quinta-feira, 29 de setembro de 2011
«Donna con i chiodi in bocca»
Na foto ao lado os restos mortais (o esqueleto) de uma mulher encontrados nas escavações de uma (necropoli medievale al mare del Golfo di Baratti). Em sua boca havia sete pregos de quatro centímetros cada um.
Quem poderia advinhar o significado desses pregos, do número 7, dos 4 centímetros e de mais alguma outra particularidade do destino dessa pobre criatura?
Os oraculistas de plantão já fizeram suas apostas. Para uns deve tratar-se de uma bruxa medieval, para outros, simplesmente de uma senhora adultera castigada por nossos distintos ancestrais.
Numa reflexão paralela bem que os arqueólogos poderiam levantar tambem esta outra especulação: como é possível que um PREGO, apesar de ser um prego, dure mais que um SER, apesar de ser um ser?
«Donna con i chiodi in bocca»
Na foto ao lado os restos mortais (o esqueleto) de uma mulher encontrados nas escavações de uma (necropoli medievale al mare del Golfo di Baratti). Em sua boca havia sete pregos de quatro centímetros cada um.
Quem poderia advinhar o significado desses pregos, do número 7, dos 4 centímetros e de mais alguma outra particularidade do destino dessa pobre criatura?
Os oraculistas de plantão já fizeram suas apostas. Para uns deve tratar-se de uma bruxa medieval, para outros, simplesmente de uma senhora adultera castigada por nossos distintos ancestrais.
Numa reflexão paralela bem que os arqueólogos poderiam levantar tambem esta outra especulação: como é possível que um PREGO, apesar de ser um prego, dure mais que um SER, apesar de ser um ser?
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
A arte de ressuscitar ilusões e defuntos...
No casarão amarelo de Secos & Molhados de minha adolescência as vassouras do Jânio Quadros serviam para retirar as teias de aranha do teto, para derrubar algum rato do alto dos caibros e até mesmo para esmagar a cabeça de alguma cascavel que rebolava no meio dos cafezais. Foi uma sacada astuta do então candidato à P. da República para iludir os eleitores de que varreria a corrupção do mapa nacional. Pouco tempo depois de eleito ele próprio, com aquela linguagem de demente e com aquele olhar de extra terrestre foi varrido e a corrupção seguiu germinando de forma geométrica, com alguns ilustres até afirmando por aí, principalmente em reuniões familiares, na hora de repartir os pacotes, que ela é a forma mais prática de redistribuição do capital. (Não discorde, porque eles e suas proles sabem muito bem o que dizem!)
Hoje, um dia depois de uma corregedora acusar a magistratura de ser um ninho de bandidos e no mesmo dia em que um punhado de vivaldinos criou mais um partido, curiosa e melancolicamente a vassoura está de volta e como signo da mesma ilusão. As sete da manhã já havia uma dúzia de fotógrafos (a serviço do Quarto Phoder) ali nos gramados secos em frente o Congresso Nacional onde centenas delas foram cravadas para turbinar mais uma das tantas performances nacionais em direção ao nada. No meio daquela encenação matinal deparei-me com meu velho amigo mendigo devorando um imenso pastel. Cuidadoso para que a imprensa não escutasse, cochichou-me: Você não acha que ao invés de vassouras deveriam instalar aqui uma centena de fuzis AR 15? Deu uma radiante gargalhada e completou: Dostoiévski diria que as denuncias da corregedora, a criação de um novo partido e isto aqui nos remetem a mais um caso fantástico, moderno, a mais um caso típico de nossa época, em que os corações dos homens tornaram-se imundos...
A arte de ressuscitar ilusões e defuntos...
No casarão amarelo de Secos & Molhados de minha adolescência as vassouras do Jânio Quadros serviam para retirar as teias de aranha do teto, para derrubar algum rato do alto dos caibros e até mesmo para esmagar a cabeça de alguma cascavel que rebolava no meio dos cafezais. Foi uma sacada astuta do então candidato à P. da República para iludir os eleitores de que varreria a corrupção do mapa nacional. Pouco tempo depois de eleito ele próprio, com aquela linguagem de demente e com aquele olhar de extra terrestre foi varrido e a corrupção seguiu germinando de forma geométrica, com alguns ilustres até afirmando por aí, principalmente em reuniões familiares, na hora de repartir os pacotes, que ela é a forma mais prática de redistribuição do capital. (Não discorde, porque eles e suas proles sabem muito bem o que dizem!)
