estender uma mão demasiadamente pequena a seus "clientes"; ele, com roupas iguais as dela, tinha trejeitos mais malandros e usava uns sapatos aos pedaços, mas que pareciam adequados para o clima. Quando uma rajada de vento lhe acertava o rosto tapava os olhos e a boca de maneira quase hipocondríaca. Saudaram-se com extrema simpatia e alegria e passaram a falar dos "negócios", quanto já tinham faturado neste sábado, os melhores lugares, a disputas com concorrentes, mencionaram alguma coisa referente ao elevador Dona Justa (mas que não consegui entender), uma briga de rua ocorrida no Cais do Sodré, da vinda prevista de turistas italianos neste final de semana e até mesmo dos dias áureos de Lisboa durante a última grande guerra. Segundo ela, havia ouvido de seu avô que Lisboa, por ter permanecido neutra no conflito, tornou-se um lugar desejado por todo mundo, já que era daqui que, com papéis legítimos ou falsificados embarcavam para a América e inclusive para o Brasil. Os comboios chegavam lotados ali... (apontou para a Estação do Rossio). Principalmente de judeus franceses e de burgueses fascistas da Itália... Ela falava compulsivamente e ele a ouvia com uma atenção impressionante. De repente ela suspeitou que eu os estava ouvindo e silenciou por alguns minutos para voltar a falar logo em seguida. Naqueles tempos, dizia meu avô, que também mendigava por aqui, os estrangeiros aqui em Lisboa não pagavam as contas com dinheiro vivo, mas com diamantes e ouro. A guerra foi importante para Portugal. A guerra acabou e Portugal estava rico. Diziam amigos de meu avô - falou com voz mais baixa - que naquele período, Portugal acumulou quase 200 toneladas de ouro... Deu uma risada e concluiu: e nós aqui fodidos e mendigando num dia frio e fdp desses!!

Breves impressões de Além-mar...


Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa...






1. Ontem à noite esclareci uma dúvida a respeito dos sujeitos que ficam ali na Praça do Rossio 24 horas por  dia oferecendo "todo e qualquer tipo de drogas" aos turistas babacas que passam. Como sobrevivem durante tanto tempo? - me perguntava - se há policiais vestidos de preto e com armas automáticas em punho por todos os lados. Um músico que toca nos arredores até de madrugada explicou-me: trata-se de um bando de estafadores. O que dizem ser maconha é artemísia e o que vendem por cocaína são apenas aspirinas esmagadas. Até a policia já caiu nesse conto - me dizia ele. Prendia esses gajos e depois, na delegacia, quando examinava os produtos, tinha que solta-los e ainda pedir-lhes desculpas...

2. Esse mesmo músico relatou-me também que, não faz muito, os jornais lisboetas publicaram o caso de um eletricista jovem que "comia" uma senhora de 94 anos. Num dos tais encontros amorosos, sabe-se lá por quê, a senhora veio a falecer. Com medo de ser implicado na morte da anciã, o tal gajo, fez um arranjo na cena, deixando a pobre morta deitada numa posição do Kama Sutra com um vibrador caído sobre o peito...

3. E já que estou falando de escatologias, na primeira vez que estive por aqui, (quase na época de Marques de Pombal), lembro de ter visto nas páginas de classificados de um conceituado jornal da cidade um anuncio que propunha a troca de um galo que cantava as cinco da manhã por um que cantasse as sete. Hoje, examinando o mesmo jornal, vejo que quase uma página inteira é dedicada às meninas (tanto de Portugal como de vários lugares do mundo) que propõem, a preços moderados, qualquer tipo de negócios, inclusive massagens na próstata. Em uns segundos de ingenuidade cheguei a perguntar-me: seriam enfermeiras diplomadas? Depois tomei consciência de que se tratava apenas da decadência dos galos e da ascensão das galinhas... Observem como os negócios que mais prosperam no mundo são sempre os relacionados às nossas múltiples misérias...

