terça-feira, 31 de janeiro de 2017
A estupidez e o sadismo de rapar a cabeça dos prisioneiros...
Clarisse Linspector
Hoje pela manhã o mendigo K estava indignado com as imagens que havia visto do Eick Batista sendo conduzido para a prisão e já com a cabeça raspada. Ver um mendigo indignar-se com a prisão e com a humilhação de um milionário é quase uma aula de filosofia!
Quê porra de justiça é essa que, como uma hiena, quando cai sobre um sujeito, quer destroça-lo? Pisoteá-lo, raspar-lhe os cabelos? O que os cabelos tem a ver com isso?
Vejam as imagens dos campos de concentração, dos manicômios e dos hospícios! Todo mundo raspado! Que costume sádico e de bosta é esse! E depois ainda querem proibir que se fale de Caligula! Da inquisição, de Hitler! De Stalin!
Enquanto esbravejava ia de um lado a outro do estacionamento, como para conter a ansiedade.
Quando adolescente - continuou - passei por uma cadeia, onde, por pura vingança e ciúmes me rasparam os cabelos. Depois, antes de me soltarem, enfiaram-me na cabeça o chapéu de palha que um outro preso, um pobre mendigo paraguaio havia esquecido naquela pocilga. Ainda lembro até com uma certa ironia daqueles três ou quatro cães miseráveis! O barbeiro, de joelhos, com uma máquina manual, cumprindo as ordens de um delegadozinho de bosta, tímido e com um visível transtorno de personalidade! O sol entrava pelas grades como para testemunhar aquela infâmia... Concluiu a frase, e com um gesto de soberba, tirou do bolso uma latinha de rapé, deu três ou quatro fungadas e retirou-se...
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
domingo, 29 de janeiro de 2017
sábado, 28 de janeiro de 2017
Creio porque é absurdo! ..
“A Bíblia não fala de Deus”, diz ex-tradutor do Vaticano em entrevista a jornal português
Em entrevista ao jornal português, "Observador", Mauro Biglino afirma que nos escritos originais da Bíblia, não há menção a Deus. Biglino era o responsável do Vaticano pelas traduções dos escritos originais da Bíblia em hebraico.
Ele publicou “A Bíblia não é um livro sagrado” (Livros Horizonte) trinta anos depois de ter começado seu trabalho como tradutor e afirma “A Bíblia não é aquilo que habitualmente se diz. Conta uma outra história, não se ocupa de Deus”.
Nascido em Turim, Itália, aprendeu hebraico na comunidade hebraica da cidade. Foi convidado pela editora do Vaticano devido ao rigor de seus trabalhos de tradução e como ele mesmo diz “Além disso, perceberam que eu também conhecia latim e grego, línguas essenciais para entender o contexto dos textos bíblicos”.
O tradutor ainda afirma que “não há qualquer referência a Deus nos textos da Bíblia. Há, sim, a um coletivo, chamado Elohim, e a um deles em particular, chamado Yaveh“ e esclarece “as traduções foram sendo adulteradas e foram convertendo Yaveh num Deus único e todo poderoso”. Também diz “Em hebraico nem sequer há nenhuma palavra que signifique Deus”.
Mauro Biglino detalha em seu livro o percurso das traduções oficiais da Bíblia, verifica-se que foram adulteradas para “para inventar o monoteísmo”. Não à toa existem mudanças de sentido na versão do Vaticano dado o interesse em se colocar como instrumento de poder e intervir politicamente baseando-se em preceitos religiosos.
Mauro revelou traduções literais de vários textos bíblicos em seus livros que foram usados por historiadores para identificar imprecisões e argumenta que a Bíblia contém diversas imprecisões possíveis de serem demonstradas. “É por isso que os críticos discordam das minhas conclusões, mas não põem em causa o rigor das traduções”, ressalta.
“Em 2010, comecei a escrever um livro em que denunciava algumas das contradições que estava a encontrar nas minhas traduções dos textos bíblicos, e desde esse momento, a colaboração foi interrompida, acabaram o meu contrato de trabalho”, diz. Afirma compreender “perfeitamente” a decisão da editora tendo por ser “inviável” estar ao serviço da editora e obter conclusões tão distintas. No entanto, é importante manter o crivo crítico frente ao comportamento de censura presente na marginalização de um funcionário que discorda da linha adotada pela empresa.
“Não se sabe nada sobre Deus” e “como Deus me é absolutamente desconhecido, não posso acreditar nele”. Revela não ser o único a discordar das traduções oficiais da Bíblia, muito embora sejam “muitos que tenham a coragem de divulgar as suas conclusões”. E declara “Quando eu digo que a Bíblia não fala de Deus, não digo que Deus não existe, porque não o sei. Digo apenas que a Bíblia não fala de Deus”.
A exemplo de divergências vê-se “A profecia de Isaías, por exemplo, dizia que «a Virgem irá conceber e dará à luz um Filho», mas as bíblias alemãs, depois da aprovação da Conferência Episcopal, já não dizem isso. Já dizem que «a Virgem vai conceber», que é o que verdadeiramente lá está escrito”. Para ele, o seu trabalho poderá influenciar nas futuras traduções da Bíblia.
Por fim, é possível ver a postura da editora italiana. Confirmou que Mauro Biglino já não mais colabora com as Edizioni San Paolo “há muitos anos”, e não se propôs a comentar o trabalho atual do tradutor.
A paixão dos pobres pelos milionários...
"O burguês gordo e fresco de burrice, capaz de jogar dominó com os ossos de seu pai..."
Balzac
Desde a semana passada o papo em todos os ambientes da cidade giram ao redor do dinheiro, da riqueza, da desgraça e da possível prisão de Eike Batista.
