quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Em resposta à imortalidade da corrupção, exigimos a morte dos corruptos!!!
Além de uns poucos sexagenários como eu, a manifestação era só de jovens: doze, quinze, vinte, trinta, trinta e cinco anos, felizes, apaixonados, deslumbrados. Todos filhos, netos e até bisnetos das perdidas e desvairadas gerações dos anos 60. Tempos dos tanques, da cannabis, dos espias, de Lacan, da politicagem, das torturas, do rock in Roll, do DOPS, das algemas, dos hippies e do exílio. Onde estariam seus pais, avós e bisavós nesta manhã de sol abrasador? Possivelmente mortos, dementes, bêbados em algum boteco ou, quem sabe, até mesmo contando dinheiro em alguma reunião extraordinária e secreta nos ministérios... Difícil estar ali no meio sem um certo receio de que algum deles apontasse o dedo em minha cara para acusar-me de Banana! Conivente e dinossauro irresponsável! Bundão omisso! Quê havíamos feito (ou deixado de fazer) eu e os de minha geração em todos os nossos anos para ter permitido que as coisas chegassem a tal nível de degradação e a tal grau de sujeira? Mas, reprimidos durante tanto tempo foram bonzinhos e complacentes com minha presença. Todos esses anos de fracasso social e de mentiras políticas também serviram para incutir-lhes a ignóbil ideia de que todo velho deve ser respeitado, não importa o quanto mal ele fez ou quanto mafioso ele é. A marcha seguiu da Biblioteca Nacional até o Congresso, passando por um acampamento onde milhares de beatos gritavam slogans de adoração à Cristo e a sua Mãe. Esses alienados e masoquistas - raciocinei - talvez sejam até mais felizes que os da manifestação anti-corrupção uma vez que se contentam com o gozo no além, na tumba, no nada. Enquanto de lá vinha o canto Jesus meu amigo..., Virgem isto e virgem aquilo... aqui gritávamos com todas as forças: políticos filhos da puta! Juízes porcos e ladrões! Desçam de seus postos putaiada delinquente, porque na próxima passeata cada um de nós trará meio tijolo no bolso!
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