segunda-feira, 3 de março de 2008

Façanhas do Principe Arre!


É quase inacreditável que numa época em que o mundo se organiza para usar células-tronco e reproduzir orelhas, braços, cérebros etc, ainda se assista o folclore de um príncipe ruivo que vai secretamente masculinizar-se e treinar tiro-ao-alvo num país bárbaro e longínquo. Pedagogia de uma monarquia aparentemente erigida nos moldes de Montesquieu ou de Benjamim Constant, mas que oculta no seu âmago além do delírio da hereditariedade e da vitaliciedade a excrescência das antigas chefaturas tribais instaladas às margens do Eufrates.

E o mais abominável desse conto de fadas contemporâneo é que os súditos melanizados de todo o planeta parecem ficar fascinados diante de qualquer fanfarrão albino que tenha dois metros de altura e ascendência monárquica, principalmente quando o vêem com um capacete enfiado na moleira e a culatra de um fuzil apoiada nos ombros. Sinceramente! E depois não querem que as poucas inteligências que ainda resistem descambem para a misantropia. Sempre que assisto algo dessa natureza convoco imediatamente o velho François de Chateaubriand que já em sua época alertava: quanto mais o opressor é vil mais o escravo é infame.

Ezio Flavio Bazzo

Um comentário:

  1. é incrível pensar que no psiquismo do escravo é necessário um coeficente médio entre a aflição da autoridade e a inveja pela superabundância e o orgulho do senhor. quanto mais pompa espetacular lhe é apresentada, mais a inveja eletricamente lhe toma os nervos. em uma mísera vida que apenas quer durar, para compensar tamanha eletricidade, o temor é liberado do fundo das vísceras. quentes emoções esfriadas pelo estômago. daí a incapacidade de um povo não conseguir pensar sua sociedade sem um monarca. pois bem, nós autocratas de consciência não ordinária tiremos a monarquia das mãos dos monarcas e gozemos nós mesmos de sua superabundância. quando a esgotarmos, iremos atrás dos próximos lordes gananciosos e oficiais insensíveis cobradores de impostos. e assim, sucessivamente...

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