4. Por todos os lados aqui se ouve música brasileira. Insensatez de Tom Jobin toca insensatamente por todos os lados. Os portugueses são fascinados pela tal BOSSA NOVA. E a maioria dos brasileiros nunca se deu conta de que aquela troupe de bebuns era composta praticamente só por portugueses e que o que fazia era essencialmente música lusitana. Escapamos do Fado por pouco. Aliás, o Ministério da Saúde deveria advertir: meia hora de fado, associado com meia garrafa de vinho nas tripas, transforma o risco de suicídio em algo real...

4. Curiosamente, no Convento dos Jerónimos, o túmulo de Alexandre Herculano, (politico e autor de Três meses em Calcutá) no espaço número 324 é imensamente maior e mais rico em dados, informações, e etc, do que o de Fernando Pessoa. Ao bizarro poeta do Desassossego foi levantada a alguns metros dali apenas uma coluna de uns três metros de altura por uns 60X60, com três ou quatro pensamentos depressivos de seus heterônimos... Sinal de quê? De que a política e os políticos, para as massas, ainda são associados ao bonheur e à esperança, enquanto que à poesia e os poetas o são à frescura, ao niilismo e à desilusão... Talvez estejam certos!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Era uma vez Lisboa...


"Os cavalos lusitanos eram fiáveis, velozes, resistentes, e fecundos ao ponto de se dizer que as éguas emprenhavam com o vento..." (Luís Ribeiro)

"A Lisboa dos turistas é mais uma selfie do que uma foto documental" (Idem)


Quem ainda pensa que os portugueses só foram grandiosos em assuntos de navegação, em comércio de escravos, pesca e em criação de enguias, deve conhecer pelo menos três das tantas igrejas que há por aqui. A de São Domingos, aqui no Rossio, no pátio da qual foram executados milhares de judeus; a Catedral da Sé, construída sobre as ruínas de uma mesquita islâmica e, claro, a do Convento dos Jerônimos, uma espécie de Vaticano português, onde estão os túmulos de Camões e de Vasco da Gama. No meio de tantas, estas três, por suas grandiosidade arquitetônica bastam para impressionar. E 'impressionar', neste contexto, não tem nada a ver com a expressão histérico-popular. Principalmente os psicólogos e os antropólogos que ainda têm dificuldades para entender os processos mentais através dos quais se realizou o adestramento religioso sobre o populacho, deveriam passar uns dias por aqui. Os engenheiros, os pedreiros e os teóricos do Santo Ofício da época, ao construírem essas gigantescas e soberbas maravilhas sabiam que dentro delas, ao lado destas estupendas pilastras de pedra bruta
 qualquer um se sentiria reduzido a nada e que essa sensação de pequenez e esse achatamento psíquico é o pré-requisito básico para qualquer tipo de domesticação... Sabiam, também, que até uma prisão neste estilo e com esta grandiosidade seduziria os prisioneiros para sempre! (Com uma tocata de Bach, descendo dos telhados então!!!)
Mas não é tudo. Também os banheiros da mais antiga fábrica de Pastéis de Belém (1837), são de um luxo, de uma HIGIENE e de uma beleza respeitável. (ver fotos abaixo)









Enquanto isso, ali no outro lado da fronteira: Papa argentino reconhece o que toda criança já sabe...


Eis aí a prova do fracasso da psiquiatria, da psicologia, da psicanálise, do cristianismo, do creacionismo e da origem das espécies...


