Não há nada de novo na greve de sexo que as mulheres quenianas resolveram fazer no principio desta semana. Segundo elas, em protesto contra os desentendimentos político sociais entre Raila Odinga (Primeiro Ministro) e Mwai Kibaki (Presidente do país). Enquanto os chefões não se entenderem, neca de licenciosidades. E digo que não há nada de novo nessa recusa, porque já no ano 411 a.C. Aristófanes tratou dessa exótica temática em seu Lisístrata. Lá também as mulheres fecharam temporariamente as pernas em protesto contra uma das guerras que estava em curso. Ou param com essa matança estúpida ou nada de licenciosidades, gritavam pelas ruelas de Atenas. Também a famosa deputada italiana Cicciolina (não faz muito) conclamou-se, não sei exatamente por que, em greve carnal. Libertinagem zero por tempo indeterminado.
“De agora em diante – dizia ela - ninguém mais poderá deter-me. Estou a partir de hoje, declarando-me em greve, e peço a todas as “Cicciolinas” da maioria silenciosa que proclamem a greve geral do sexo, que fechem suas pombas com um alfinete de fralda e aguardem até que os cretinos que estão no poder tenham terminado de masturbar-se. Eles se darão conta de que o verdadeiro paraíso está na terra, ao alcance de todos. Vamos em frente, meninas. Não tenham medo, porque nem os policiais com suas bombas de gás lacrimogêneo, nem o exército, a aeronáutica, nem a marinha, nem a guarda Suíça do Vaticano e nem o exército da salvação poderão nos obrigar a transar”.
Apesar da curiosidade sociológica desses exóticos acontecimentos, fica evidente nas suas entrelinhas a impressão de que sexo não faz parte do ideário feminino. Que o desejo é uma anomalia apenas masculina, que a libido não transita pela carne feminil e que, portanto, as mulheres, soberanas e frígidas, vêm pelos séculos afora apenas tolerando e servindo a seus machos como instrumento de gozo, lhes presenteando eventualmente o corpo para suas “depravadas e animalescas necessidades”. E, mesmo assim, sempre sob a precondição de se comportarem dentro do previsto e de serem muito, mas muito bonzinhos com elas. Oxalá não se oculte também na sombra desses protestos, dessas recusas e dessa "consciência política feminista" a velha e universalmente conhecida pirocafobia.
Ezio Flavio Bazzo
freud em uma carta enviada para ernest jones escreve o seguinte: "quem prometer à humanidade libertá-la das provações do sexo será acolhido como herói". já o profeta mohammad diz: "aquele que é capaz de desfrutar da cópula, e não o faz por qualquer razão, não está comigo e perdeu seu paraíso terrestre". e ai? qual escolher? o heroísmo ou o paraíso terrestre? malditas são as pessoas que optam por uma frigidez heróica! se somos algo digno, somo atributos carnais para o desfrute pleno. pode-se trepar com qualquer coisa, até mesmo com uma outra pessoa. a greve de sexo está para o mesmo que a greve de fome: só surte efeito em si mesmo - retroação e ressentimento. autonegação, autorepressão, ou o domínio sanitarista do super-ego sobre o id. que as greves tenham resultado pela abundância adquirida e não pela sua escassez! que o heroísmo transformador seja realizado pelo super-id que tem boca, pau, cú e buceta!
ResponderExcluirQueniano processa grupo de mulheres por greve de sexo
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Finalmente estou lendo "Prostitutas, Bruxas e Donas de Casa": excelente! O Bazzo escreve de uma forma que causa muito prazer ao leitor pois concatena muito bem em seus textos subversão, coragem, lucidez, zombaria, iconoclastia...
ResponderExcluirnihil_bsb@yahoo.com.br