
Quem nunca foi ao Museu Estatal Russo de São Petersburgo pode vir agora aqui na beira do lago bisbilhotar parte de seu acervo, estas 123 obras da Vanguarda Russa. Diz a curadora que se trata do que há de mais importante no mundo do Não-Objetivismo, do Supramatismo e do Construtivismo. Para mim, aliás, essa nomenclatura é tão volátil e tão incompreensível como o Mistério da Santíssima Trindade. De cara se percebe que o velho Chagall – com seu Promenade -, mereceu um lugar especial na galeria. Do famoso Kandinski, só roubaria uma telazinha de dois palmos quadrados intitulada: Igreja Vermelha. Entretanto levaria para casa além de Os dois camponeses, de Natalia Gontcharova (1911), o Barbeiro, de Lariónov (1907). Atrás dos que admiram a tela de Lariónov, está outra preciosidade de Filip Maliávin: Verka, 1913 e no final do circuito a melhor de todas, intitulada Mãe, 1915, de Kuzma Petrov-Vódkin. Como minha compreensão de arte não é diferente da de meu cachorro não restam dúvidas de que minhas preferências foram rastreadas e identificadas por puro instinto, o mesmo instinto que me autorizaria a condensar (sem culpa) as 123 em apenas sete.
Ezio Flavio Bazzo
Temos que reconhecer que seu cachorro é um erudito, e o que é melhor, ele é sincero.
ResponderExcluiro que seria da arte sem a ortodoxia religiosa como seu reflexo no espelho? tudo o mais seria artesanato, heresias anônimas, sem as pretensões ao sagrado afirmadas pelos miseráveis vendedores de brincos nos butecos. se a arte renunciasse à idéia de um outro mundo, jamais alguém seria artista, todo o prazer seria conseguido apenas neste mundo. ezio, que seu cachorro não agrida ou destrua o mundo da arte, mas sim cometa o que há de pior para este: a humilhação.
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