Depois do vendaval de sangue em São Paulo, é verdadeiramente impressionante ouvir os discursos dos Secretários de Segurança, dos governadores, dos Ministros, dos assessores, dos delegados, dos gerentes de Ongs, dos pacifistas, dos bispos e de outros responsáveis pela Ordem nacional. É verdadeiramente inacreditável que esses senhores consigam fazer tantas reuniões e seguir dizendo as mesmas coisas durante tantas décadas sem, contudo, na prática, - apesar de todo o dinheiro que já foi destinado e gasto para esse fim - terem conseguido fazer o mínimo do mínimo daquilo que se esperava deles.
Agora, no embalo de toda essa falação surrealista, é importante considerar que: mesmo que o governo desfile seus tanques pelas ruas, mesmo que crie comissões pra cá e comissões pra lá, mesmo que cante de galo, que mistifique o judiciário, que indenize as vítimas, que volte a flertar com a pena de morte, que libere milhões e milhões pra todo lado, nada terá sentido algum se não se mudar, amanhã mesmo, o tratamento dado aos presos naqueles chiqueiros, naquelas pocilgas, naqueles matadouros, naqueles infernos e naquelas imundícies chamadas presídios, cadeias, febens etc. E mais: que dos homens e dos adolescentes enjaulados lá, naquelas condições, é prudente se esperar tudo, inclusive, que quando tiverem a mínima chance, queiram novamente ajustar contas, não apenas com cada um de nós, mas com todos os membros de nossa árvore genealógica.
Ezio Flavio Bazzo
há algum intelectual ou ativista brasileiro, abolicionista da pena, que está preso neste momento? ou, como anda as relações dos abolicionistas da pena com a comunidade carcerária? por exemplo, o pcc já conseguiu parar o maior centro financeiro da américa latina, são paulo. alguém veio em defesa de tamanha "greve geral"? ah, enquanto eu ouvir respostas negativas a essas minhas perguntas, penso que somos presas fáceis e cordiais.
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