E esta, em Belém do Pará, já será a de número 30... O que teria acontecido nas 29 anteriores? É provável que quando vier a de número 40, a discussão principal já nem seja mais sobre árvores, rios, borboletas e bichos, mas sobre entulhos, ossadas e cinzas... E, não tenham dúvidas, o farão com a mesma desfaçatez e fé, com o mesmo entusiasmo e empenho em 'salvar o planeta'... Em 'deixar para os netos, os bisnetos e para as geração futuras', um planeta mais amoroso e mais parecido ao Éden onde Adão e Eva teriam sido surpreendidos no auge de uma libidinagem e, naturalmente, vítimas do coitus interruptos...
Neste simposium de Belém do Pará, apesar do amor de sempre à mãe natureza, está surgindo uma peculiaridade: a rapinagem dos hoteleiros foi além das quatro linhas! Turbinaram os preços de uma forma surreal, e não apenas dos chamados five stars, mas até de espeluncas e de casebres periféricos, etc, etc,... Se até as raposas internacionais mais abonadas estão assustadas com a plusvalia nas diárias, imaginem os tupiniquins e os latino americanos que, em muitos casos, quando são expulsos das ONGs gringas a que fazem parte, e perdem a cesta básica ou a ajuda paroquial, são obrigados a submeter-se ao regime do dia sim/dia não... Me digam: É ou não é um circo? E tudo sob o manto cínico que encobre a trapaceira floresta, com suas armadilhas, o ferrão quase mortal das abelhas africanizadas, as teias de aranhas, as víboras e seus venenos... Sem falar dos Caçadores de cabeças e dos morcegos que ali, são mil vezes mais anti-humanidade que os do mercado chinês de Wuhan. Lembram?
E penso naquelas moscas descritas por Plinio (o antigo), em sua História natural, as tais pyrallis, que só podiam voar no fogo: "enquanto ela está no fogo, ela vive; quando seu voo a afasta dele um pouco mais, ela morre"(ver: A sobrevivência dos vagalumes, p. 13)
E até as precárias aldeias que ainda subsistem ao redor da cidade, bem como aquelas famílias que vivem há décadas em palafitas, cagando das janelas dos cortiços diretamente nas águas salobras e inóspitas do maior rio do mundo [...] até eles se pudessem, alugariam suas redes e seus barracos (em dólares ou euros) para os forasteiros ilustres... Ah! Hospedar por umas noites aquela adolescente sueca, ouvindo o canto estridente das arapongas enquanto as canoas balançam e levitam lá nas ondas do rio... seria a gloria! Dizia um parente dos povos originários... Tudo religioso, idealizado, sensual, místico e esotérico, como se nosso reino não fosse deste mundo... Lavradores do espírito!
E as primeiras damas do G7, em estado maníaco, saltitantes, com seus cremes e repelentes à flor da pele, elas que temem a malária antes de todas as coisas, sob o sol abrasador, querendo embalsamar uma borboleta silvestre entre as páginas do Diário de um mago, do Paulo Coelho... E o Macron, que vai monopolizando os sonhos do Raoni.... ele que, mesmo com aquele pedaço de flecha transpassando seu lábio inferior, se a floresta for salva, ainda acabará embaixador em Roma...
E dizem que até os mórmons infiltrados nas comitivas estão ansiosos para, chegando em Belém, conhecer, além da Ilha do Boi, aquela singela senhora que, lá no Mercado do ver-o-peso oferece aos forasteiros, o que ela chama de viagra da floresta. Uma erva que, segundo as lendas masculinas, produz ereções que duram de uma madrugada a outra.,.. E nas ruas, sob os mangueirais seculares, o povo (tanto da esquerda, como da direita e os ambidestros) intoxicado de metafísica cantando com a Fafá, Vermelho, vermelhão...
É isso aí! Não tem jeito, (la luce é sempre uguale ad altra luce!!!)
Uma velha indígena agarrada em seu cachimbo olha muda e abismada para aquela mescla de vivaldinos e otários... quase uma alegoria platônica como a da caverna...
Mas... que a festa seja de arromba!
Quanto às propostas e às promessas que constarão no relatório final, é bom não se iludir... Qualquer um de nós já pode até visualizar a coreografia dos startups de sempre e psicografar o velho lero lero da obsessão pelo mediano e das conclusões: Sim, por fim aos garimpos e expulsar os garimpeiros... (mas, para onde?); Dar dignidade às comunidades indígenas... investir na saúde, na educação e nas moradias dos silvícolas... Apostar no desmatamento ZERO. Controlar os piromanos e os incendiários. Evitar o tráfico de meninas e de borboletas azuis para a Europa. Diminuir os rebanhos de vacas. Investir em satélites norte-americanos. Conhecer (mas não revelar) o destino final do ouro e das pedras preciosas da região. Controlar a venda e a quantidade de alqueires de mata para os madeireiros forâneos. Investir, (enfim, depois de 400 anos), no saneamento básico. Transformar o canto da Araponga e a Vitória Régia em Patrimônio imaterial do país... Acender diariamente círios e velas à Nossa Senhora de Nazaré para que ela proteja o Brasil e suas águas... de tantas e sedentas aves de rapina... O resto é o resto... E todos se abraçarão efusivamente no aeroporto, na hora do embarque, levando nas malas algumas lembrancinhas e aquelas raízes fedorentas e indiscretas da priprioca [...] e. claro, já pensando na COP 31 que, com certeza, já está programada para outro país qualquer de pastores, lavradores e de camponeses, para continuar dando um clima de humildade bucólica e cristã ao Sabá...

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