quarta-feira, 27 de setembro de 2023
segunda-feira, 25 de setembro de 2023
Como são fabricados os bundõe, os vira-latas e os tais cidadãos...
[... Un estado que transforma a todos seus cidadãos em espias ou uma religião que fomenta o conceito de um Deus omnividente, tornam praticamente impossível safar-se de quem castiga, e as contingências punitivas adquirem então seu grau máximo de eficácia. A pessoa se torna boazinha e se comporta bem e servil, (como uma ovelha) mesmo quando não existe uma supervisão visível...]
Skinner
(Citado por Noan Chomski, em seu Processo contra Skinner, p. 46)
domingo, 24 de setembro de 2023
O problema da delação... Esse entretenimento (de) e (para) palhaços...
"...Não podemos deixar de nos perguntar se esse homem está à altura de seu cargo. Se os terroristas são loucos, então ignoram o que estão fazendo e, portanto, são moralmente inocentes. Consequentemente, eles deveriam ser atendidos com todo o carinho em hospitais psiquiátricos, ao invés de terem os órgãos genitais mutilados em prisões secretas..."
Terry Eagleton
(IN: Sobre o mal, p. 12)
Nada é mais desprezível, canalha e abjeto do que o ritual da delação. E não apenas pela situação de degradação em que é colocada a vítima. Mas pela miséria degradante que emerge nos inquisidores. Observem a malignidade e o sadismo que está presente na inquirição dos "verdugos" e os jargões hipnóticos que turbinam a mídia... Quem é que se atreveria ir tomar um café na esquina com uma pessoa dessas (homem ou mulher) sem levar uma pistola no bolso?
Fiz esse registro na época em que os inquiridores eram de direita (e os ladrões, de esquerda) e o faço agora, que quem acossa é de esquerda (e os ladrões, de direita). Impressionante! A cara de pau, a maledicência e os métodos de 'sondagem' são exatamente os mesmos. Como se houvesse alguém inocente nessa história.
E o delator também tem a mesma postura. É safo, com seu olhar pudico e cretino da plebe, tem prazer em bisbilhotar, sabe onde os carcereiros querem chegar.., enquanto um finge ser adulto, o outro regride secretamente à infância (quem é que, na infância não foi, pelo menos uma vez, um asqueroso delator?) e, numa espécie de sedução, vai lhes dando as senhas em fragmentos. Se estabelece entre eles algo parecido a uma relação pedófila ou à Síndrome de Estocolmo. Todo mundo sabe que os inquisidores católicos ejaculavam enquanto humilhavam os 'hereges' e ouviam as bruxas com o fetichismo de suas frases"... A fraude é mutua. Uns fingem de um lado e os outros fingem do outro lado. Observem como há nessa gestalt, algo de místico/religioso e de perverso... Ambos sabem que é tudo teatro genital, a teatralidade do sexo entre bandidos e que ninguém é inocente. O inquisidor (que naturalmente é um pé de chinelo embusteiro que não está à altura nem do crime que investiga), vai passando ao entrevistado as dicas daquilo que precisa inventar para manter-se no cargo e este, solidariamente, lhe diz quase tudo o que a carceragem quer ouvir... Como os dois têm as mesmas origens e os mesmos ideais e estão presos na mesma teia de aranha, se fazem reservadamente cúmplices e adoecem da mesma degradação que, aliás, é infinita e incurável, já que, qualquer um sabe, o horror de uma delação é capaz de alterar o DNA dos envolvidos, para sempre...
Sim, uma sociedade maledicente e histriônica que admite e que pratica a delação terá necessariamente que desaparecer. E quando o processo civilizatório der mais um passo (se é que dará!), fatalmente desaparecerá. Para quem sobrar, ficará apenas a memória da vergonha, não apenas dos atores dessa barbárie, mas de todo esse voyeurismo generalizado e de todos esses palhaços reacionários que permaneceram assistindo a toda essa cretinice indiferentes e palitando os dentes nas varandas...
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
quinta-feira, 21 de setembro de 2023
terça-feira, 19 de setembro de 2023
O assassinato da menina Heloisa e a pantomima na ONU...