Um velhinho de quase 100 anos que hoje de manhã comprava seus remédios na farmácia da esquina, fazendo apologia do fugitivo, esbravejava: Se o país tivesse meia dúzia de homens como o Eike, seríamos um país respeitável, com portos, estradas de ferro, um parque industrial incomparável, minas de ouro por todos os lados, crianças que saberiam física e matemática e etc.. Preste atenção como a sociedade é perversa e esquizóide,! Como o povo, os pobres, as massas e principalmente a dita classe média formam um mosáico de bosta. Primeiro, os políticos, os religiosos, os comerciantes, os burocratas, os doutores e os professores e até as donas de casa, quando identificam um sujeito como o Heick lhe abrem as portas e as pernas, ficam de quatro, lhe facilitam negócios, empréstimos, transações, noitadas, intercâmbios, livres condutos, lhe ensinam como falsificar documentos, como driblar a receita, como abrir contas no Panamá e em Genebra, como chantagear novos ricos, como apropriar-se de recursos do Estado, como ser indicado para um titulo de doutor 'honoris causa' numa universidade
e etc, e depois, quando vêm que o cara levanta voo e se distancia de todo mundo porque atingiu o pico da pirâmide capitalista, porque tem sete ou oito beldades na sua retaguarda com quem distrair-se, (todas, é verdade, vorazes e fixadas na fase oral, mamando) e que as migalhas escasseiam,.. por inveja e por ressentimento querem destruí-lo, apropriar-se de seu capital, mandá-lo para a cadeia ou até mesmo enforcá-lo... Preste atenção como qualquer um por aí, por mais que faça o discurso da misericórdia, pensa como Heine: O perdoamos, mas só depois de vê-lo enforcado... E concluiu: A inveja é a mãe de todos os transtornos e de todas as crueldades...
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Venha comigo meu pequeno, que eu serei bem porca!!!
Numa das mesas do restaurante onde costumo almoçar às sextas-feiras estava o mendigo K. Estava com um aspecto saudável e com os olhos brilhantes de felicidade. Contava a um sujeito da mesma idade e da mesma laia dele, sentado a sua frente, que havia passado a noite num pequeno puteiro que existe aqui na cidade, ali pelos lados das oficinas de automóveis. Até aí tudo bem! Quem é que não tem uma recaída dessas de vez em quando? O que me chamou a atenção foi ao ouvi-lo dizer: Conheci uma mulher que se dizia neta de uma senhora que foi dona de uma das mais luxuosas casa de prostituição de Planaltina, anos 60. Chamava-se J. e falava francês fluentemente. Estava encostada no esqueleto de uma kombi que havia pertencido a uma associação de fundadores da cidade. "seu rosto estava iluminado por um cigarro, sorrindo-me através de duas aberturas talhadas no pó de arroz e orladas de negro, me disse: Viens avec moi mon petit. Je serai bien cochonne! Ele repetiu esta frase em francês ao seu colega de mesa e depois a traduziu: Venha comigo, meu pequeno. Eu serei bem porca!
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
O muro em Curitiba...
Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa...
"Se com um fio dos teus cabelos puderes salvar o universo, não o des!"
D.S
CURITIBA PODE SER A PRIMEIRA CAPITAL BRASILEIRA A MULTAR AS CANTADAS DE RUA...
No passado eu só refletia de vez em quando sobre a indagação de Freud sobre O que querem as mulheres? Atualmente, já deixo sua obra completa aberta sobre a mesa, pois as consultas se tornaram quase diárias. Esse Projeto de Lei de Curitiba, por exemplo, é uma aberração inominável, uma vez que a 'sedução amorosa' é um dos principais instrumentos para turbinar a auto-estima, o amor próprio e o fascínio pelo saber e pela existência, tanto para quem seduz como para quem é seduzida (o)...
É impressionante como a desconfiança, o ressentimento e o ódio feminino contra os homens tem ganhado proporções patológicas e tem se materializado em fobias e em leis que, se continuar assim, não demorará muito para que a mesma e ilustre vereadora lá de Curitiba se atreva a propor também a criação de um muro em cada cidade, um muro (tipo o do Trump lá na fronteira mexicana), para separar os homens e as mulheres.
O que está acontecendo? O que teria acontecido? Quem é que até recentemente poderia imaginar que esse conflito pudesse chegar a tanto?
E quem acreditava que essa neurose estivesse relacionada basicamente com o pai, já começa suspeitar que os caminhos principais conduzem à mãe...
Mas ninguém poderá negar que o muro e as duas manadas separadas será uma experiência transcendente, principalmente para os cineastas, os documentaristas e os alienistas. Eu, já começo a limpar minhas câmeras e a carregar as baterias... Farei todo o possível para estar entre eles...
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"A cidade de Curitiba pode ser a primeira no Brasil a contar com uma lei que multa quem assediar verbal ou fisicamente mulheres na rua. A proposta chegou à Câmara Municipal da capital do Paraná através de uma proposta de lei da vereadora Maria Letícia, do Partido Verde. Assim como em Buenos Aires, na Argentina, quem for pego “cantando” ou perturbando mulheres, com gestos ou palavras, poderá levar uma multa de R$ 280 e ainda ser condenado a programas de reeducação. Para casos de reincidência, a proposta estipula uma multa ainda maior, de aproximadamente R$ 930.– O famoso ‘fiu fiu‘ em locais públicos e outras cantadas não são elogios. Tratam-se de uma forma de assédio sexual que passa despercebida, uma vez que está travestida de ‘flerte‘ –, disse a vereadora em entrevista ao G1 Paraná".
"Para o registro dos assédio, além da Guarda Municipal, serão também ativadas e checadas câmeras de segurança espalhadas pela cidade. Na lista de atos condenáveis estão abordagens intimidadoras, exibicionismo, masturbação, perseguição e uso de palavras impróprias para denegrir ou constranger a vítimas. Por conta da agenda da Câmara, o projeto ainda não tem data prevista para ser votado".
– "Não é admissível que em pleno século 21 as mulheres ainda sejam tratadas como objeto e pior, com a conivência e omissão da sociedade e do poder público –, acrescentou a vereadora".
O mendigo K e a febre amarela...