Brasil é o país mais depressivo da América Latina, revela OMS

No caso do Brasil, a OMS estima que 5,8% da população nacional seja afetada pela depressão. A taxa média supera a de Cuba, com 5,5%, a do Paraguai, com 5,2%, além de Chile e Uruguai, com 5%


    

 postado em 23/02/2017 09:37 / atualizado em 23/02/2017 16:01



Ricardo B. Labastier/CB/D.A Press
O Brasil tem a maior taxa de pessoas com depressão na América Latina e uma média que supera os índices mundiais. Dados publicados nesta quinta-feira (23/2), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 322 milhões de pessoas pelo mundo sofrem de depressão, 18% a mais do que há dez anos. O número representa 4,4% da população do planeta. No caso do Brasil, a OMS estima que 5,8% da população nacional seja afetada pela depressão. A taxa média supera a de Cuba, com 5,5%, a do Paraguai, com 5,2%, além de Chile e Uruguai, com 5%.
No caso global, as mulheres são as principais afetadas, com 5,1% delas com depressão. Entre os homens, a taxa é de 3,6%. Em números absolutos, metade dos 322 milhões de vítimas da doença vivem na Ásia.

De acordo com a OMS, a depressão é a doença que mais contribui com a incapacidade no mundo, em cerca de 7,5%. Ela é também a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano.

Ansiedade


Além da depressão, a entidade indica que, pelo mundo, 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade, uma média de 3,6%. O número representa uma alta de 15% em comparação a 2005. 

Uma vez mais, o Brasil lidera na América Latina, com 9,3% da população com algum tipo de transtorno de ansiedade. A taxa, porém, é três vezes superior à média mundial. Os índices brasileiros também superam de uma forma substancial as taxas identificadas nos demais países da região. No Paraguai, a taxa é de 7,6%, contra 6,5% no Chile e 6,4% no Uruguai.

Em números absolutos, o Sudeste Asiático é a região que mais registra casos de transtornos de ansiedade: 60 milhões, 23% do total mundial. No segundo lugar vêm as Américas, com 57,2 milhões e 21% do total. 

No total, a OMS ainda estima que, a cada ano, as consequências dos transtornos mentais gerem uma perda econômica de US$ 1 trilhão para o mundo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A literatura, como toda arte é uma confissão de que a vida não basta...

Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa...



Bem na esquina da rua Garret com o Largo do Chiado, Fernando Pessoa em bronze olha fixamente para a multidão de babacas que sentam a seu lado e que colocam as mãos sobre a sua esquerda antes que um fotógrafo qualquer "aperte o gatilho". Faz frio, há música, cheiro de cerveja, de maconha, de café e de urina no ar. Espontaneamente as massas promovem todos os dias um show por aqui para passar o tempo e para arranjar motivos para seguir existindo o que lembra a frase do camarada Pessoa: "a existência da literatura e das outras artes é uma confissão de que a vida não basta..."
Gente que nem sabe de quem é a estátua senta-se ali e faz uma pose de padre, de dona de casa ou de leitor. Um grupo de japoneses quis saber de que se tratava mas intimidou-se. Alguém jogou uma moeda aos músicos encostados na mureta do metrô e eles imediatamente começaram a tocar aquela música do filme Casablanca. O garçom quer empurrar-me mais um café como se eu fosse um saco sem fundo... Chega outro grupo de músicos. Os que já estavam instalados os olham atravessado. Lembro das rinhas de cachorros no México. Mas a música, o  objetivo de toda música, como dizia babacamente Bach, não deve ser a glória de Deus?. O grupo de japoneses tenta aproximar-se novamente de Fernando Pessoa. Alguma coisa que não sei identificar os impede. Talvez saibam que está todo mundo blefando. Como existe uma ética primitiva, é provável que lá no núcleo de nossos ossos exista também uma timidez primitiva. Apareceu na minha mesa um senhor com transtorno bipolar querendo vender-me um de seus desenhos. (O diagnóstico não é meu, foi revelação dele). Cem euros? Isto é uma pequena fortuna! Lhe respondo numa exagerada exclamação. 
Ele justifica dizendo que tem que comprar papel e tintas. Eu, convenço-o de que estou arruinado. 
Por fim, sem nenhum tipo de trapaça, fiquei com o desenho por dez reais (reais, não euros) e ele seguiu sua rota, de mesa em mesa, convicto de que era Michelangelo reencarnado. A corja se movimenta  e se acotovela. Fernando Pessoa tinha razão: a vida não basta!