Hoje, um dia depois de uma corregedora acusar a magistratura de ser um ninho de bandidos e no mesmo dia em que um punhado de vivaldinos criou mais um partido, curiosa e melancolicamente a vassoura está de volta e como signo da mesma ilusão. As sete da manhã já havia uma dúzia de fotógrafos (a serviço do Quarto Phoder) ali nos gramados secos em frente o Congresso Nacional onde centenas delas foram cravadas para turbinar mais uma das tantas performances nacionais em direção ao nada. No meio daquela encenação matinal deparei-me com meu velho amigo mendigo devorando um imenso pastel. Cuidadoso para que a imprensa não escutasse, cochichou-me: Você não acha que ao invés de vassouras deveriam instalar aqui uma centena de fuzis AR 15? Deu uma radiante gargalhada e completou: Dostoiévski diria que as denuncias da corregedora, a criação de um novo partido e isto aqui nos remetem a mais um caso fantástico, moderno, a mais um caso típico de nossa época, em que os corações dos homens tornaram-se imundos...
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Micro analogia entre banqueiros e sequestradores...
Nas últimas semanas – sabe-se lá porque – todos os gêneros de mídia resolveram obsessivamente orientar aos consumidores sobre os famigerados CARTÕES de crédito. (Ou Cartões de débito?) Passaram a dar verdadeiras aulas de economia e de matemática aos ouvintes (principalmente aos da tal classe C), a fazer pacientemente cálculos astronômicos sobre datas, calendários, porcentagens, juros e mais juros sobre juros e por fim, quase que paternalmente a implorar para que os usuários continuem gastando, claro, mas só aquilo que possam pagar, que não caiam na armadilha de quitar apenas o mínimo da fatura e muito menos de darem o cano nos bancos. Em caso de não terem como pagar, que procurem negociar com os gerentes para não desgraçarem suas vidas com as severas punições advindas da inadimplência. Sinceramente, não dá a impressão de que estão a serviço dos banqueiros? Não dá a impressão de que deixaram de falar o essencial sobre a questão? Uma lógica muito parecida podemos ver no discurso dos policiais quando orientam sobre sequestros relâmpagos: não reaja! Não olhe nos olhos do sequestrador! Mesmo que você tenha a chance de dar-lhe um tiro nos miolos, não o faça, entregue a ele tudo o que você tem de valor, até mesmo aquela nota de cem libras escondida na cueca. Fique bonzinho e calmo que, quem sabe, como os banqueiros, ele também poderá, por compaixão, até poupar-lhe a vida… Sinceramente, não parece que a polícia está do lado dos bandidos? Não dá a impressão de que a questão fundamental não é sequer mencionada?
Com certeza, tanto a mídia como a polícia devem ter lido A mente assassina, de David Abrahamsem, onde ele insinua que "em muitos casos, o homicídio (a usura e o roubo) é provocado ou estimulado inconscientemente pela vítima".
Micro analogia entre banqueiros e sequestradores...
Nas últimas semanas – sabe-se lá porque – todos os gêneros de mídia resolveram obsessivamente orientar aos consumidores sobre os famigerados CARTÕES de crédito. (Ou Cartões de débito?) Passaram a dar verdadeiras aulas de economia e de matemática aos ouvintes (principalmente aos da tal classe C), a fazer pacientemente cálculos astronômicos sobre datas, calendários, porcentagens, juros e mais juros sobre juros e por fim, quase que paternalmente a implorar para que os usuários continuem gastando, claro, mas só aquilo que possam pagar, que não caiam na armadilha de quitar apenas o mínimo da fatura e muito menos de darem o cano nos bancos. Em caso de não terem como pagar, que procurem negociar com os gerentes para não desgraçarem suas vidas com as severas punições advindas da inadimplência. Sinceramente, não dá a impressão de que estão a serviço dos banqueiros? Não dá a impressão de que deixaram de falar o essencial sobre a questão? Uma lógica muito parecida podemos ver no discurso dos policiais quando orientam sobre sequestros relâmpagos: não reaja! Não olhe nos olhos do sequestrador! Mesmo que você tenha a chance de dar-lhe um tiro nos miolos, não o faça, entregue a ele tudo o que você tem de valor, até mesmo aquela nota de cem libras escondida na cueca. Fique bonzinho e calmo que, quem sabe, como os banqueiros, ele também poderá, por compaixão, até poupar-lhe a vida… Sinceramente, não parece que a polícia está do lado dos bandidos? Não dá a impressão de que a questão fundamental não é sequer mencionada?
Com certeza, tanto a mídia como a polícia devem ter lido A mente assassina, de David Abrahamsem, onde ele insinua que "em muitos casos, o homicídio (a usura e o roubo) é provocado ou estimulado inconscientemente pela vítima".
sábado, 24 de setembro de 2011
ROCK IN RIO...
