terça-feira, 27 de agosto de 2013

Que pensaria o velho Hipócrates? (se é que existiu!)

Ontem recebi uma singela cartinha da Universidade convidando-me a participar de um grupo preparatório para a aposentadoria. A sensação foi a mesma que se o crematório da cidade estivesse me convidando para, despretensiosamente, conhecer  o ambiente, os horários, a tabela de preços e o mecanismo dos fornos... E isto que eu nunca fui lá um fanático pela labuta e que nunca acreditei que o trabalho pudesse dignificar alguém. Imaginem então quando essa carta chega a um viciado nas 40 horas de servidão, a um dos que os esnobes denominam workaholic... 
Mas este não é o assunto principal das manchetes dos jornais. O que está rendendo muita discussão e muita perplexidade é a chegada dos médicos estrangeiros para atuarem no país. A rejeição a esse projeto e o comportamento dos médicos nativos e das associações que os representam tem sido além de pueril, de uma arrogância inacreditável.  Independente das intenções governamentais com a contratação dos tais forasteiros, e independente das razões técnico-mercantilistas que podem estar assustando nossos médicos, tentar inviabilizar a vinda dos "colegas", conhecendo a situação precária e miserável da saúde na grande maioria do país é, no mínimo, uma estupidez e o escancaramento de um secreto mau caratismo. Mas, é compreensível. Imaginem se ao invés de médicos estivessem chegando 4 mil astrólogos! 4 mil padres! 4 mil batedores de carteira!  4 mil advogados! 4 mil políticos! 4 mil prostitutas! É evidente que causaria um caos e uma insegurança semelhante também naquelas confrarias.
 Claro que um bom ombudsman recomendaria aos nossos doutores que se contenham, que lembrem, antes de tudo, que só na área da saúde mental, por exemplo, o país tem 23 milhões de doentes mentais catalogados e outros 23 milhões soltos por aí sem assistência ou com uma assistência pra lá de vagabunda e precária. E que 300 mil ou mais morrem por ano de doenças cárdio-vasculares. Que o país convive com dois milhões de cadáveres, todos os anos, relacionados a doenças ocupacionais. Que a obesidade já é epidêmica. Que o consumo de açúcar, de sal e de álcool fomentado por comerciantes analfabetos, tornou-se literalmente uma fábrica de estropiados e de doentes. Sem falar da malária, da hanseníase, da tuberculose, da desnutrição e de dezenas de outras doenças que ainda nem sequer estão catalogadas e que poderiam muito bem ser facilmente prevenidas e evitadas. Que lembrem que em cada casa de nossa periferia (isto, aqui ao redor do Palácio governamental, imaginem por esses cafundós afora) existem quatro ou cinco doentes crônicos ou que caminham para tal e que para terem  acesso a um médico precisam experimentar quase os horrores de um Gólgota nas filas da madrugada. Que o saneamento básico ainda não existe na grande maioria das aglomerações nacionais e que a água que se consome é inadequada e que a cólera existe por aí mais do que se pensa. Que os cozinheiros dos restaurantes onde eles comem sequer se lavam as mãos! Que os produtos agrícolas são descaradamente vendidos em qualquer mercado com quantidades de hormônios e de venenos que nenhuma saúde e que nenhum corpo tolera. Que há leishmaniose para todos os lados e que, apesar de nossas unhas bem tratadas não conseguimos sequer dar conta daquele mosquito que tem um nome até poético: Aedes Aegypti. E mais, que governantes e médicos maníacos só querem saber de construir hospitais! E que o grande barato e que o grande negócio continua sendo a compra de tomógrafos computadorizados! E que, por incrível que pareça, todo mundo, desde o mendigo da esquina até o suplente de senador quer chegar a ter um Sírio-Libanês em sua agenda e em sua vida! Ora!, que babaquice!, e que terrível mal entendido tem se encapsulado na mente dessa gente! 
Aliás, estão até dizendo por aí que, na última década, o Sírio-Libanês tem recuperado mais bandidos que todas nossas inúteis penitenciárias juntas!