Nesta quarta-feira o mendigo K estava ali no posto de gasolina que fica ao lado de um centro de saúde. Dizia ao funcionário que remexia nas bombas de combustível que havia ido ao centro de saúde para ver se tomava a vacina da febre amarela, mas que, quando soube que se tratava de um vírus vivo, deu meia volta, lançou uma maldição sobre Edward Jenner (um dos propulsores desta prática no ocidente) e caiu fora. Tentei discutir o assunto, mas, ele passou inesperadamente a falar com certo niilismo sobre a escolha de um novo juiz para substituir o falecido Teori Zavaski. Retirou de dentro de um saco plástico a página que, segundo ele, havia arrancado de um livro na Biblioteca da Unb, (parecia de um dicionário) na qual não se podia ver o nome do autor e foi lendo para seu interlocutor:
"ADVOGADO: - Uma consciência que se aluga (anônimo). Um homem que toma os juros da viúva e o capital do órfão (Pellisson). Por que hei de gastar cem francos com um advogado, se com setenta centésimos posso comprar um cachimbo de gesso? (Courteline). Enquanto um rábula, de ombros encurvados e óculos no nariz folheia um autor, à luz do candeeiro, procurando autoridade que lhe valha para sustentar o seu argumento, outro rábula, seu adversário, encurvado, de óculos no nariz, compulsa o mesmo tratado, em busca de doutrina oposta; e sempre a encontra (Guerrazzi). Entretanto eu me dedicava ao estudo respeitado, belo, honesto que abre caminho para o foro e a advocacia; empenhava-me em atingir excelência, isto é em me tornar mais hábil em fingir, em trapacear, que nisto consiste a excelência e o louvor dessa arte (Santo Agostinho). Um advogado pago adiantado, acredita mais na justiça da causa que defende (Pascal). Ao consultar um jurista não mostreis demasiada agressividade; acima de tudo, não digais: lutarei até o último centavo! É absolutamente inútil. A sorte de vosso último centavo já está decidida (Le Berquier). Se a metade dos advogados defende a viúva e o órfão, é que a outra metade os ataca (Karr). É indispensável falar ao nosso advogado francamente, com a máxima clareza. A ele compete embrulhar as coisas (Manzoni) O difícil não é lutar com o adversário; é debater-nos com o nosso próprio cliente (P). O advogado é um cavalheiro que livra os teus bens dos teus inimigos e os toma para si (Lord Brougham). Mercador de frases, fabricante de paradoxos (Madame de Girardin)". Quando ia perguntar-lhe o que uma coisa tinha-a-ver com a outra, ele já havia se retirado...
domingo, 22 de janeiro de 2017
Todos somos órfãos - O fragmento de um texto do alemão Jean-Paul Richter (1763-1825)
Neste domingo nublado, avistei o mendigo K. (lá pelas 9:00 horas) que estava diante da porta de uma biblioteca com duas pastas embaixo do braço. Resmungava porque havia lido o bilhete grudado na vidraça dizendo que não funcionaria hoje. Mas hoje é domingo! Lembrei-lhe. Ele soltou um palavrão, remexeu numa das pastas e me sugeriu: Se você tem em casa todos os volumes da Comédia Humana, de Balzac, não deixe de dar uma olhada na nota da página 163, volume V., onde ele menciona parte do texto de um escritor alemão Jean-Paul Richter (1763-1825). É o fragmento de um texto intitulado Sonho e que é mais ou menos assim: "O autor sonha estar num cemitério e vê os mortos saírem de seus túmulos e perguntarem ao Cristo: Não há Deus? E ele responde: Não há. Depois do que as sombras se põem a tremer e desaparecem. Aparecem, em seguida, as crianças mortas, que vêm perguntar ao Cristo: Jesus, não temos pai? E ele responde, desfeito em lágrimas: Todos somos órfãos".
Concluiu a frase e agregou: coisa de alemães! Explodiu numa gargalhada...
Logo em seguida, já do outro lado da rua, gritou-me: "Ei, Bazzo, e por falar em cemitério, eu que já tenho mais de meio século, plagiando a John Keats, já sinto as margaridas crescendo sobre meu corpo". E explodiu em outra gargalhada...
sábado, 21 de janeiro de 2017
Do estupro e do narguilé...
Na semana passada uma menina de 11 anos foi estuprada aqui nos arredores de Brasília por 5 "meninos", sendo um deles maior de vinte anos. Segundo a policia, a isca que atraiu a menina para a casa desses garotos foi um narguilé. Aquele aparelho de vidro com um tubo e um bocal onde um bando de idiotas (de todos os sexos) se reune para meter a boca ali e chupar. A fumaça pode ter aromas diversos e causar efeitos também diversos, dependendo do país onde está sendo usado e do perfil dos chupadores. Parece que foi engendrado na Persia, depois passou para a India, China, mundo árabe e etc, até ser trazido para o Ocidente por uns porraloucas e, finalmente, cair aqui nos nossos botecos.
A cidade entrou em um clima pavoroso. Os judiciários, as universidades, as igrejas, as donas de casa, os extra-terrestres soltos por aí convocaram reuniões de emergência para discutir o assunto. Na platéia e na mesa dos conferencistas, praticamente só mulheres e em todas as pautas sempre a mesma tese: "todo homem é um estuprador em potencial!"
E, o mais curioso, é que os homens, (com medo da mãe) aceitam essa infâmia calados, de cabeça baixa e com as mãos nos bolsos para terem certeza de que o instrumento de seus crimes está bem seguro... Isto é, bem mole. Ora! Isso é uma idiotice! Dizer que todo homem é um estuprador em potencial é uma balela sórdida propagandeada por pensadoras medíocres e medianas. Não! Nem todo homem é um estuprador em potencial! Assim como nem toda mulher é uma "venus decaída", "uma cortesã em potencial", "carne para marinheiro"! Ou é?
E depois, é evidente que nessas discussões, nesses simpósios, palestras, conferências, cursos, treinamentos, ou seja lá o que for, é necessária e impreterível a presença masculina. A presença inclusive dos estupradores (algemados se isto provocar em alguém algum misterioso prazer) e de suas mães, para que falem de seus desejos e de seus anseios e de seus crimes. Para que revelem as origens de sua 'repressão sexual' e a procedência de suas taras, de suas fantasias e de seu desespero. Ficar ali só entre mulheres se esfregando e repetindo as mesmas hipóteses, as mesmas lengalengas e fobias, as mesmas ideologias e as mesmas cretinices, não apenas sobre os homens mais inclusive sobre suas próprias mucosas, não conduzirá ninguém a lugar nenhum e nem nos proporcionará uma compreensão maior sobre esse transtorno que, desde Caim, Eva e Lilith, é cheio de nebulosidades...
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
É preciso uivar com os lobos... Quem se assemelha se emparelha...
Você que está fazendo uma análise pessimista do país fundamentando todos seus argumentos nas recentes rebeliões dos presídios, relaxe, seja mais leve, mude um pouco o enfoque. Agora.., cuidado! Não salte bruscamente dos presídios para as escolas ou para os hospitais porque sua angústia haverá de aumentar...
Pense... Vamos ver... Quê outro setor da vida cotidiana merece uma análise?