Pelo pouco que já consegui entender da vida, (de esta loca y puta vida) conforme vamos passando pelo tempo vamos também olhando para as coisas de ângulos diferentes, quase sempre (apesar das deficiencias visuais inevitáveis) de maneira privilegiada e mais lúcida. O Rock in Rio, por exemplo: se tivesse vinte ou trinta anos também teria ido em romaria para lá e estaria babando no meio daquele bando de mentecaptos delirantes que desde ontem se pisoteia, se mija nos joelhos e se esgoela para ver no palco outro bando de pavões, vivaldinos e de narcisistas (muito, mas muito bem e até criminosamente remunerados) repetindo as mesmas merdas disfonicas de há pelo menos quatro ou cinco décadas. Sinceramente, para um homem de 62 anos, que viveu três minutos em cada minuto, ter que ouvir o Milton Nascimento cantando novamente Amigo é coisa pra se guardar….. não dá. Ouvir o tal do Elton John com seu bundão saliente rosnando, muito menos ainda. Aquele barulho irracional dos bateristas, os saltinhos orquestrados para cá e para lá da trupe inteira querendo imitar os roqueiros suicidas dos anos 60 é algo melancólico. Agora, o mais fascinante mesmo (antropologicamente falando) são as “meninas” e o uso que pretendem fazer das carnes e "das partes" diante de uma platéia meia lésbica e meia tarada. Apesar de seus jatinhos, de suas contas bilionárias, de serem tratadas como rainhas por onde andam e de terem a seus pés legiões e legiões de velhotes e de punheteiros dementes, é visível na coreografia e na histeria dessas figuras, que na essência continuam se achando unas mierdas. Intuem que são um blefe ambulante e não sabem mais o que exibir de si para encontrar algum tipo de equilibrio e de saciação. O que lhes resta? O corpo. Principalmente a parte (gostosa) que fica entre os joelhos e o umbigo. Se pudessem, acho que até abririam mais ainda as pernas no palco e colocariam as tetas, a xota e até o rabo literalmente para fora, no tablado e sob as luzes da ribalta ao mesmo tempo em que imploravam para a massa de debilóides de braços levantados lá em baixo que queimassem incenso e que “tocassem uma” em sua homenagem. Mas vamos com calma. A festa apenas começou. Quem sabe a Shakira e a Sangalo apareçam “desnudas” e depiladas! Quem sabe o gordinho inglês não volte ao palco apenas de cuecas e como fez a Sandra de Sá com a Bebel Gilberto, não de um beijinho de boca em algum tupinambá… Quem sabe as autoridades culturais não revelem ao populacho a verdadeira intenção e os verdadeiros dividendos dessa festança!!! Povera gente!
ROCK IN RIO...
Pelo pouco que já consegui entender da vida, (de esta loca y puta vida) conforme vamos passando pelo tempo vamos também olhando para as coisas de ângulos diferentes, quase sempre (apesar das deficiencias visuais inevitáveis) de maneira privilegiada e mais lúcida. O Rock in Rio, por exemplo: se tivesse vinte ou trinta anos também teria ido em romaria para lá e estaria babando no meio daquele bando de mentecaptos delirantes que desde ontem se pisoteia, se mija nos joelhos e se esgoela para ver no palco outro bando de pavões, vivaldinos e de narcisistas (muito, mas muito bem e até criminosamente remunerados) repetindo as mesmas merdas disfonicas de há pelo menos quatro ou cinco décadas. Sinceramente, para um homem de 62 anos, que viveu três minutos em cada minuto, ter que ouvir o Milton Nascimento cantando novamente Amigo é coisa pra se guardar….. não dá. Ouvir o tal do Elton John com seu bundão saliente rosnando, muito menos ainda. Aquele barulho irracional dos bateristas, os saltinhos orquestrados para cá e para lá da trupe inteira querendo imitar os roqueiros suicidas dos anos 60 é algo melancólico. Agora, o mais fascinante mesmo (antropologicamente falando) são as “meninas” e o uso que pretendem fazer das carnes e "das partes" diante de uma platéia meia lésbica e meia tarada. Apesar de seus jatinhos, de suas contas bilionárias, de serem tratadas como rainhas por onde andam e de terem a seus pés legiões e legiões de velhotes e de punheteiros dementes, é visível na coreografia e na histeria dessas figuras, que na essência continuam se achando unas mierdas. Intuem que são um blefe ambulante e não sabem mais o que exibir de si para encontrar algum tipo de equilibrio e de saciação. O que lhes resta? O corpo. Principalmente a parte (gostosa) que fica entre os joelhos e o umbigo. Se pudessem, acho que até abririam mais ainda as pernas no palco e colocariam as tetas, a xota e até o rabo literalmente para fora, no tablado e sob as luzes da ribalta ao mesmo tempo em que imploravam para a massa de debilóides de braços levantados lá em baixo que queimassem incenso e que “tocassem uma” em sua homenagem. Mas vamos com calma. A festa apenas começou. Quem sabe a Shakira e a Sangalo apareçam “desnudas” e depiladas! Quem sabe o gordinho inglês não volte ao palco apenas de cuecas e como fez a Sandra de Sá com a Bebel Gilberto, não de um beijinho de boca em algum tupinambá… Quem sabe as autoridades culturais não revelem ao populacho a verdadeira intenção e os verdadeiros dividendos dessa festança!!! Povera gente!
