quarta-feira, 19 de março de 2008

Vendaval de Sangue


Depois do vendaval de sangue em São Paulo, é verdadeiramente impressionante ouvir os discursos dos Secretários de Segurança, dos governadores, dos Ministros, dos assessores, dos delegados, dos gerentes de Ongs, dos pacifistas, dos bispos e de outros responsáveis pela Ordem nacional. É verdadeiramente inacreditável que esses senhores consigam fazer tantas reuniões e seguir dizendo as mesmas coisas durante tantas décadas sem, contudo, na prática, - apesar de todo o dinheiro que já foi destinado e gasto para esse fim - terem conseguido fazer o mínimo do mínimo daquilo que se esperava deles.

Agora, no embalo de toda essa falação surrealista, é importante considerar que: mesmo que o governo desfile seus tanques pelas ruas, mesmo que crie comissões pra cá e comissões pra lá, mesmo que cante de galo, que mistifique o judiciário, que indenize as vítimas, que volte a flertar com a pena de morte, que libere milhões e milhões pra todo lado, nada terá sentido algum se não se mudar, amanhã mesmo, o tratamento dado aos presos naqueles chiqueiros, naquelas pocilgas, naqueles matadouros, naqueles infernos e naquelas imundícies chamadas presídios, cadeias, febens etc. E mais: que dos homens e dos adolescentes enjaulados lá, naquelas condições, é prudente se esperar tudo, inclusive, que quando tiverem a mínima chance, queiram novamente ajustar contas, não apenas com cada um de nós, mas com todos os membros de nossa árvore genealógica.

Ezio Flavio Bazzo

Um comentário:

  1. há algum intelectual ou ativista brasileiro, abolicionista da pena, que está preso neste momento? ou, como anda as relações dos abolicionistas da pena com a comunidade carcerária? por exemplo, o pcc já conseguiu parar o maior centro financeiro da américa latina, são paulo. alguém veio em defesa de tamanha "greve geral"? ah, enquanto eu ouvir respostas negativas a essas minhas perguntas, penso que somos presas fáceis e cordiais.

    ResponderExcluir