Pense... Vamos ver... Quê outro setor da vida cotidiana merece uma análise?
Pense nos mares! Nos coqueirais, nas noites quase encantadas quando a lua vem se refletir no copo de licor que repousa a seu lado junto das ondas... Simule estar fazendo uma reserva em algum hotel de beira-mar para passar uns dias de relax...
Encontrarás quase tudo contaminado. Esgotos e rios de merda desembocam em praticamente todas as nossas praias. Em todos os nossos mares... De ponta a ponta. Não acreditas? Faça um teste. O gerente, claro, te dirá que nos cem metros em frente ao seu hotel a água do mar é cristalina, (que neste momento, inclusive, está cheia de turistas argentinos), mas que a partir dali, aí sim, há merda sólida e merda líquida transitando por todos os lados, dependendo das correntes. E ele fala com tamanha convicção como se houvesse uma fronteira real entre os cem e os cento e um metros. Como se os dejetos e os excrementos chegassem nessa fronteira e dessem a volta porque descobrem que ali é "propriedade" de um hotel 4 estrelas. Impressionante. Depois você lhe pergunta se os surtos virais, as diarréias, os vômitos, as dermatites, se tudo isto está controlado e ele te dirá com a mesma convicção que tudo isso é coisa do passado. Então você liga para os postos de saúde da região (quando existem) e uma enfermeirazinha quase analfabeta te dirá que só no dia de hoje já são setenta casos... Que há relatos de pessoas que saíram do mar com infecções oculares graves e até com pedaços de merda grudados nas orelhas e etc. Será que ainda temos em nossos DNAS algumas nostalgias coprófagas???
Encontrarás quase tudo contaminado. Esgotos e rios de merda desembocam em praticamente todas as nossas praias. Em todos os nossos mares... De ponta a ponta. Não acreditas? Faça um teste. O gerente, claro, te dirá que nos cem metros em frente ao seu hotel a água do mar é cristalina, (que neste momento, inclusive, está cheia de turistas argentinos), mas que a partir dali, aí sim, há merda sólida e merda líquida transitando por todos os lados, dependendo das correntes. E ele fala com tamanha convicção como se houvesse uma fronteira real entre os cem e os cento e um metros. Como se os dejetos e os excrementos chegassem nessa fronteira e dessem a volta porque descobrem que ali é "propriedade" de um hotel 4 estrelas. Impressionante. Depois você lhe pergunta se os surtos virais, as diarréias, os vômitos, as dermatites, se tudo isto está controlado e ele te dirá com a mesma convicção que tudo isso é coisa do passado. Então você liga para os postos de saúde da região (quando existem) e uma enfermeirazinha quase analfabeta te dirá que só no dia de hoje já são setenta casos... Que há relatos de pessoas que saíram do mar com infecções oculares graves e até com pedaços de merda grudados nas orelhas e etc. Será que ainda temos em nossos DNAS algumas nostalgias coprófagas???
Enfim, o que quero lhe dizer, é que as rebeliões nos presídios devem ser interpretadas também como um termômetro para avaliar todos os outros assuntos nacionais e para ter consciência de que o medievalismo entre nós é sistêmico... E depois, por que preocupar-se apenas com os motoristas de caminhões e de ônibus que estariam dirigindo dopados? E os pilotos?
E quem me confidenciou estas inquietações foi o mendigo K. que pretendia passar uns dias numa praia idílica com sua amante. Ao retirar-se, preveniu-me: É preciso uivar com os lobos! Quem se assemelha se emparelha...
No Libération de hoje...
Trump, l’Amérique sans filet
La fête pour les uns, un cauchemar pour les autres. Jamais, dans l’histoire moderne des Etats-Unis, l’investiture d’un nouveau président n’avait à ce point divisé les Américains. Ce vendredi vers midi, Donald J. Trump deviendra officiellement le 45e président de la première puissance mondiale, succédant à Barack Obama. Dans la matinée, les deux hommes doivent d’abord se retrouver à la Maison Blanche avant de prendre la route du Capitole en compagnie de leurs épouses.
C'est là, sur les marches de la façade ouest du Congrès, face au célèbre Mall, que le vice-président Mike Pence puis Donald Trump prêteront serment sur la Bible. Le président sera investi par John Robert, le chef de la Cour suprême, qui lui fera répéter le serment débutant par ces mots : « I, Donald Trump, do solemnly swear.» «Moi, Donald Trump, je jure solennellement de remplir fidèlement les fonctions de président des États-Unis, et, dans toute la mesure de mes moyens, de sauvegarder, protéger et défendre la Constitution des États-Unis. Que Dieu me vienne en aide.»
Une fois investi, Donald Trump prononcera son adresse inaugurale à la nation, un discours pour l’histoire souvent mis à profit par les présidents pour marquer les esprits. Lors de sa seconde prestation de serment, au lendemain d’une guerre civile dévastatrice pour les Etats-Unis, Abraham Lincoln avait lancé un appel vibrant à la réconciliation : « Sans malice pour personne, pleins de charité pour tous […], travaillons à finir notre ouvrage, à cicatriser les blessures de la nation. N’oublions pas ceux qui ont affronté les batailles, et leurs veuves, et leurs orphelins. » Dans un pays ravagé par la Grande Dépression, Franklin Roosevelt avait prononcé cette phrase souvent reprise, depuis, par les candidats en campagne : « La seule chose dont nous devons avoir peur, c’est la peur elle-même .» Quant à John F. Kennedy, il avait eu cette formule : « Ne demandez pas ce que votre pays peut faire pour vous, demandez ce que vous pouvez faire pour votre pays. »D’après des sources au sein de son équipe, Trump a écrit seul son discours inaugural. Une intervention qu’il aurait souhaitée «courte et percutante».
Homard du Maine
Dès la fin de la cérémonie, le futur ex-président Obama devrait rejoindre la Maison Blanche, qu’il quittera définitivement vers 14h30 (20h30 en France) à bord d’un hélicoptère. Le couple Obama s’envolera ensuite pour des vacances à Palm Springs (Californie). Pendant ce temps, Donald et Melania Trump participeront au traditionnel déjeuner d’investiture au Congrès. Rien de très original au menu : homard du Maine et crevettes du golfe du Mexique à la sauce safran, bœuf de Virginie dans un jus chocolaté aux baies et soufflé au chocolat accompagné de glace vanille. Outre les familles Trump et Pence, les leaders du Congrès, les juges de la Cour suprême et les membres du futur cabinet devraient participer au déjeuner. Le repas terminé, les couples Trump et Pence retourneront à la Maison Blanche lors d'une parade présidentielle le long de Pennsylvania Avenue, dont une partie s’effectue habituellement à pied.
