Os milaneses estão surpresos com a inédita recusa de Patrícia Reggiani (condenada a 26 anos com 14 já cumpridos) de trocar a penitenciária pelo trabalho numa escola ou num bar. “Nunca trabalhei na vida, não penso em começar agora” – retrucou ao juiz que lhe propôs a liberdade. Patrícia Reggiani – os ‘petimetres’ e os alienados da moda devem lembrar-se – foi a mulher do Mauricio Gucci, sobrinho do chefão da moda italiana, aquele porra louca e extravagante que foi assassinado a mando dela. Acostumada a turbinar as passarelas, as farras noturnas de Milão e a gastar fortunas com futilidades (só com orquídeas gastava vinte mil por mês), nem precisa fazer muito esforço para justificar sua admirável e compreensível fobia ao trabalho. Quando alguém prefere uma cela à liberdade não lhes parece que é mais do que a hora de redefinir essa ficção? Aliás, na minha adolescência conheci um sujeito que não tinha dúvidas: preferia uma prisão nos EEUU do que estar solto por aqui. Deve estar mofando por lá. Dizem que ao ser presa e ao colocar os pés no presídio a senhora Patrícia exclamou: “Ai de mim! Se pelo menos pudesse maquiar-me!”. Que seria do mundo sem esses lances cômicos, infanto-juvenis e perversos da burguesia!?
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