"Paris é um bom lugar para viver, mas um mau lugar para morrer. É onde os mendigos aquecem seus traseiros fazendo fogueiras com os ossos dos mortos..."
Rabelais, em Pantagruel (1532)
E o massacre na penitenciária de Manaus continua preponderando
no noticiário. Não que não estejam acontecendo outros semelhantes por aí, mas é que este tomou uma dimensão maior, talvez por ter acontecido geograficamente ao lado da idílica selva amazônica e às margens do maior, idílico e poluído
rio do mundo. O blábláblá das autoridades não tem fim...
"A falha foi de Y! A responsabilidade é da E, que devia ter comunicado ao C, que poderia ter acionado a F, que por sua vez se tivesse sido prudente teria tomado a medida H", etecetera... etecetera... etecetera. Mas são coisas que acontecem... E todos, inclusive o Papa argentino, estão rezando pelas famílias dos decapitados...
As imagens da penitenciária onde foram assassinados os 56 internos falam por si mesmas (impossível não lembrar do antigo hospício de Barbacena-MG) mas, se os jornalistas fizessem um trottoir pela periferia de Manaus (e por praticamente todas as periferias das grandes cidades brasileiras) compreenderiam logo que o inferno das prisões é quase mais light que o inferno das ruas, e que estar preso é quase melhor do que estar solto. Sempre que explode uma desgraça dessas no país, até os cegos percebem que as autoridades, os doutores e os DAS6, dentro de seus terninhos azuis ficam, com suas mãozinhas delicadas turvando as águas para dar impressão de profundidade...
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