Que tal um mundo de eunucos?


Não sei se foi só em Portugal, mas num dia desses comemoraram o dia do preservativo. Aqui e ali se via mocinhas simpáticas e brincalhonas exibindo desenhos do dito cujo e aquelas borrachas fedorentas para "enfaixar a cobra" com o mesmo pudor e medo que se tivessem transportando uma serpente naja. 
Apesar do atual teatro de liberação e de modernismo, nunca o pobre membro foi tão temido como na atualidade. No futuro, nós que fomos treinados para ouvir o non-dit (o não dito), nem precisamos ser adivinhos para prever que não faltarão ideólogos e principalmente ideólogas de uma circuncisão absolutamente radical e até mesmo do eunuquismo... E la nave va!
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Em tempo: volto a insistir que os homens estão cada vez mais submissos e "femininos" e as mulheres cada vez mais tiranas e "masculinas". Estou num elevador: entra um casal gringo. Ela me cumprimenta com um vozerão transbordando agressividade e testosterona, Ele parece estar trêmulo e assustado, a voz não lhe sai direito, tem medo de alguma coisa como se desejasse voltar para o berço. E lá no café da manhã a cena se reproduz com quase todos os casais de todas as nacionalidades. Elas que decidem o que se vai comer. Se um ovo ou um croissant, se café com leite o café puro. Se se vai tomar um taxi ou um comboio. Se se vai navegar no Tejo ou comprar porcarias num shopping qualquer... E olham para todos os lados com soberba, e assoam o nariz quase sobre a xicara dos outros, e arrumam as tetas dentro de seus soutiens, e enfiam, sem cerimônias, meio pastel de Belém por sobre o batom e mastigam como umas porcas... enquanto eles estão lá, no canto da mesa, com os olhinhos cravados na xícara, reprimidos, se cagando de medo, os dedos trêmulos e só de vez em quando se lhes ouve algum murmurio, quase implorando uma teta... Que porra é essa? E o mais curioso, é que, todo mundo sabe que daqui a pouco essa soberba artificial vai se transformar numa choradeira histérica, com pedidos de misericórdia, com o teatro da coitadinha desamparada e vítima do mundo... E que por outro, essa  submissão artificial dele na primeira oportunidade se transformará em brutalidade, e que de coitadinho se converterá num brutamonte ou, usando uma expressão de Tolstoi, num autêntico homem do Antigo Testamento... 
E que então, o ciclo se concluiu novamente e que tudo estará pronto para reiniciar...  E assim, até que a morte os liberte!!!
Bah! Que miséria! E tudo indica que nas próximas gerações, se a pedagogia materna seguir a mesma, assistiremos uma transmutação não apenas nos hormônios e nos genitais mas também no cérebro desses pobres idiotas. E a vingança estará consumada!




terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

"Imóvel contemplo a lua e os outros pensam que sou cego..."

Um poeta de rua  fazia agora à noite uma performance ali no alto do Chiado, pelos lados da estátua de Fernando Pessoa. Ia fantasiado de Bashô e recitando algumas das falas do japonês andarilho. Consegui anotar duas:

1. "Não tenho nada que possa ser roubado, não tenho nada a recear ao longo do caminho. (...) Não existe nenhuma estrada obrigatória a seguir nem hora para partir na manhã seguinte. Apenas duas preocupações tenho de ter em mente: onde pernoitar ao fim do dia e onde encontrar sandálias de palha que me sirvam - e é tudo..."


2. "Imóvel contemplo a lua e os outros pensam que sou cego..."

"The Order of Yoni" - Um pouco diferente daquelas que nossas avós fabricavam em casa...


