Quem assistiu a sessão da CPMI do Cachoeira nesta tarde teve mais uma vez
a chance de entender porque somos um povo e um país desgraçado... Uma pátria
condenada a viver por muitos e muitos séculos ainda aprisionada nessa
asquerosa teia jurídico-bacharelesca... Nesse lodaçal de palavrórios, de
astúcias advocatícias, de cumplicidades entre iguais e entre desiguais, nessa
pocilga de olhares maliciosos, de boquitas vorazes e imensas, de
mensagens subliminares, de intercâmbio de falsidades, de desesperos estéreis e
inúteis...
Eu, pessoalmente, não consegui olhar uma única vez para o acusado com outro
sentimento que não o da mais pura e legítima simpatia. Ele pelo menos, com sua recusa de responder as indagações dos inquisidores, talvez estivesse querendo nos lembrar - como insinuava Elias Canetti em seu texto A língua absolvida - que a linguagem foi esvaziada, prostituida, esgotada das suas melhores substâncias e que através das palavras já não é possível expressar mais porra nenhuma...
Agora, imagem que me provocava asco e os mais detestáveis sentimentos durante toda a sessão era a do advogado do réu, ao lado, sussurrando-lhe artimanhas e astúcias para burlar os confusos e duvidosos protocolos civilizatórios. Ver ali um homem que ainda é chamado de Ministro da Justiça orientando o contraventor de como engabelar a Justiça, o Congresso Nacional e a sociedade como um todo e ainda por cima sendo melosamente elogiado pela turba parlamentar, me pareceu algo inadmissível e fora de propósito. E digo isto não por moralismo e muito menos por patriotismo, mas por puro amor-próprio...
Agora, imagem que me provocava asco e os mais detestáveis sentimentos durante toda a sessão era a do advogado do réu, ao lado, sussurrando-lhe artimanhas e astúcias para burlar os confusos e duvidosos protocolos civilizatórios. Ver ali um homem que ainda é chamado de Ministro da Justiça orientando o contraventor de como engabelar a Justiça, o Congresso Nacional e a sociedade como um todo e ainda por cima sendo melosamente elogiado pela turba parlamentar, me pareceu algo inadmissível e fora de propósito. E digo isto não por moralismo e muito menos por patriotismo, mas por puro amor-próprio...
- Ah, mas é esse o papel de um advogado!!! O acusado não quer falar?
Está respaldado pelo Art. 5, LXIII da Constituição Federal!!! - resmunga o
populacho.
É verdade, mas então extinga-se o Direito e atualize-se a Constituição!!!