"Afirmar que a alma é imortal é o orgulho
dos pobres mortais que não têm alma..."
Varga Vila
(IN: De los viñedos de la eternidad, p. 31)
As milícias cibernéticas da esquerda e da direita estão excitadas, mais hoje do que ontem, na espera do discurso do Lula lá na ONU.
O que dirá?
Ora! Qualquer coisa que diga será fútil e não será suficiente para amenizar o horror do assassinato da menina Heloisa, de três anos de idade, morta ontem, com dois tiros de fuzil, lá no Rio de Janeiro, por agentes delirantes do Estado e da Policia Rodoviária Federal...
Pode teatralizar as conquistas que quiser, que não conseguirá silenciar os tiroteios cretinos e inúteis pelo país afora... Ah! Os Brics... essa nova modalidade de sofistas e de banqueiros... Parafraseando Brecht, o que é o assalto a um banco comparado com a criação de um banco???
Ah! o Sul Global, que até recentemente era conhecido por Terceiro Mundo...) Ah! o papel relevante do país no exterior! As florestas verdes e em pé e o negócio do carbono... As minas de lithium (que servem tanto para as baterias como para o Transtorno bipolar...). Dogmas cretinos sobre os quais a imagem da criança assassinada, joga uma pá de esterco... sim, uma pá de esterco sobre toda essa repetição cínica e sobre esse blábláblá ilusório.., sobre essa baboseira que não garante nada e que só entorpece a turba... Qualquer coisa que se diga lá será aviltante e canalha...
E, ate os mendigos, curiosamente, se emocionam ao falar na maldição da Ordem Neo liberal! Da Direita planetária! Da Ucrânia! Do Marco Temporal! Das ventanias no Rio Grande do Sul... Sobre os negros e a escravidão contemporânea! Os gays! As mulheres! Os povos originários... A fome!
E do fundo do covil, vem o riso da velha direita agora travestida de centro ou de extrema-direita... E também da velha esquerda... vivendo de memórias distorcidas, de idolatria ao passado e, idealizando o impossível e, claro, adoecida pelo mesmo mal... Neste caso - como lembra Eagleton, mencionando a Aristóteles - será que devemos sentir pena e temor ao mesmo tempo?
E a OTAN, instalada sutilmente não apenas ali no vão da esquina e em toda América Latina, mas inclusive no imaginário dos crápulas... E o negócio das armas... A gerontocracia que relativiza seu ódio contra os jovens os enviando para a frente de batalhas... 400 mil mortos só nos arredores de Kiev... E por aqui, por um lado, um autoritarismo cabotino e punitivo contra a população desolada enquanto, por outro, nas alcovas e fora das fronteiras... a antiga e apostólica subserviência de sempre...
A volta do Trump... ou a permanência do Biden? Vejam o nível das expectativas e dos discursos! Não é por acaso que a possível vitória do Millei, na Argentina está sendo encarada como o fim do mundo... e que, naturalmente, justificará todo e qualquer fracasso planetário... enquanto, nos camarins, se desenrola a vil disputa pelo comando deste sub, pobre e místico continente... A política como uma seita... Zelenski, o ator clow que virou estadista. O horror da hegemonia canalha! A direita planetária contra o aborto, contra a cannabis (até contra o canabidiol) e contra a contribuição sindical. Ah! mas e os sindicatos pelegos??? A contribuição sindical! A tirania fiscal! A democracia! Uma guerra interina para destruir a libido e para idiotizar qualquer um...
E, curiosamente, todo mundo visivelmente emocionado... Sim, a depressão pode ser também um álibi político... E depois, como não deprimir-se quando se está rodeado por imbecis?
Por mais humanistas e trapaceiras que sejam as retórica, (vejam o discurso "revolucionário" feito por Sarney, na abertura da reunião de ONU em 85) não será possível apagar do telão de fundo a imagem sorridente da Heloisa, a menina de três anos morta ontem, no Rio de Janeiro, com três tiros de fuzil dados por policiais.., imagem que coloca uma pá de esterco sobre essa pantomima de lacaios e de tiranos... Estado de exceção! A ONU e seus atores, deveria ter vergonha na cara e calar a boca...