Si le déroulé de la cérémonie est connu, l’ambiance demeure toutefois incertaine. Outre la pluie annoncée, qui pourrait décourager les moins motivés, certains manifestants anti-Trump ont promis de tout faire pour perturber l’investiture. Ils veulent notamment tenter de paralyser les barrages de sécurité mis en place tout autour du Capitole, et par lesquels doivent absolument passer tous les détenteurs d’un ticket permettant d’accéder au site de la cérémonie. Militant antifasciste, Gregory Johnson refuse de reconnaître la victoire de Trump. Mercredi soir, ce quinquagénaire est venu manifester sur le McPherson Square, à quelques centaines de mètres de la Maison Blanche. Il appelle à une révolution pour renverser le «régime» Trump, «totalement illégitime» et composé de «suprémacistes blancs, de xénophobes, de nationalistes et de misogynes». Il rêve du grand soir : « Pour empêcher Trump et Pence d’exercer le pouvoir, nous avons besoin de millions de personnes dans les rues, comme sur la place Tahrir en Egypte. » Ce jour-là, ils ne sont pourtant qu’une petite centaine, encadrés par les motos et les 4 × 4 de la police de Washington.
Pub sur Facebook
A en croire les habitués, un calme inhabituel règne d’ailleurs dans la capitale américaine depuis quelques jours. « Je m’attendais à avoir beaucoup de boulot cette semaine, mais franchement il n’y a personne, se lamente George, un chauffeur de taxi qui vit depuis quarante ans dans le Maryland voisin et a vu passer tous les présidents depuis Reagan. Ça n’a rien à voir avec l’atmosphère de l’investiture d’Obama, où on sentait déjà quelque chose d’électrique trois ou quatre jours avant ». En janvier 2009, une foule record de 2 millions de personnes avait envahi le Mall pour la prestation de serment d’Obama. Cette année, en dépit de la passion suscitée par Donald Trump au cours de sa campagne, nul ne sait combien de ses partisans - dont beaucoup vivent loin de la capitale fédérale - feront le déplacement. Les autorités disent attendre entre 800 000 et 900 000 personnes ce vendredi, une estimation prudente et comparable au million venu assister à la seconde prestation de serment d’Obama en 2013.
Visiblement inquiet d’une faible affluence, Trump a tenté ces derniers jours de rameuter ses troupes, achetant notamment des espaces publicitaires sur Facebook. « Cette inauguration est notre moment dans l’histoire américaine, et je veux que soyez avec moi le jour de l’inauguration. Cela va être tellement excitant », promet le milliardaire dans une vidéo publiée sur le réseau social. Fidèle à sa réputation de fabulateur, Donald Trump a prédit une «affluence incroyable, peut-être record». Un scénario peu probable pour un président qui entre à la Maison Blanche avec une cote de popularité historiquement basse : 40% d’opinions favorables contre 79% pour Obama début 2009.
Dans le magasin de souvenirs de 15th Street, en face de la Maison Blanche, la plupart des clients sont tout de même des pro-Trump, venus acheter tasses, tee-shirts, magnets à l’effigie du milliardaire, ou des casquettes «Make America Great Again». A l’entrée de la boutique, Jill, venue de Caroline du Nord pour la cérémonie, pouffe de rire en écoutant le «Trump pen», un stylo parlant qui débite les phrases chocs du milliardaire : «Mexico paiera pour le mur», «Nos politiciens sont stupides», «Je serai le meilleur président pour l’emploi jamais créé par Dieu». Elle repart finalement avec une écharpe Trump. Qu’attend-t-elle de lui ? «Je veux d’abord qu’il nettoie Washington de toute cette corruption. Le peuple américain mérite mieux.» Elle aimerait aussi que Hillary Clinton soit jetée en prison pour la gestion de ses mails. La rhétorique belliqueuse de la campagne électorale, à laquelle Jill a participé côté républicain, ne s’est pas dissipée. De chaque côté, le dédain pour le camp adverse perdure. Pour Jill, les manifestants anti-Trump présents à Washington ne sont ainsi que des mauvais perdants déterminés à gâcher la fête. «S’ils voulaient que Hillary gagne, ils n’avaient qu’à se bouger les fesses et travailler des milliers d’heures, comme je l’ai fait pour élire Donald Trump. Au lieu de ça, ils veulent venir ici, harceler les gens et être violents. Tout ça parce qu’ils n’ont pas bougé leurs fesses de fainéants», lance-t-elle, remontée.
Samedi, plus de 200 000 manifestants devraient déferler sur Washington. Partie d’une idée lancée sur Facebook par une retraitée hawaïenne, la Women’s March pourrait être une des mobilisations les plus importantes de l’histoire américaine. Outre les droits des femmes, de nombreuses causes seront représentées dans le cortège : défense des minorités, des musulmans et des immigrés illégaux, lutte contre les inégalités, protection de l’environnement. Au total, une trentaine d’associations ont reçu des autorisations pour organiser des rassemblements et des marches avant, pendant et après la prestation de serment de Donald Trump. Pour éviter de potentiels affrontements entre pro et anti-Trump, quelque 28 000 membres des forces de sécurité sont mobilisés et des kilomètres de barrières métalliques ont été mises en place dans le centre de Washington.
Mêmes méthodes
Sa victoire acquise, certains espéraient que le candidat Trump laisserait place à un président assagi. Mais après avoir mené une campagne inclassable, mélange guère subtil de nationalisme, de promesse d’autorité et de politique-spectacle, le milliardaire n’est pas rentré dans le rang. Si la période de transition offre un aperçu de sa présidence, elle n’est pas de nature à rassurer ses opposants.
En deux mois et demi, Trump a conservé les mêmes méthodes : usage intensif de Twitter pour attaquer ses détracteurs, déclarations mensongères, hostilité affichée envers la presse, guerre ouverte avec les services de renseignement. Il a stupéfait la communauté internationale par ses déclarations approximatives, voire contradictoires, sur des dossiers diplomatiques sensibles (conflit israélo-palestinien, sanctions contre la Russie, avenir de l’Union européenne). Quant à son futur cabinet, Donald Trump l’a bâti à son image. Blanc, masculin, riche, vieux. Et très inexpérimenté. Le grand saut dans l’inconnu débute ce vendredi.
