ELA – Por que nunca sonho com meu marido, se todo mundo sonha? Nesses dois anos o que mais quis foi poder vê-lo, mesmo que fosse em sonhos… Gostaria de encontrar alguem que abrisse aquela tumba… Como deve estar seu corpo?
EU – Irreconhecível.
ELA – Levantei-lhe as pálpebras e vi seus olhinhos negros. Beijei-lhe a boca, mas só depois de retirar o batom. Por que as funerárias passam batom nos lábios dos mortos?
EU – Para cobrar mais caro pelo enterro.
ELA – Com o próprio véu que caia sobre sua face limpei-lhe a boca - meu marido não era viado – foi nosso último beijo. Frio, muito frio, talvez até mesmo mais frio que a própria morte...
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