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
O prefeito de Barra do Pirai (RJ) e a teoria de Malthus...
_____________________________________________________________________________________
Parafraseando a Malthus: enquanto o processo civilizatório cresce de forma aritmética, a estupidez, que toma conta de tudo, o faz de forma alarmante...
***
Por aqui, nesta segunda-feira de setembro, as mulheres (de todas as laias, idades e pedegres) não querem nem ouvir falar o nome do prefeito de Barra do Pirai, (um vilarejo perdido lá no Estado do Rio de Janeiro), depois que ele, mais por ignorância do que por 'mau caráter', ou pelos dois juntos, declarou que como há crianças demais, por lá, e como a prefeitura já não dispõe de verbas suficientes para investir em creches, se deveria, como controle de natalidade, castrar as "meninas".
E isso, não pensem que foi num papo de boteco, depois de já ter enfiado nas tripas cinco ou seis caranguejos e uma garrafa de cachaça... Não, foi diretamente para a mídia, para aquelas estagiárias que os jornais despacham atrás dos políticos, essas mocinhas que lembram aquelas profissionais de Barcelona que correm de porto em porto do Mediterrâneo, atrás dos marinheiros...
E essa idiotice, apesar de parecer um exotismo pontual, - me alertava a esposa do Mendigo K -, é bem provável que seus outros 5500 e tantos colegas e energúmenos, Brasil a fora, pensem exatamente como ele... A propósito, - concluiu -: fomos poucas as que ao longo da história conseguimos escapar das garras perversas da "famiglia nucleare" e dos religiosos... e que não fomos castradas... O que comprova, mais uma vez que, como diria Cioran, Adão e Eva não foram mais do que debutantes, e que quem foi sempre nosso grande Mestre e o verdadeiro Ancestral de nossa raça, foi Cain...
E, como era de se esperar, esse descaramento "misógino" voltou a ativar o antigo ressentimento e a antiga escaramuça entre sexos e, claro, também o descaramento "misandrico": - Ora, - dizem elas, como réplica - mas por que então, não castrar os meninos?
O Mendigo K, que apareceu com o livro de Malthus sob o braço me alertou: Bazzo, imagine como seria possível suportar essa sociedade de merda se, além de tudo, ainda fossemos todos castrados...
sábado, 16 de setembro de 2023
Enquanto João do Rio não é adotado nas escolas...
"Quantas orações andam impressas em folhetins, vendidas nas grandes livrarias e nos alfarrabistas, exportadas para a província em grossos maços, ou simplesmente manuscritas, de mão em mão, amarradas ao pescoço dos mortais em forma de breve? Ha nessa estranha literatura edições raras, exemplares únicos que se compram a peso de ouro; orações árabes dos negros musulmins, sua tradução não se vende nem por cinzenta mil réis; orações de praga africana, para dizer três vezes com um obi na boca; orações para todas as coisas possíveis e impossíveis. O homem e um animal que acredita - principalmente no absurdo -".
"O trabalho honrado não dá fortuna a ninguém; todos somos refinadíssimos malandrins; e se não nos esganamos fisicamente, nos esfaqueamos e nos assassinamos moral e monetariamente a cada instante. O mais bandido, o mais cruel, o mais patife é quem vence..."
"Engano, dolo, violência, a bolsa ou a vida, honrada malandragem de alto a baixo. Eu que aqui estou falando, estou certo de que você é um malandro..." (IN: A alma encantadora das ruas)
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
Mulheres indígenas e encontro de bonecos... Brasília é uma festa...
Hoje, quinta-feira, com a intenção de fotografar as manifestações das mulheres indígenas que acontecem por aí, perdi o rumo e acabei no auditório da Biblioteca Nacional assistindo a uma reunião de mamulengueiros. Gente, conhecida também por "bonequeiros", isto é, que faz intervenções, teatro popular de bonecos nas ruas, nas escolas, nos hospitais, asilos e etc.
