sábado, 3 de agosto de 2013

Da sobrevivência à senectude...


[Mas afinal a vida deve ser viva, isto é, verdadeira vida, ou a morte a sobrepujará sobremaneira.]
Giacomo Leopardi
(Em: Diálogo de um físico e um metafísico)


Agora que a "falência" do Eike Batista já não causa mais euforia em ninguém, que o papa já fez o seu teatro e caiu fora, que a pantomima do massacre do Carandiru já está chegando ao fim, a indústria de notícias investe e dá vivas!, ao suposto aumento da longevidade e da diminuição da mortalidade infantil entre os brasileiros..., como se isto fosse o máximo, a oitava maravilha do mundo e sinônimo de felicidade e de civilidade. Como se bastasse ao sujeito viver mais e como se fosse suficiente nascer e sobreviver. Uma rápida olhada ao nosso redor nos dá a dimensão da lástima, do desprezo e da solidão em que vive grande parte dos velhos e das crianças, essas duas populações que fazem a festa da indústria de medicamentos e de fraldas! Daí, talvez, o fato de não serem poucas as pessoas, esclarecidas ou não, que já têm dúvidas quanto ao sentido e às vantagens da senectude e quanto ao sentido e às vantagens até do nascimento. Em outras palavras, para muita gente, não nascer, teria sido o grande barato, mas, já que se nasceu, não durar, não ir além da soberba juventude seria, além de desejável, a única maneira de passar com dignidade por este circo. 
Além disso, se esses dois fenômenos realmente estão acontecendo (não esquecer que as estatísticas do mundo são quase todas falsificadas por interesses comerciais) deve-se muito mais ao sabão, (aquele vagabundo mesmo, feito em casa, com soda cáustica e abacate) do que às políticas de saúde, aos médicos e às corjas que têm se sucedido nos tronos da república.

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