Como previram todos os oráculos, a cidade está transformada, não num cemitério ao lado de uma lagoa morta, como diria Fialho D'almeida, mas num palco de escaramuças, de tiroteios, golpes, furtos, facadas, arrombamentos, estupros, cinismos falsificações, seitas, surtos, bizarrices... E claro, com os hospitais, as igrejas e os estádios lotados...
Ontem roubaram um ônibus como quem rouba uma bicicleta! Houve um tiroteio nas barbas da Biblioteca Nacional, aquela que está desativada desde que foi inaugurada! Uma moça de uns trinta anos tirou a roupa na rodoviária e, de quatro, no meio da multidão desvairada, deu um show masturbatório! Ratazanas correm de um esgoto a outro nos finais de tarde com tocos de toucinho entre as presas enquanto políticos e executivos a soldo se esquivam por entre as engrenagens viciadas desta pseudo Babilônia, tentando driblar a terrível e difícil necessidade de convívio...
Há câmeras, cacetetes e coturnos para todos os lados e mesmo assim todo mundo clama por mais e mais policiais. Em breve teremos a sensação de estar vivendo no interior de um QG ou dentro das cercas do Vigésimo Oitavo Regimento... Não apenas as periferias, mas as vizinhanças e as consciências se sucateiam e se pauperizam. E, repito: Não há solução!
Já que a desolação haverá de predominar sobre todas nossas torpes idealizações... que se proliferem os jogos de azar dos cinismos sociais! Que sucumbam de vez as ideologias agonizantes! E que apodreça a república!
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