Quem é que ainda não viu esse pessoal atuando nas ruas ou nas feiras, vestidos de palhaços e se equilibrando sobre pernas de pau?
As crianças ficam fascinadas, e alguns adultos, também.
A reunião era composta por uns quinze desses "bonequeiros" e por uns 3 ou quatro representantes do Estado, gente responsável por programas que apoiam algumas manifestações artísticas, umas com migalhas e outras com milhões, dependendo de quem as apadrinha...
Sentados em círculo (quase como numa sessão de psicodrama) diziam o de sempre. Rebatiam o de sempre. Expressavam o idealismo e o pessimismo de sempre. A arte! Um amor eunuco pela arte! Seriam coroinhas? noviças? executivos? E sempre o culto ao Estado e à arte popular, a mesma, com pequenas variantes, daquela com que os lusitanos, entre umas sardinhas e outras, atordoavam os nativos daqui, enquanto lhes roubavam as mulheres e as esmeraldas... Flashes daqui e flashes dali...
Qualquer um percebia logo que havia um cabresto no ar, e que a tal arte estava conspurcada pela política e sendo sutilmente enrabada pelas seitas...
Enquanto os mamulengueiros discorriam sobre os milagres e as curas promovidas pela arte, (nas escolas, nas ruas, nos asilos etc) e sobre a dificuldade de pagar os aluguéis, os "curadores" do estado, davam dicas sobre os Editais, os cachês, os critérios, as datas, as cartilhas, os truques, os institutos, os dossiers e os pré-requisitos para serem contemplados e premiados...Enfim, sobre os subterrâneos do espetáculo e da burocracia estatal... O Estado é aquele que salvaguarda não apenas a arte, mas a vida... - dizia emocionada uma gestora - A arte de transmutar Leviatã num querubim...
O cabresto e seu necessário tensionamento...
É necessário gerar produtos, mesmo que sejam apenas para uso decorativo do Estado.
Bens registrados! (?)
Precisamos manter uma relação dialógica...
Como dizia a avó de um deles: morra tentando! E não descanse, porquê quem descansa é besta!
No fundo, tudo é patrimônio da UNESCO! Tudo está globalizado! Inclusive nosso imaginário, nossos traseiros e nossos mestres já falecidos.
Patrimônio imaterial? Ora! Isso é babaquice! Influência da cannabis e da metafísica... Teologia... Nosso reino é deste mundo e o que nos interessa é o patrimônio material..., (as jóias)...
O mesmo que havia mencionado a avó lembra que chorar no mar altera o nível das águas de todos os oceanos...
O Mendigo K que estava lá ouvindo atentamente, me enfiava o cotovelo nas costela e resmungava: caralho! Que farsa! Eu que sempre vi a atuação dos mamulengos nas ruas como um ato subversivo, vejo agora que era tudo uma farsa! Que não eram subversivos porra nenhuma! Que sob aquelas fantasias havia um lacaio das elites... Que são bancados e que estão a serviço exatamente do Estado, das paróquias e daqueles que querem distrair o populacho para a manutenção do status quo e da moral vigente... banqueiros e multinacionais, etc,!... Ah! o fomento, que para um show de duas horas precisam mendigar seis meses ao Grande Irmão.. e que o tal "curador" é, na verdade, o censor...
Dependendo do assunto, a roda de conversa se inflamava. Papo ia e papo vinha... Alguém lembrava do cansaço participativo. Das décadas e mais décadas de onanismo sobre os mesmos membros e sem gozar... Patrimônio cultural! - Penso novamente nas jóias do Bolsonaro... -
A arte? A das estações do metrô de Moscou, as da Capela Sistina ou as obras do Bispo do Rosário? Qual é o problema que o Estado e os banqueiros continuem sendo nossos mecenas? Se perguntava um infiltrado da mídia local, como eu... Enquanto uma mocinha simpática passava-me uma suposta "lista de participantes", para que eu revelasse nela as minhas origens e o meu pedigree de forasteiro...
