segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Manhã de carnaval...






Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa


Até o sol amanheceu meio sonolento, meio de ressaca e meio envergonhado nesta segunda-feira de carnaval. Os pedreiros não apareceram na construção ao lado... 
Como todos os anos, a simulação de felicidade, apesar de um ou outro assassinato, tomou conta do país (em ruínas), de um extremo à outro, sempre com a gang da publicidade e com os abutres da propaganda no rabo dos foliões... televisionando, noticiando, incentivando, simulando e até interpretando psicanaliticamente o rebolado, os pulos, as depilações, os buracos, as cores das fantasias e as banhas daquele arremedo de circo... e, claro, sempre com aquela voz melosa de fundo se esforçando para fazer uma espécie de "antropologia" e até de "critica cultural" daquela barbárie... Sempre e sempre com o objetivo de engabelar as massas que, umas excitadas, outras sonolentas, com uma panela de pipoca e meio litro de cachaça sobre as virilhas, assistem tudo de casa, sem perceber os esgotos que transbordam na avenida e sem identificar a corja da propaganda que é quem define o foco das câmeras...   
Até mais do que as frequentes marchas religiosas, esta festança profana reúne uma trupe inacreditável de cabotinos. Claro que no meio daquela frenética multidão há também os ingênuos, os simplórios, umas pobres donas de casa, muitos desgraçados que vão ali buscar algum tipo de pó e de ilusão, muitos babacas úteis e outros tantos bois de piranha, mas na essência e no geral trata-se de um cipoal de marreteiros e de vivaldinos, todos empenhados em turvar as águas para dar impressão (aos outros e a si mesmos) de liberdade, sensualidade, inteligência, de alegria e até de profundidade...

4 comentários:

  1. Ezio, quem dera a muitos (e a mim!) escrever com a qualidade com que você escreve.
    ¡enhorabuena!

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  2. Sencacional!
    E porfavor, escreva mais críticas a esta pandemia de "carnaval"!

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