5 comentários:

  1. De que adianta o Governo continuar alimentando essa política populista e assistencialista de merda, sendo que no Brasil não faltam médicos e sim condições de trabalho? De fato seria interessante recorrer a ajuda profissional gringa para calibrar a Saúde brasileira e tentar colocar "os pingos nos Is", entretanto... isso é de fato uma grande babaquice. Copiar modelos bem ajustados no Canadá e na Austrália parece uma grande piada. Falta de tudo em um hospital público, desde seringa e esparadrapo a aparelhos de Raio X. Faltam medicamentos, luvas, macas e uma infinidade de requisitos básicos. Vc acha mesmo que a vinda de quatro mil médicos de fora vai prevenir doenças ou mudar o cenário deste país?

    Sinceramente... estamos num beco sem saída. Essa medida do Ministério da Saúde mais parece prévia propaganda eleitoral. A propósito, ouvi dizer que o Alexandre Padilha é a nova aposta do PT para governar um "grande estado brasileiro".

    Pufff... assim é fácil fazer democracia, aos moldes daquela la da Venezuela, claro!. "Bolsa Tudo" aos miseráveis garante a perpetuação dos "companheiros" no Governo. Convite a médicos estrangeiros ilude quem acha que a Dilma está preocupada com a saúde instavél dos 200 milhões de FDP que não reagem nunca a esse massacre institucionalizado pelo Congresso Nacional.

    Sinceramente, o texto é bacana e a ideia tbm seria interessante, se quem tá la no poder resolvesse solucionar os problemas de forma sistêmica... afinal de contas fragmentar a questão e "trabalhar por partes" só reforça a incompetência do Estado.

    Lamentável.

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  2. Ótimo, Von Bazzo. Dei gargalhadas que me ajudaram a deglutir a grappa que minha filha trouxe de Milão. Humor pra valer. Os exageros imagéticos de seu textos, dos seus textos, é a sua riqueza. Quando você se aposentar, venha pra Salvador, abra uma tenda psicoterápica no Porto da Barra, atendendo todo mundo. Lembro 1982, México, calle Odontología, orgías, orgías. Y me vale madre. Plínio Velho de Guerra.

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    1. Comentário que anda rolando por aí.
      Vamos fazer uma conta rápida: A Dilma quer trazer 10.000 cubanos. Vai pagar R$10.000/cubano por mês, totalizando R$100.000.000,00/mês. Faltam 13 meses para a eleição, daqui até lá serão R$1.300.000.000,00 (Um BILHÃO e trezentos MILHÕES de reais), mas os 'médicos' não receberão esse dinheiro, e sim o governo cubano. Se metade dessa dinherama voltar aos cofres (caixa dois, claro!) do PT, Cuba ainda fica com uma bolada e a campanha da Dilma está paga. Acho que veremos a maior campanha presidencial da história desse país! O mensalão não é nada perto desse golpe que estão realizando. Olha o que temos: - O governo põe a culpa do caos na saúde em cima dos médicos e declara guerra aos mesmos, vetando o principal artigo do 'ato médico' e com isso ganhando a simpatia dos milhões de profissionais das outras áreas da saúde. - Gasta uma FORTUNA com propaganda do programa mais médicos na tv, jornais, sites na internet, outdoor, etc e vai usá-lo para tentar alavancar a candidatura do Padilha ao governo de São Paulo e também na campanha presidencial. - Vai ganhar o apoio de milhares de prefeitos que já começaram a demitir médicos que são pagos com o tesouro municipal e que agora serão pagos com verba federal, desonerando as prefeituras a um ano da eleição para que os prefeitos possam roubar mais e fazer caixa de campanha. - Vai ter 10.000 cabos eleitorais trabalhando de graça e em tempo integral durante um ano para angariar votos para o PT e seus aliados. - Vai ter o apoio de um exército de miseráveis que agora já não se satisfazem mais só com as bolsas e que querem mais. Nos primeiros meses vai ser 'só love', vamos ver quase a exaustão na TV um velhinho numa currutela do norte abraçando um cubano e dizendo que nunca tinha tido acesso a um médico e que agora tem um que o atende em casa e que é 'humano' demais e vai agradecer a Dilma e o Padilha.

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  3. http://www.youtube.com/watch?v=s5dNulfDsek#action=share

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  4. http://www.viomundo.com.br/denuncias/jornal-do-sbt-flagrante-no-menos-medicos.html

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