domingo, 27 de novembro de 2022

A Barra da Lagoa, e o dilúvio... na Servidão da Prainha...

 



A noite e o temporal despencaram sobre a colina e sobre o barraco que resistiu bravamente ao temporal (sem raios), às lufadas da ventania e às pedras gigantescas, fingindo-se de mortas, mas ansiosas por rolar em direção ao mar bravio e por sobre aquela cambada de parasitas, com suas redes, barcos e pranchas... A luz se foi... e que falta faz uma caixa de fósforos! As ondas do mar triplicaram de altura e de branquitude. Até as gaivotas silenciaram e desapareceram. Um principio de noite parecido ao fim do mundo. O bambuzal da frente ia ao solo como um dervixe embriagado. Olhando para essa maravilha assustadora, qualquer analfabeto lembraria daquilo que cacarejava Chateaubriand: 'aqueles que nunca navegaram têm dificuldade para entender o que se sente quando, do convés do navio já não se vê mais do que a face austera do abismo'... Pela manhã, arrumar as bagagens, meter-se no meio do vendaval e partir... sem ilusões, porque, como afirmava Cossery, a liberdade é uma noção abstrata e um preconceito burguês...

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