Frédéric Autran envoyé spécial à Washington
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
DAVOS e a minha "evolução intelectual"...
"Laissez aller votre pensée comme cet insecte
qu'on láche en l'air avec un fil à la patte..."
Sócrates
Em 1971, quando começaram as reuniões dos milionários em Davos, (Conhecido por Fórum Econômico Mundial) eu lia sistematicamente a Mao Tsé Tung; dez ou doze anos depois, quando via aqueles senhores chegando no aeroporto de Genebra com suas respectivas balzaquianas, abria logo um dos volumes da obra completa de Bakunin. E agora quarenta e tantos anos do início daquele circo de cinismos não tenho outra coisa a fazer além de passar as madrugadas olhando da janela a turba em desespero, revisando o CID 10 e tentando entender como foi que a picaretagem dominou o mundo com tanta facilidade, sem ter que enfrentar praticamente nenhuma resistência...
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Eis aí o dilúvio...
"Talvez tenhamos razão de censurar a Deus por ter feito os homens maus, todavia devemos louvá-lo sem reserva por haver posto como contrapeso à sua maldade, a sua extraordinária bestialidade..."
D.S.
Quem assistiu ao jornal da manhã de hoje (segunda-feira), precisou de muita fé, muitos bagos e muita coragem para sair de casa. O corolário de estupidez, de misérias e de desgraças parece ter atingido o seu clímax. A terra estrebucha, e os seres, essa raça imoral, se trucida entre si, por nada. Oxalá os Adventistas do Sétimo, os do Nono e também os do trigésimo dia estejam certos ao afirmarem que "estamos na ante-sala de um novo dilúvio".
O Senhor que saia de um mercado de bebidas com suas caixas de champagne francesa dizia ao escravo que empurrava seu carrinho: Como vamos ter racionamento de água é necessário estar prevenidos! E o escravo ouvia e ria, pronto para lamber-lhe as botas e até mesmo para arrumar-lhe o nó da gravata.
Tudo bem..., não é possível interromper bruscamente esse circo, mas é importante, pelo menos, ficar ligado e lembrar aquilo que diziam duas das vacas sagradas da cultura ocidental: Aristoteles e Pascal: "Um movimento de nosso dedo - dizia o primeiro - se reflete do outro lado do mundo" e "Uma pedra lançada ao mar - dizia Pascal - faz subir o nível de todos os oceanos..." Citado por D.S., páginas 47 e 48 de uma de suas obras.
domingo, 15 de janeiro de 2017
A fé e o monólogo "com as pedras"... (ou: a surdez crônica dos deuses!)
Neste terceiro domingo de janeiro encontrei o mendigo K.
encostado na pilastra que sustenta os sinos da catedral. Observava atentamente e com sarcasmo aos beatos que desciam cabisbaixos pela rampa que conduz ao interior do templo. Os homens com seus casacos cheirando a ácaros e as mulheres com seus véus transparentes disfarçando cabeleiras de todas as cores. De mãos dadas ou lado a lado, se introduziam naquele labirinto com uma coreografia e uma expressão de culpa como quem está indo para um patíbulo.
Cumprimentou-me ironicamente com a palavra namastê acompanhada do gesto hipócrita dos indianos e, no meio de gargalhadas nada contidas contou-me esta anedota:
Dizem que recentemente uma jornalista européia foi à Jerusalém entrevistar um judeu chamado Isaac, de 86 anos que há mais de 60 vai diariamente ao muro das lamentações, na parte oeste da antiga cidade, fazer suas orações:
encostado na pilastra que sustenta os sinos da catedral. Observava atentamente e com sarcasmo aos beatos que desciam cabisbaixos pela rampa que conduz ao interior do templo. Os homens com seus casacos cheirando a ácaros e as mulheres com seus véus transparentes disfarçando cabeleiras de todas as cores. De mãos dadas ou lado a lado, se introduziam naquele labirinto com uma coreografia e uma expressão de culpa como quem está indo para um patíbulo.
Cumprimentou-me ironicamente com a palavra namastê acompanhada do gesto hipócrita dos indianos e, no meio de gargalhadas nada contidas contou-me esta anedota:
Dizem que recentemente uma jornalista européia foi à Jerusalém entrevistar um judeu chamado Isaac, de 86 anos que há mais de 60 vai diariamente ao muro das lamentações, na parte oeste da antiga cidade, fazer suas orações:
- REPÓRTER - Sr Isaac, o senhor vem com seu chapéu e com os bolsos de seu paletó escuro cheios de gergelim fazer suas orações aqui neste lugar sagrado há mais de 60 anos. O que é que o senhor vem pedindo durante todos esses anos em suas orações?
-SR ISAAC - Minha filha, eu sempre peço que a humanidade tenha paz, muita paz! Que a "guerra santa" e que a pobreza tenham fim; que a questão da Palestina se resolva e que o meu povo e os palestinos vivam fraternalmente; que a loucura do mundo diminua; que o terrorismo não se espalhe... enfim, que Deus todo poderoso tenha compaixão dos seres humanos, das vacas, dos porcos, dos faisões, dos peixes e de tudo o que têm vida sobre a terra...
-REPÓRTER - E depois de todos esses anos, a que conclusão o senhor chegou?
- SR ISAAC - De que os deuses são surdos ou de que passei todo esse tempo falando com as pedras...
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
SEXTA-FEIRA 13.
Hoje, sexta-feira 13, a cidade está bem mais vazia do que nos outros dias já que grande parte dos supersticiosos se trancou em casa... E eles não são poucos! Fecharam as cortinas, acenderam um incenso e estão lá fazendo figa com um ramo de arruda sobre as orelhas e com uma ou duas velas fumegando atrás das portas... Como se vê, o tempo e os séculos não adiantaram muito neste particular, já que os protocolos vigentes são ainda os de nossas tataravós. Que as questões sexuais e as questões das superstições parecem congeladas e indiferentes a marcha do mundo... Tanto é que um deputado paulista está propondo uma lei que proíbe a masturbação e que aqui, na capital da república já são 300 as seitas. Acreditem: a cada esquina e até na garagem dos ministérios é comum se encontrar macumbas recém ativadas; novenas pregadas nos elevadores; a venda de rosários "recém chegados do vaticano"; Óleo de Unção "vindo diretamente de jerusalém"; anúncios de patuás com penas de beija-flor; propagandas de Mantras que tanto podem abrir como fechar o corpo etc,.. E clientes é o que não falta...
