O sádico cotidiano...
Ou seriam psicopatas corporativos
Fato é que se parecem muito com líderes empresariais
Imagem Ilustrativa/Reprodução
Créditos: Matéria Revista GQ
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Ele responde com frieza ao medo e à ansiedade. Fica confortável assumindo grandes riscos ou tomando decisões difíceis, como demitir gente e cortar benefícios. É impulsivo, brilha sob pressão e demonstra uma autoconfiança charmosa mesmo quando está sendo brutal em suas ações. Cuidado. Por trás desse perfil de CEO dos sonhos, pode se esconder um “sádico cotidiano”, o mais novo integrante do agora chamado quarteto das personalidades sombrias.
Ao lado de maquiavélicos, narcisistas e psicopatas, esse tipo aparece em um estudo de Delroy Paulhus, um psicólogo da Universidade de British Columbia, sobre comportamentos ofensivos no limite do socialmente aceitável: “Não extremos o bastante para chamar atenção clínica ou forense, eles podem se dar bem (mesmo florescer) no trabalho cotidiano”.
Sem dúvida florescem no ambiente empresarial. “Muitas características de psicopatas corporativos podem ser confundidas com liderança ou traços positivos”, alertou a publicação digital americana Quartz. “Abençoados com um excesso de confiança e talento para mentir, eles deslumbram em entrevistas, causam grandes primeiras impressões e muitas vezes disparam sem esforço organograma acima.”
A lista de psicopatas corporativos icônicos tem desde criações ficcionais como Gordon Gekko, personagem de Michael Douglas no filme Wall Street, imortalizado pelo bordão “Greed is good”, até gente de carne e osso, como Al Dunlap, um reestruturador de empresas conhecido como Al Motosserra pelo ímpeto com que cortava empregos. Maquiavélicos? Pense em Bernie Madoff, o consultor de investimentos que depenou milhares de clientes com a maior pirâmide financeira da história. Certos gigantes dos negócios cabem em mais de uma categoria. Steve Jobs, por exemplo, era tanto narcisista como psicopata. Donald Trump combina traços maquiavélicos, psicóticos e narcisistas. Como nosso Eike Batista. Don Draper, Frank Underwood e Miranda Priestly nos lembram quão charmosos podem ser as personalidades sombrias.
No livro Snakes in Suits, de 2006, Robert Hare e Paul Babiak contam que, em um estudo com 200 executivos de renome, 3,5% exibiram traços de psicopatia. Parece pouco, mas é mais de três vezes a taxa para a população em geral.
Evidências sugerem que pessoas com inclinações psicopatas preferem setores mais competitivos, como o financeiro. Em seu livro The Wisdom of Psychopaths, o psicólogo Kevin Dutton afirma que as maiores concentrações de personalidades psicopatas são encontradas entre CEOs, advogados e profissionais de mídia.
Mas como identificar um sádico cotidiano? Infelizmente, ainda dependemos basicamente da intuição. É duro convencer as empresas a deixar psicólogos testarem seu pessoal em busca de personalidades destrutivas. Quase todos os experimentos por trás do quarteto sombrio foram feitos com estudantes universitários e presidiários. Delroy Paulhus sustenta que testes nas companhias seriam úteis para evitar que “indivíduos inapropriados sejam colocados em posições nas quais possam causar sérios danos”.
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