quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Mulheres indígenas e encontro de bonecos... Brasília é uma festa...







Um anão diz: "eu sou um gigante que se esqueceu de crescer..."

Renato Taddeei

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Hoje, quinta-feira, com a intenção de fotografar as manifestações das mulheres indígenas que acontecem por aí, perdi o rumo e acabei no auditório da Biblioteca Nacional assistindo a uma reunião de mamulengueiros. Gente, conhecida também por "bonequeiros", isto é, que faz intervenções, teatro popular de bonecos nas ruas, nas escolas, nos hospitais, asilos e etc.

Quem é que ainda não viu esse pessoal atuando nas ruas ou nas feiras, vestidos de palhaços e se equilibrando sobre pernas de pau?

As crianças ficam fascinadas, e alguns adultos, também.

A reunião era composta por uns quinze desses "bonequeiros" e por uns 3 ou quatro representantes do Estado, gente responsável por programas que apoiam algumas manifestações artísticas, umas com migalhas e outras com milhões, dependendo de quem as apadrinha...

Sentados em círculo (quase como numa sessão de psicodrama) diziam o de sempre. Rebatiam o de sempre. Expressavam o idealismo e o pessimismo de sempre. A arte! Um amor eunuco pela arte! Seriam coroinhas? noviças? executivos? E sempre o culto ao Estado e à arte popular, a mesma, com pequenas variantes, daquela com que os lusitanos, entre umas sardinhas e outras, atordoavam os nativos daqui, enquanto lhes roubavam as mulheres e as esmeraldas... Flashes daqui e flashes dali...

Qualquer um percebia logo que havia um cabresto no ar, e que a tal arte estava conspurcada pela política e sendo sutilmente enrabada pelas seitas...

Enquanto os mamulengueiros discorriam sobre os milagres e as curas promovidas pela arte, (nas escolas, nas ruas, nos asilos etc) e sobre a dificuldade de pagar os aluguéis,  os "curadores" do estado, davam dicas sobre os Editais, os  cachês, os critérios, as datas, as cartilhas, os truques, os institutos, os dossiers e os pré-requisitos para serem contemplados e premiados...Enfim, sobre os subterrâneos do espetáculo e da burocracia estatal... O Estado é aquele que salvaguarda não apenas a arte, mas a vida... - dizia emocionada uma gestora - A arte de transmutar Leviatã num querubim...

O cabresto e seu necessário tensionamento...

É necessário gerar produtos, mesmo que sejam apenas para uso decorativo do Estado.

Bens registrados! (?)

Precisamos manter uma relação dialógica...

Como dizia a avó de um deles: morra tentando! E não descanse, porquê quem descansa é besta!

No fundo, tudo é patrimônio da UNESCO! Tudo está globalizado! Inclusive nosso imaginário, nossos traseiros e nossos mestres já falecidos.

Patrimônio imaterial? Ora! Isso é babaquice! Influência da cannabis e da metafísica... Teologia... Nosso reino é deste mundo e o que nos interessa é o patrimônio material..., (as jóias)...

O mesmo que havia mencionado a avó lembra que chorar no mar altera o nível das águas de todos os oceanos...

O Mendigo K que estava lá ouvindo atentamente, me enfiava o cotovelo nas costela e resmungava: caralho! Que farsa! Eu que sempre vi a atuação dos mamulengos nas ruas como um ato subversivo, vejo agora que era tudo uma farsa! Que não eram subversivos porra nenhuma! Que sob aquelas fantasias havia um lacaio das elites... Que são bancados e que estão a serviço exatamente do Estado, das paróquias e daqueles que querem distrair o populacho para a manutenção do status quo e da moral vigente... banqueiros e multinacionais, etc,!...  Ah! o fomento, que para um show de duas horas precisam mendigar seis meses ao Grande Irmão.. e que o tal "curador" é, na verdade, o censor...

Dependendo do assunto, a roda de conversa se inflamava. Papo ia e papo vinha... Alguém lembrava do cansaço participativo.  Das décadas e mais décadas de onanismo sobre os mesmos membros e sem gozar... Patrimônio cultural! - Penso novamente nas jóias do Bolsonaro... - 

A arte? A das estações do metrô de Moscou, as da Capela Sistina ou as obras do Bispo do Rosário? Qual é o problema que o Estado e os banqueiros continuem sendo nossos mecenas? Se perguntava um infiltrado da mídia local, como eu... Enquanto uma mocinha simpática passava-me uma suposta "lista de participantes", para que eu revelasse nela as minhas origens e o meu pedigree de forasteiro...

Ao ouvir falar em futuro da arte, o Mendigo pediu licença à militante que estava ansiosa, sentada a seu lado e foi ao banheiro, para ler um pequeno texto de João do Rio e acalmar-se: [... A diversidade dos cultos espantar-vos-a. São swendeborgeanos, pagãos literários, fisiólatras, defensores de dogmas exóticos, autores de reformas da vida, reveladores do futuro, Amantes do diabo, bebedores de sangue, descendentes da rainha de Sabá, judeus, cismáticos, espíritas, babalaôs de Lagos, mulheres que respeitam o oceano,, todos os cultos, todas as crenças, todas as forças do Susto. Quem, através da calma do semblante lhes adivinhará as tragédias da alma? Quem, no seu andar tranquilo de homens sem paixões irá descobrir os reveladores de ritos novos, os mágicos, os nevropatas, os delirantes, os possuídos de Satanás, os mistagogos da morte, do mar e do arco-íris? Quem poderá perceber, ao conversar com estas criaturas, a luta fratricida por causa da interpretação da Bíblia, a luta que faz mil religiões à espera de Jesus, cuja reaparição está marcada para qualquer destes dias, e à espera do anti-Cristo, que talvez ande por aí? Quem imaginará cavalheiros distintos em intimidade com as almas desencarnadas, quem desvendará a conversa com os anjos nas chombergas fétidas???]






  

2 comentários:

  1. https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2023/09/5124747-brasilia-recebe-encontro-de-bonecos-nesta-semana-confira-a-programacao.html

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  2. https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2023/09/5127207-lei-aldir-blanc-turbina-a-cultura-popular-diz-secretaria-do-minc.html

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