Passando acidentalmente pela rodoviária, vi lá um homem 'sem atributos', vestido de branco, com um chapéu vermelho atravessado na cabeça e sentado sobre uma pequena mala de madeira. Foi inevitável a lembrança desta frase: "O homem sentado sobre sua maleta, seja numa rodoviária ou na beira de uma estrada, parece um expulso do mundo..."
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
A velhinha beata e Norberto Bobbio...
"No es necesaria la parrilla, el infierno son los otros"
J.P.Sartre
(A puerta cerrada-1944)
Hoje reencontrei a velhinha com quem cruzo todas as semanas no mercado da esquina e com quem fico discutindo o preço dos legumes, a validade das carnes, a função terapêutica do açafrão, a falácia do sal do Himalaia, o sexo dos anjos e etc. E ela, invariavelmente, esta sempre com um rosário enrolado no pulso direito esbanjando otimismo, fé, esperança e alienação. Ela nunca me falou a respeito, mas percebo que quer sutilmente imitar a Madre Tereza de Calcutá. Se alguém deixa cair uma cebola, por exemplo, ela corre para ampará-la. Se um estrangeiro não sabe como se pronuncia abacate ela corre lá e faz uma tradução simultânea. Se alguém esqueceu a carteira em casa ela empresta seu cartão da CEF e, apesar de estar com o corpo aos pedaços, esbanja saúde e disposição. Hoje foi diferente. Estava abatida e pessimista. Enquanto examinava a data de vencimento de uma caixa de ovos caipiras foi me dizendo: Em São Paulo os mosquitos, na Bahia uma doença misteriosa, em Minas Gerais a febre amarela, nos presídios o inferno, brasileiros sendo barrados e deportados do aeroporto do México... O calor está de matar e os reservatórios de água estão vazios... Que Karma fdp!
E mais: para meu espanto, parafraseando a Norberto Bobbio me alertou: "Com tantas desgraças juntas, nosso país acabará como um senhor de meia-idade de quem uma amante velha arranca os cabelos negros e uma amante jovem, os cabelos brancos, deixando-o completamente calvo no final..."
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
E você que achava que a imbecilidade era uma psicopatologia de exclusividade nacional...
Paulo Coelho foi incluído na lista dos 100
maiores pensadores da atualidade, elaborada pela Fundação Albert
Einstein, junto com outros “visionários” dos tempos modernos como a
escritora canadense Alice Munro, o político israelense Shimon Peres,
morto em setembro, o arquiteto Frank Gehry, a cantora Barbra Streisand, a
artista Marina Abramovic, e pelo menos dez ganhadores do prêmio Nobel.
Cada um dos homenageados pela instituição deverá escrever um relato sobre o mundo em que vivemos e seus problemas, que será publicado em uma coletânea em homenagem aos 100 anos da Teoria da Relatividade. A obra, batizada “Genius: 100 Visions of the Future”, vai ser a primeira impressa em 3D no mundo, e terá o formato do busto de Einstein.
Com sede em Jerusalém, a Fundação Albert Einstein é subordinada à Universidade Hebraica, onde se encontra o arquivo pessoal do físico alemão, com mais de 55 mil itens, conforme uma determinação feita por ele em seu testamento. (Por Anderson Antunes)
Cada um dos homenageados pela instituição deverá escrever um relato sobre o mundo em que vivemos e seus problemas, que será publicado em uma coletânea em homenagem aos 100 anos da Teoria da Relatividade. A obra, batizada “Genius: 100 Visions of the Future”, vai ser a primeira impressa em 3D no mundo, e terá o formato do busto de Einstein.
Com sede em Jerusalém, a Fundação Albert Einstein é subordinada à Universidade Hebraica, onde se encontra o arquivo pessoal do físico alemão, com mais de 55 mil itens, conforme uma determinação feita por ele em seu testamento. (Por Anderson Antunes)
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Existência líquida...
[... Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer...]
(Amor líquido, página 17)
http://www.corriere.it/cultura/17_gennaio_09/morto-zygmunt-bauman-b5f9d0aa-d689-11e6-b48b-df5f96e3114a.shtml
domingo, 8 de janeiro de 2017
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
NO VENTRE DA BESTA - A vez de Roraima...
"A melodia da vara de nogueira ao castigar um colegial não é propriamente a experiência necessária para ministrar informações à sua inteligência - e qualquer maldito idiota sabe disso. O que ele aprende desse modo, é o mesmo que um cão aprenderia: obedecer."
Jack Henry Abbot
(No ventre da besta)
Encontrei o mendigo K. profundamente chocado com o novo massacre de presos lá numa penitenciária de Roraima. Disse chocado, mas na verdade ele estava indignado, furioso, indignado. Colocou-me o braço direito no ombro e foi dizendo:
É evidente que essas matanças nos presídios têm também uma mensagem metafísica endereçada aos carcereiros e a nós que estamos temporariamente aqui fora. Com essas chacinas, os presos (legalmente presos ou ilegalmente presos) podem estar se burlando de pelo menos três dos valores mais apreciados pela burguesia: a liberdade, a estética corporal e a vida. Essas decapitações com mutilação dos corpos entre eles, no fundo, podem ser para nos dizer: "nós estamos cagando para o vosso estilo de liberdade, para com vossa obsessão plástica e para com vosso sonho de longevidade!"
"Nós nos matamos e nos desfiguramos entre nós mesmos já que vocês não tiveram coragem para tanto ou evitaram sujar os punhos de vossas camisas! Nós cagamos para os cadeados, para as grades e para os muros das cadeias porque nossa liberdade não é da natureza vil da vossa!
Não lemos Max Weber mas temos plena consciência que a violência e que o crime que o Estado comete contra nós é mil vezes mais desumano e abjeto que os que cada um de nós eventualmente tenha cometido. Nossos crimes foram passionais! Absolutamente passionais! Enquanto que os do Estado são frios, planejados, infames e meticulosos! Se as condições miseráveis e terríveis do Sistema Carcerário Brasileiro são uma estratégia para enlouquecer-nos e para eliminar-nos, (uma espécie de Sibéria tropical) tudo bem, mas um dia, parafraseando aquela lúcida prostituta parisiense, os senhores haverão de saber "quem nós realmente fodemos e por quê".
