[...Le plus vil et le plus pauvre aspect
que la misère, dégradant l'homme, ait inventé
Pour l'approcher de la bête...]
Shakespeare
Sinceramente, gostei dessa malandragem dos padres aqui na entrada da Holy Rosary Cathedral (Catedral do santo rosário), para afastar e evitar que a mendigada da cidade continuasse dormindo aqui nas escadas e portas e fazendo ponto de mendigarem, incomodando assim os beatos que para ali acorrem quando sentem a barra pesar. Claro que não poderiam deixar de dar um ar humanista à black e macabra estátua de pedra. E a chaga no pé esquerdo da obra o que seria senão o significante que faz o gancho com tudo e com todos os signos que a mística pretende... Boa ideia! Tudo perfeito! Excelente! Observei um mendigo (com o perfil dos antigos aborígines daqui, mas que não era esquimó) que admirava de todos os ângulos seu "irmão"de pedra e de miséria ali, imóvel e petrificado sob o cobertor humanista.., depois passou a mão por aquele suposto corpo, não por pena e nem por compaixão, mas apenas para certificar-se com que material, mármore ou ferro havia sido feito... Coçou a cabeça, deu meia volta com uma ameaça de sarcasmo na boca e desapareceu... Acheio o máximo! A cena valeu! Apesar dos 9 graus, a quinta-feita-estava ganha! O sucesso do cristianismo é que ele realmente é um movimento literário!, que lembra o poema PARASITAS, de Guerra Junqueira:
Andavam a mostrar em cima dum jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento.
Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento,
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem entendimento.
E toda a gente deu esmola aos tais ciganos;
Deram esmola até mendigos quase nus.
E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz.
Que andais pelo universo há mil e tantos anos"
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