"Sonho que cavalgo um dragão até o céu... Despertando, eis que volto de repente para a prisão..."
Ho Chi Minh
(IN: Diário de prisão, página 37 )
A tão esperada decisão no STF sobre a tal CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA que esta acontecendo neste momento, surpreendeu-me lendo nada mais nada menos que O Diário de Prisão de Ho Chi Minh, uma tradução do inglês, com uma introdução de Harrisson E. Salisbury e prefácio de Phan Nhuan. Sempre me impressiono com a capacidade de discursar dos advogados e dos juristas, sejam eles de acusação ou de defesa. De onde conseguem arrancar aquela verborréia? E se exaltam. Fingem estar indignados. Introduzem de vez em quando em seus desabafos uma frase em latim, essa língua ridícula e putrefata e o fazem não para declarar alinhamento com Beccaria ou com o Direito Romano, mas com o Vaticano... (mais especificamente com o Papa Anacleto)... E falam da Constituição como se ela fosse uma espécie de Cabala e tivesse sido composta por um grupo de sábios em alguma catacumba aqui dos trópicos... E na platéia, selecionada a dedo e pela marca do paletó, a cada frase mais exaltada e conclusiva, percebe-se a gerontocracia ou seus enviados fazendo um movimento afirmativo de cabeça. Parece que daquela sessão sairá a salvação do mundo. Que as penitenciárias, os presídios, os calabouços e as cadeias, das mais singelas às mais abjetas, serão, a partir de amanhã, não apenas humanizadas, mas derrubadas. "Ninguém mais será condenado antes do transito em julgado". Cacareja um daqueles clowns. E meia hora antes dessa frase insondável, esfingética e sibilina de um dos ilustres advogados, ouve-se o tiroteio num assalto espetacular no aeroporto de Viracopos... 7 ou oito milhões de dólares que estavam sendo enviados (desviados) para o exterior. De quem para quem? Um assalto parecido a outro, recente, o dos vigotes de ouro num outro aeroporto daquele mesmo Estado. E que até hoje ninguém sabe quem foram os assaltantes, de onde havia aparecido tanto ouro, quem eram seus verdadeiros proprietários e para onde estava sendo enviado. E as frases em latim continuam. As câmeras mostram as excelências na platéia que limpam os óculos ou que coçam as virilhas e o saco. Fico imaginando o Marcola, o Elias Maluco, o Fernandinho Beira-mar e outros presos famosos assistindo a esse espetáculo melancólico desde suas penitenciárias e lembrando o preço de cada uma daquelas excelências e de cada um dos habeas corpus... Data vênia doutor.
A velhinha de 86 anos que vende picolé e água ali na esquina, ao mesmo tempo em que passa um pano não muito limpo em seus copos, diz ironicamente a um de seus clientes: Data vênia, mas um judiciário que mantém 300 mil presos irregularmente e em prisões abomináveis, deveria ter vergonha de aparecer em público e muito mais de falar em latim... E quando seu cliente já estava se despedindo, aquela velhinha cheia de malandragens e sem 'constrangimento epistêmico' lhe cochichou: E depois, uma prova cabal de que a cadeia, alem ser um instrumento de vingança estatal não regenera ninguém, é que o LULA anda dizendo para todo mundo que quando for solto irá casar-se novamente... Bah!, que miséria!!
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2019/10/18/interna_politica,798681/prisao-apos-segunda-instancia-pgr-alerta-para-triplo-retrocesso.shtml
ResponderExcluirhttps://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/10/07/interna_cidadesdf,795475/apos-passar-mal-na-papuda-traficante-toninho-do-po-morre-no-hran.shtml
ResponderExcluirhttp://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/10104/8930
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