Ao ouvir falar em futuro da arte, o Mendigo pediu licença à militante que estava ansiosa, sentada a seu lado e foi ao banheiro, para ler um pequeno texto de João do Rio e acalmar-se: [... A diversidade dos cultos espantar-vos-a. São swendeborgeanos, pagãos literários, fisiólatras, defensores de dogmas exóticos, autores de reformas da vida, reveladores do futuro, Amantes do diabo, bebedores de sangue, descendentes da rainha de Sabá, judeus, cismáticos, espíritas, babalaôs de Lagos, mulheres que respeitam o oceano,, todos os cultos, todas as crenças, todas as forças do Susto. Quem, através da calma do semblante lhes adivinhará as tragédias da alma? Quem, no seu andar tranquilo de homens sem paixões irá descobrir os reveladores de ritos novos, os mágicos, os nevropatas, os delirantes, os possuídos de Satanás, os mistagogos da morte, do mar e do arco-íris? Quem poderá perceber, ao conversar com estas criaturas, a luta fratricida por causa da interpretação da Bíblia, a luta que faz mil religiões à espera de Jesus, cuja reaparição está marcada para qualquer destes dias, e à espera do anti-Cristo, que talvez ande por aí? Quem imaginará cavalheiros distintos em intimidade com as almas desencarnadas, quem desvendará a conversa com os anjos nas chombergas fétidas???]
terça-feira, 12 de setembro de 2023
O simpático retorno de um leitor anônimo... Que maravilha!!!
"Quando quero ler um livro no qual o ateísmo apareça em toda a suprema nudez, tenho que abrir os meus. Em todos os demais, Deus aparece como uma palavra ou como um silêncio..."
(Vargas Vila, IN: Los viñedos de la eternidade)
segunda-feira, 11 de setembro de 2023
E lá no Chile... 50 anos depois que Allende se suicida com a pistola que lhe foi presenteada por Fidel Castro...
domingo, 10 de setembro de 2023
sexta-feira, 8 de setembro de 2023
Surrealismo: Lula desembarca na Índia e dá de cara com outdoors o pressionando para indicar uma mulher negra para a Suprema Corte...
Ora! Mas esses outdoors revelam uma visão, além de racista e cretina, muito pobre!
Quem seriam os trapaceiros? Qual é o plano? Quanto estariam ganhando, e de quem?
Qual é a lógica? E a cor da pele? O que a cor da pele tem a ver, verdadeiramente, com isso? Quando é que esses idiotas vão reler a Frantz Fanon?
Fico imaginando como seria se numa visita da Draupadi Murmu ao Brasil ela, ao saltar do avião no Galeão, visse lá uma placa com sua foto e o conselho em inglês: Senhora presidente Draupadi, contamos com você para nomear uma mulher com a pele da cor tal, para a Suprema corte da Índia...
Ora, isso é coisa de quermesse. Política infanto-juvenil de cretinos, suburbana e de quintal.
Uma vergonha!
Indiferente a toda essa babaquice, a marcha zen das vacas sagradas pelos becos de Jaipur; os banhos coletivos de Bénares, e para acalmar o estresse, a velha cítara de Ravi Shankar... O mito de Gandhi; as maravilhas de Pushkar, os crematórios às margens do Ganges... Ah! e o Taj Mahal, que é a paixão quase genital de todas as Primeiras Damas!!! Elas que adorariam hipnotizar um outro bobalhão como o imperador mongol Shan Jahan e vir a ser homenageadas como Aryuman Manu Begam... (prova, em outras palavras, de que, apesar de Kant, o imperativo categórico da vida é o imperativo fisiológico!)... Ah! A foto! A foto diante do Taj Mahal ao entardecer... Para que as amigas, fiquem excitadas e pasmadas... Enquanto, na Djemaa el Fna de Marrakech, o terremoto ( c'est le diable qui se déchaîne)... e ali perto, na Birmânia, as plantações imensas e floridas da papoula, com suas flores do mal que se vergam amorosamente sob a brisa vinda do Triângulo do ouro e da Cordilheira do Himalaia... E, claro, o livreiro subversivo, com seu camisão branco, no saguão do Taj Palace de Nova Deli, mascando bétel e querendo vender a um burocrata tupiniquim, "o último exemplar" dos Versos satânicos... (em papel ecológico e em sânscrito védico)...