Uma empresa britânica de cerveja chamou a atenção na internet após publicar um vídeo promocional sobre seu novo produto: uma cerveja com sabor de vagina.
De acordo com as informações do Metro, a companhia identificada como "The Order of Yoni" - Yoni em sânscrito significa vagina - pretende inovar o mercado de bebidas alcóolicas com o seu ousado projeto.
Para a produção da cerveja denominada "Bottled Instinct" (Instinto engarrafado, em português), a empresa afirmou que descobriu um jeito de transmitir a essência e a feminilidade da mulher através das bactérias presentes no órgão genital. "Nosso laboratório isolou e multiplicou a bactéria de um jeito seguro. Além disso, nós examinamos as bactérias finais em termos de pureza e segurança para usá-las na produção de cervejas amargas", alega a empresa.
E os primeiros exemplares serão "personalizadas", já que a companhia utilizou as bactérias do ácido láctico da modelo tcheca Alexandra Brendlova.
Contudo, apesar de apresentar o produto ao público, a verdadeira intenção da "The Order of Yoni" com a publicação do vídeo é arrecadar 150 mil euros (cerca de R$ 607 mil) para conseguir lançar seu produto no mercado. A empresa ainda prometeu brindes para aqueles que fizerem alguma doações online. Até o momento, 239 euros (aproximadamente R$ 1,1 mil) foram arrecadados em 7 dias de campanha.
(Foto: Divulgação/The Order of Yoni)
Confira: 

"A realidade é a manha, a astúcia que cada um põe em jogo"... Raul Brandão

Aqui do meio das tumbas do Cemitério da Ajuda, além dos jazigos com suas bizarras declarações de culpa e de amor, se pode ver lá na parte baixa do vilarejo os telhados avermelhados das construções seculares e um pouco mais em baixo ainda, o velho e simpático rio Tejo. Tomar o ônibus 360 para vir para cá, neste horário de terça-feira, é desfrutar de uma "viagem" antropológica, arqueológica, linguística e medieval inigualável. Sem essa experiência de meia hora é quase impossível saber o que Camões estava querendo dizer em seu enigmático e chato Lusíadas. 
Mas vim para cá por engano, meu destino era o Cemitério dos Prazeres e não o da Ajuda. É lá que estão enterrados os senhores das letras, da música, dos negócios, em suma: os grandes malandros. 
Um casal de velhos vai literalmente se arrastando à minha frente. Param diante de alguns mausoléus, procuram reconhecer as fotos incrustadas neles,  resmungam alguma coisa, mudam de rumo, desaparecem e logo reaparecem. Ela, com a tremedeira típica do Parkinson o conduz pelo braço. Ele, com o olhar zen do Alzheimer parece caminhar sobre as nuvens... Não precisa nem ser corretor de imóveis para saber que devem estar querendo comprar um terreno!
Perguntei ao coveiro se poderia me indicar onde estavam localizadas as tumbas de personalidades ilustres? Aqui, meu senhor - me disse ele - todos são ilustres! E agregou com a ironia típica dos lusitanos: ilustres mortos!... E quando eu já estava quase preparando-me para cair fora daquele condomínio de horrores, um outro coveiro, com uma picareta e uma pá aos ombros, aproximou-se e me fez esta observação: "Você, que é brasileiro, olhe bem para tudo isto aí, aqui entre nós até os sepulcros são construídos para a eternidade..." Caralho!!! 
Fazia um pouco de frio. Havia flores para todos os lados. O motorista do ônibus 760 fez-me sinal que ia partir...

Enquanto isso... (Na primeira página da História Universal da pulhice humana)...


domingo, 19 de fevereiro de 2017

E nós que sempre as desejamos tanto...

"Em certas ocasiões, se as palavras e a insignificância desaparecessem da vida, só ficaria em pé o espanto..."  
Raul Brandão

