terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um verme nunca repreende outro verme e um cão nunca condena outro cão!

Frequentemente recebo cartas de estudantes de pedagogia, de professores humildes, de pais de alunos e até de alguns intelectuais mais sofisticados perguntando quais foram, na minha opinião, os educadores e os métodos educativos mais importantes e mais influentes no ontem e quais são os de hoje no nosso dia a dia. Sei que na grande maioria estão esperando que eu lhes fale de Montesori, Paulo Freire, de Anisio Teixeira, de algum francês ou norte americano que estão na moda etc, mas estão equivocados. Os educadores mais influentes, pelo menos das ultimas decadas e que fizeram um estrago terrível não só na cabeça de nossas crianças, mas também na de quem tem menos de quarenta anos neste país, nem sequer têm nome. Só os conhecemos por seus apelidos e codinomes, basta ligar a TV que estão todos os dias lá na tela, em seus postos, comandando há decadas seus programinhas de merda e mistificando-se a si mesmos perante esse imenso universo de burrice incurável que é a sociedade. Vejam como aquela histérica comanda dois besteirois ao mesmo tempo! Aquela outra está no ar desde que nasceu e sempre nos mesmos horários. A outra herdou a mamata de outro pilantra e aparece uma vez por semana, mas seu programa dura bem mais que o das outras. A outra, que parece uma vaca, fala o que quer e mostra o que bem entende nos horários mais nobres. A outra tem enganado gente de todas as idades. A outra, a que fala ternamente para as crianças tem um passado mais do que duvidoso, o senhor X é conhecidamente um bandido, o Senhor Y é um crápula descarado, o Senhor K nem merece comentários, o monsieur J é um bosta inqualificável, o âncora U deveria estar internado, o âncora Z tem uma predileção pelo fascismo, o mais velho deles não desgruda da vaselina, etc, etc, etc. Sem falar dos locutores de futebol, dos autores das novelas que, uma atrás da outra envenenam nossas donas de casa, nossas vovós, nossos deprimidos em geral e que se repetem obsessiva e compulsivamente em todos os canais, sem falar dos pastores e de suas prédicas madrugada a dentro, sem falar das celebridades idealizadas pelo populacho e que o são muito mais pelo uso que fazem do rabo e das coxas do que por outra coisa, e sem falar dos políticos profissionais que têm instituído a lógica da mentira e da rapina no cérebro de nossas crianças...

Por isso - respondo aos meus interlocutores, para as escolas e para as “tias” (que não desgrudam da TV) não resta outra coisa a não ser seguir discutindo no interior das escolas e nos horários de aulas as mesmas lenga lengas cretinas insinuadas pela televisão, incorporadas e defendidas por seus atordoados e abobalhados familiares. O “artista” tal, a “pornô” tal, o estuprador Y, o perneta tal cantando em hebráico, o ladrão K, o senador U, a pilantra Z, o milionário V, o meia esquerda G, a miss H, o jatinho novo daquela mula, o estelionatário P, o milagreiro W, o cantor L, o Big brother Q, a modelo M, o pederasta C, a sociallite B.

E não adianta pedir paciência, porque para essa desgraceira educativa e cultural não há solução possível através da vaselina, das unhas pintadas e nem da cordialidade. Sem uma iniciativa de massa, expontânea, apartidária e radical o chiqueiro em que estamos vivendo só se ampliará. Não sejamos ingênuos esperando que esses abutres, eles próprios tomem algum tipo de providências, pois para eles está tudo ótimo. Seus salários mensais seriam suficientes para alimentar para sempre os milhões de fodidos que vivem por aí com poeira acumulada na garganta e mergulhados na mais abjeta miséria. Lembrem-se: nada é mais reacionário que a paciência, já que um verme nunca repreende outro verme e que um cão nunca condenará outro cão!

4 comentários:

  1. Um dos melhores comentários de todo ano! Perfeito!

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  2. Este comentário diz tudo o que eu penso.
    Parabéns!

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  3. Um ciclo vicioso que só se repete porque é difícil enxergar além usando viseiras, escondendo-se de si, distraindo-se com o nada, importando-se apenas consigo mesmo. Só deseducando o ser humano desta educação destruidora. Isto é urgente e preciso!!!!!

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  4. É verdade, mas não se deve esquecer: só se fala mal dos crocodilos depois que se atravessa o pântano. Não é, Ezio?

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