É o colonialismo... essa maldição que (como todas as maldições) não tem tempo para terminar...
- Alô...alô... Mr... Ms... Oh, Brazil... Brazil??? my grandfather lived in Rio de Janeiro... I like Neymar and ronaldinho... I'm from Benares, one rupee for the love of Shiva...
- Madame.., madame... Welcome to India! Je viens du Rajasthan, une aide pour l'amour de Krisna... or even Kali...
Enfim, você aí, hipocrite lecteur, - mon semblable et mon frère -, me diga uma coisa: a vida é ou não é uma farsa romântica e, sobretudo, cretina e bela!
LAVA A JATO... SUJA A JATO...
"Engordem quanto quiserem o gado humano, deem-lhe forragem à farta, dourem-lhe até a cavalariça; diga-se o que se disser, ele continuará na condição de bruto..."
Flaubert
Agora, em Brasília, não se fala em outra coisa a não ser na Lava Jato, na decisão de um juíz, de declarar que tudo aquilo foi uma farsa e de devolver aos "condenados" o cetro de santidade e aos condenadores, o tridente de satanás.
Inacreditável!
E a população, de boca aberta, assiste a tudo como se estivesse num circo infantil e visse o palhaço, de repente, num surto histriônico, arrancar a fantasia de bufon e ficar nu. E mais: ver que não se tratava de um homem, mas de uma balzaquiana, a mesma que, viril e cheia de músculos, em outros momentos, se lançava de um lado a outro, lá nas argolas do trapézio, como um proto-suicida...
Sim, é melancólico, mas o que se poderia fazer?
É a república. Sim, a de Platon. A aberração dos múltiplos phoderes...
E a mídia está em festa! Envenena a plebe semi-alfabetizada com manchetes apocalípticas. Elege ora um babaca de esquerda, ora um babaca de direita e manda estagiárias sexis espioná-los, para saber como escovam os dentes, como trepam e se suas angústias são realmente como acreditava Lacan: por medo do futuro ou por saudades de um pai idealizado... Convoca os jornalistas mais gagás, barnabés que cobriram o judiciário desde Rui Barbosa até as jóias do Bolsonaro, para que façam um historicismo fajuto sobre o cortesanato nacional; pede pareceres a juristas vaidosos e trapaceiros; entrevistam manés nas feiras; colocam as gerentes de redação para entrevistar militantes e militares, disfarçam os sintomas de uma síncope com remédios caseiros. Querem saber coisas que ninguém sabe... e que não se deve saber nunca, numa república democrática!!!...
E o populacho, - tanto os que acham que a Lava Jato foi uma tentativa de purificação da espécie e de despertamento espiritual; como os que se sentiram injuriados e defraudados -, estrebucha. Vão melancólicos às churrascadas paroquiais, às feijoadas domingueiras, às confraternizações dos sindicatos e à outras reuniões profanas de bebedeiras e até às missas na hora do Angelus, de mãos dadas com suas jararacas, o nariz empinado e chupando uma pastilha para mascarar o bafo insuportável de cigarro com cerveja... Até rezam com os coroinhas uma ou outra frase da Salve Rainha, mas só pensando na decisão do juíz de livrar a barra das centenas de condenados... Ah! Senhor! - incluem na reza - como é possível que aquelas máfias estejam, agora, sendo incensadas e canonizadas? Iluminai e dai sabedoria aos juízes, Senhor!!! Do recanto mais profundo e quase sagrado de sua alma lhe vem à consciência um consolo: felizes os que tiveram sabedoria e tempo de converter toda a rapina em esmeraldas!!! E, em seguida, meio confuso, introduz na Salve Rainha uma longa frase de Vargas Vila: Señor! Eu sei, "Una Bella sensación que se prolongara, no sería ya bella, como un placer que se hiciera eterno, no seria ya un placer, sino un tormento..."