Ainda sobre Manaus...
"Paris é um bom lugar para viver, mas um mau lugar para morrer. É onde os mendigos aquecem seus traseiros fazendo fogueiras com os ossos dos mortos..."
Rabelais, em Pantagruel (1532)
E o massacre na penitenciária de Manaus continua preponderando
no noticiário. Não que não estejam acontecendo outros semelhantes por aí, mas é que este tomou uma dimensão maior, talvez por ter acontecido geograficamente ao lado da idílica selva amazônica e às margens do maior, idílico e poluído
rio do mundo. O blábláblá das autoridades não tem fim...
"A falha foi de Y! A responsabilidade é da E, que devia ter comunicado ao C, que poderia ter acionado a F, que por sua vez se tivesse sido prudente teria tomado a medida H", etecetera... etecetera... etecetera. Mas são coisas que acontecem... E todos, inclusive o Papa argentino, estão rezando pelas famílias dos decapitados...
As imagens da penitenciária onde foram assassinados os 56 internos falam por si mesmas (impossível não lembrar do antigo hospício de Barbacena-MG) mas, se os jornalistas fizessem um trottoir pela periferia de Manaus (e por praticamente todas as periferias das grandes cidades brasileiras) compreenderiam logo que o inferno das prisões é quase mais light que o inferno das ruas, e que estar preso é quase melhor do que estar solto. Sempre que explode uma desgraça dessas no país, até os cegos percebem que as autoridades, os doutores e os DAS6, dentro de seus terninhos azuis ficam, com suas mãozinhas delicadas turvando as águas para dar impressão de profundidade...
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
Apologia do traseiro... congelamento do dianteiro...
Na semana passada as cachoeiras de Goiás, curiosamente localizadas na (Chapada dos Veadeiros) receberam a visita de um grupo de forasteiros ilustres que voluntariamente resolveram mostrar o rabo para a pátria. Tudo bem! - me dizia o mendigo K., com um pedaço de jornal nas mãos - , mas por quê só o traseiro? Isto que parece ser uma liberalidade sexual não pode estar revelando exatamente o contrário: uma repressão sexual? Por quê, nos dias de hoje todo mundo esta insistentemente querendo mostrar e fazer apologia da bunda? Me perguntava. Estamos na Era da bunda? Da bunda líquida, como diria Baumann? Você comeria qual: a sexta da esquerda para a direita ou a segunda da direita para a esquerda? Quê teriam pensado os macacos, os veados e os tatus que habitam aquela chapada e aquelas cachoeiras que quase vão poeticamente desembocar em frente à casa de Cora Coralina? Bah! Se só sobrou a bunda para mostrar é provável que estejamos em processo, não apenas de ruína, mas de extinção (É hora de voltar a ler não apenas o Marquês de Sade, mas também Wilhelm Reich)
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
Do metrô de São Paulo à penitenciária de Manaus...
O país está visivelmente excitado com pelo menos três surtos de violência ocorridos nos últimos dias: I. O do metrô de SP onde dois brutamontes assassinaram um vendedor a coices; II. O de Campinas, onde um homem desvairado fuzilou sua família inteira e III. O de Manaus, onde uma "rebelião" de penitenciária resultou no assassinato de uns 60 internos. Todos crimes miseráveis, escabrosos e obscenos, mas que já fazem parte de nosso cotidiano.
No auge desses acontecimentos tenho por costume semi e extra profissional ouvir atentamente os comentários, as justificativas, as análises, as interpretações da polícia, das confrarias, dos padres, dos políticos, dos analfabetos da classe "emergente"e de outros personagens que ilustram o dia-a-dia desse circo monstruoso e que são convocados para explicar as razões da barbárie. Bah! Tudo é de uma singeleza e de uma superficialidade de causar desânimo! As interpretações são vergonhosamente domésticas! Cada corporação esforça-se demagogicamente para capitalizar o horror para suas fileiras e para seus propósitos (financeiros e ideológicos). A mídia vai entrevistar gays, travestis, feministas e membros GLS para explicar o ocorrido no metrô de São Paulo; Já para explicar a chacina de Campinas convocam psiquiatras, psicanalistas e antropólogos, quase todos militantes da TFP e para o massacre de Manaus quem faz a análise final é o ministério da Justiça, o governador do estado ou os carcereiros... E claro, os papos são os mais viciados possíveis. O sujeito abre a boca e o discurso sai automático! Vão de Foucault à Mussolini com o mesmo descaro. Se são de direita acusam a esquerda, se são de esquerda acusa a direita se são alienados políticos acusam a Satanás... Falam na antiga falta de escolas, na balela da desintegração familiar, nas questões de gênero, no fim dos tempos, na maldição do dinheiro, na falta de "empoderamento" da mulher, no egoísmo dos mais ricos, nos efeitos da cachaça, do crack, da macumba, da pornografia... comprovando que ainda estamos cercados tanto por imbecis superficiais como por imbecis profundos...
Atribuem a responsabilidade ao PCC como se ele fosse uma universidade, uma fundação, uma seita ou um ministério. Se abraçam, choram ao lado de centenas de cadáveres. Aproveitam para reivindicar mais verbas para policiamento, para ONGS, para edificar mais penitenciárias, para contratar mais especialistas, para mandar alguém fazer uma pós em Washington... O filme é quase cômico e quase de horror e por mais que os otimistas bobocas quando conseguem ver além do umbigo, pensam identificar "luzes no fim do túnel"e se conformam com a mediocridade vigente, é impossível negar que há, no geral, uma resistência doentia em abandonar as desculpas e os horrores da Idade Média. E é quase inacreditável que ninguém se atreva a entrevistar os assassinos. Sim, eles que, com certeza, teriam muito mais a nos dizer sobre a perpetuação dessa desgraceira do que esses intelectualzinhos e executivozinhos de plantão.
Enfim, como nos lembra Karl Kraus: "O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua platéia para que esta imagine ser tão esperta quanto ele..."
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
E o "ANO NOVO" já começa bem... (Viva a Idade Média!)
"Hoje, como outrora, os espíritos necessitam de uma verdade simples, de uma resposta que os livre de suas interrogações, de um evangelho, um túmulo..." E.M.Cioran
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