Uma pesquisa que ainda gostaria imensamente de realizar seria a do papel que as mulheres daqui tiveram nas navegações portuguesas, naquele período em que os portugueses mais corajosamente que qualquer outro povo se lançavam ao mar com seus anzóis e com suas precárias caravelas e iam dominando tudo...  
Eram elas que comandavam o timão das caravelas? 
Esta curiosidade nasceu-me hoje, domingo, ao registrar que as mulheres aqui estão cada vez mais 'independentes', decididas, tiranas, intolerantes e duras, enquanto que os homens, mais e mais ambíguos, bonzinhos e submissos. 
Exemplos: 1. No Mercado da Ribeira (que é uma maravilha e que fica ali no Cais do Sodré) entrei numa loja de quinquilharias comendo umas avelãs que havia comprado num quiosque ao lado. A dona da loja dirigiu-se a mim como uma fera não para informar-me que ali não se podia comer, mas para proibir-me literalmente de seguir mastigando. 
2. Comprando uma chaleira para chá com estilo magrebino, perguntei, também a dona, isto já em outro ambiente, se  a chaleira era produzida em Portugal e ela, como se tivesse se sentido ofendida, também com estupidez e soberba contestou-me que ali todos os produtos eram genuinamente portugueses. 
3. Numa estação de metrô ao  recarregar meu cartão semanal, completada a operação perguntei à senhora que me havia auxiliado, onde estava meu cartão? ao que ela respondeu com profundo mau humor e histerismo: O cartão está onde o senhor o colocou!
Caralho! que porra é essa? Assim não há ereção que resista!
Tomei o primeiro trem que apareceu e viajei sem destino por horas refletindo se seria isso o tal empoderamento, que as "feministas" insistem em clamar pelo mundo a fora?
Por coincidência ou não, por colaboração do destino ou não, por uma distorção intencional de minha parte ou ainda por sutilezas do idioma e do insconsciente, entrou uma moça no vagão onde eu estava, (parecida com aquelas que Cristovam Colombo mentia ter visto no Caribe), levando uma cestinha vermelha pendurada ao braço e oferecendo bolinhos de carne com batata e grelos... Grelos?Me interessei, pero... no mucho!

Portugal: um pequeno Brasil! Brasil: um imenso Portugal!...


Para ouvir a música, clicar no canto esquerdo da faixa...


Aqueles que vêm à Lisboa com a ilusão de ainda encontrar nos restaurantes aquelas simpáticas e coradas senhoras portuguesas de avental e lenço na cabeça indo de mesa em mesa cantarolando um fado de Amalia Rodrigues e perguntando se a bacalhoada está no ponto, podem tirar o cavalo da chuva. Agora, quem quer comer comida portuguesa de verdade, feita e servida por portugueses deve ir ao Canada, à Australia, aos EEUU ou mesmo a São Paulo. Por aqui, atualmente, nas cozinhas, só se vê cozinheiros improvisados da Índia, da China, da Angola e até do Brasil. Mesmo os bolinhos de bacalhau e os pastéis de Belém, que ninguém desconhece, são bem mais originais os que se come por lá na Mooca (em São Paulo), ou numa mixuruca padaria da Asa Norte (em Brasília). Enfim, como diriam os escolásticos velhinhos da Escola de Frankfurt: são as colônias de outrora se vingando, enrabando e devorando por dentro a antiga metrópole...

sábado, 18 de fevereiro de 2017

No porão da vida...

"Um marinheiro que eu conheci e que há bem pouco tempo fez a sua última viagem, o seu cruzeiro final, dividia os passageiros em classes: de primeira e do porão, as únicas que tinham interesse. Os outros, os da segunda, intermédios, esse não tinham história, dizia. São aqueles que nos aparecem, como os dados de um passaporte, como tendo uma vida regular, uma moral regular, um caráter regular, tudo regular. São os que não se distinguem nunca nem no bem, nem no mal. Nascem, vivem, cumprem e são enterrados sem que ninguém os note, sem que se dê por eles. Os da primeira, têm às vezes boas ações, mas os do porão têm revoltas quando não têm ironias. Um miserável roto e faminto, trotando sob a neve que caia, exclamava: Oh, senhores! Parece incrível como esta neve me desperta idéias negras! Os da segunda não andam à neve e sobretudo não têm idéias..." 
( Abilio Forjaz de Sampaio (No porão da vida, Livraria Civilização, Porto 1938.)