O padre, um velho trapaceiro de guerra, 40 anos em seu cativeiro voluntário, acostumado a onanismos e a quiromanias compartilhadas e a fingir que está preocupado com todas as dores do mundo, percebendo que aquele "irmão" está espiritualmente ausente, desce do púlpito e lhe cochicha bem junto à orelha direita. Não se avexe com essa putaria, que nada é para já! Faz parte do espetáculo. Como para Cristo, nosso Reino também não é deste mundo! Seja pragmático: se as ações da tal Lava Jato, durante todos aqueles anos, foram realmente trapaças, o judiciário inteiro, que foi cúmplice, deveria declarar falência; e se pelo contrário, tudo aquilo foi verdadeiro e agora é que se está querendo trapacear a sociedade, o judiciário inteiro, cúmplice, deve pedir concordata... (como as Lojas Americanas...).
Já estava retornando para o altar quando parou para complementar: E se tudo foi uma farsa, ou se a farsa é o que estão montando agora, imagine então as aberrações e a canalhice que se encontraria nos "prontuários" dos 800 mil presos que lotam nossas penitenciárias... Todos condenados pelas mesmas cartilhas e por essa mesma gente... Enfim, não adianta se escandalizar. Todo mundo sabe que, como escreveu F. Schiffter, a sociedade, de cima a baixo, não passa de um vasto orfanato em que os internos procuram inutilmente adotar uns aos outros..." Com todo mundo pedindo pix a todo mundo... E que, como escreveu Schopenhauer: a modéstia é a virtude dos asnos... (?)
De uma sala dos fundos alguém riscava no violino, "distraidamente", uma ou outra nota de Miserere, enquanto um coroinha, com aquela voz de falsetti (que lembrava aqueles eunucos da capela do Duque da Baviera), resmungou: Dominus vobiscum...
E a turma, de joelhos, ainda em jejum, sem saber uma única palavra de latim, retrucou:
Et cum spiritu tuo...
quinta-feira, 7 de setembro de 2023
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
A questão, evidentemente, não é "acabar com a fome"... mas lutar contra a impossibilidade de comer...
Mais uma razão para se ter cuidado e para saber o que se está falando... Até o Mendigo K e sua turma (que não dominam mais de vinte ou trinta palavras) estão revoltados com as falas recorrentes do Presidente Lula sobre um tal Programa que pretende 'acabar com a fome'. Ora, a fome - esbravejam - qualquer um sabe, é sinal de saúde! Só em alguns casos de doenças crônicas ou depois de mascar umas folhas de coca, ou de queimar uma pedra de crack, o sujeito não tem mais fome... E, qualquer um, mesmo os obesos, sem fome, morreriam por inania e inanição... Claro, todo mundo entende que o tal programa não quer acabar com a fome, mas com a impossibilidade de comer, daqueles que tem fome...
Portanto, é necessário diminuir o fosso 'linguistico" entre os hipnotizadores e os hipnotizados... Fazer alguns esclarecimentos sobre os riscos da alienação e da diplopia...
O que fazem os duzentos e tantos parasitas que assessoram o presidente, que não o assessoram? Que não o corrigem? Que não lhe fazem ver que, como dizia aquele cigano, a linguagem é um zoológico... que as palavras ladram, dão dentadas, copulam, devoram...? Ou, pelo menos, que o uso comum da linguagem - como dizia Mallarmé - se parece à troca de uma moeda cujo verso e anverso já não mostram senão figuras apagadas, e que, mesmo assim, é passada de mão em mão em silêncio...
O que faz aquele exército de súditos apadrinhados que não o instruem e, principalmente, que não o impedem de, pelo menos, ao falar em público, levantar os olhos para as nuvens, como se estivesse no auge de um surto místico, tendo uma visão da Irmã Dulce, da Virgem ou de um extra-terrestre?
Ora!, camaradas, num mundo de 8 bilhões de 'almas', onde 7 bilhões e meio são analfabetos, subalternos, supersticiosos, escravos, puxa-sacos e energúmenos de quatro, à espera de Godot, a performance é tudo...