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Je ne suis pas ton frère...
"Um morador de rua foi morto na última terça-feira (21-09) e encontrado próximo à administração regional do Guará, localizada na região do Guará II. José Maria de Araujo, 58 anos, foi esfaqueado por outro morador de rua, José Fernandes da Silva, 44, após supostamente ter estuprado a cachorrinha do colega. A polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) registrou o homicídio na Quarta (DP), responsável pela região, e informou que a vítima morreu no local." ECCE BESTIA!!!
Je ne suis pas ton frère...
"Um morador de rua foi morto na última terça-feira (21-09) e encontrado próximo à administração regional do Guará, localizada na região do Guará II. José Maria de Araujo, 58 anos, foi esfaqueado por outro morador de rua, José Fernandes da Silva, 44, após supostamente ter estuprado a cachorrinha do colega. A polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) registrou o homicídio na Quarta (DP), responsável pela região, e informou que a vítima morreu no local." ECCE BESTIA!!!
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Um verme nunca repreende outro verme e um cão nunca condena outro cão!
Um verme nunca repreende outro verme e um cão nunca condena outro cão!
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
sábado, 17 de setembro de 2011
Lamento de uma mulher de oitenta anos...
ELA – Por que nunca sonho com meu marido, se todo mundo sonha? Nesses dois anos o que mais quis foi poder vê-lo, mesmo que fosse em sonhos… Gostaria de encontrar alguem que abrisse aquela tumba… Como deve estar seu corpo?
EU – Irreconhecível.
ELA – Levantei-lhe as pálpebras e vi seus olhinhos negros. Beijei-lhe a boca, mas só depois de retirar o batom. Por que as funerárias passam batom nos lábios dos mortos?
EU – Para cobrar mais caro pelo enterro.
ELA – Com o próprio véu que caia sobre sua face limpei-lhe a boca - meu marido não era viado – foi nosso último beijo. Frio, muito frio, talvez até mesmo mais frio que a própria morte...
Lamento de uma mulher de oitenta anos...
ELA – Por que nunca sonho com meu marido, se todo mundo sonha? Nesses dois anos o que mais quis foi poder vê-lo, mesmo que fosse em sonhos… Gostaria de encontrar alguem que abrisse aquela tumba… Como deve estar seu corpo?
EU – Irreconhecível.
ELA – Levantei-lhe as pálpebras e vi seus olhinhos negros. Beijei-lhe a boca, mas só depois de retirar o batom. Por que as funerárias passam batom nos lábios dos mortos?
EU – Para cobrar mais caro pelo enterro.
ELA – Com o próprio véu que caia sobre sua face limpei-lhe a boca - meu marido não era viado – foi nosso último beijo. Frio, muito frio, talvez até mesmo mais frio que a própria morte...
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Compra-se esmeraldas, safiras, rubis, turquesas persas, ouro e jade... Sigilo absoluto e dispensa-se comprovação de procedência do material.
O assalto aos 170 cofres privados do Banco Itaú da Avenida Paulista tem causado uma espécie de comiseração, de cobiça, de inveja e de secreta satisfação na população pelo país a fora. O roubo em si, a audácia, a confiança e a identidade dos ladrões parecem ser o que menos interessa no momento. Se os autores são da própria polícia, do próprio banco, gangues latino-americanas de ourives ou até mesmo alguns dos locatários das tais botijas, isto é secundário. O que todo mundo está legitima e perversamente querendo saber são detalhes, pormenores e particularidades sobre as origens dos milhões que alguns senhores e que algumas senhoras anônimas "enterravam" lá, principalmente em safiras, rubis, diamantes, turquesas da Pérsia, pérolas japonesas, pedras diversas saqueadas das minas da África do Sul, ouro em pó e etc. Como teriam conseguido tudo isso? É possível ter três milhões em joias sem roubar? É até cômico ouvir pessoas simplórias desempregadas há décadas ou que faturam mensalmente menos que um salário mínimo discutindo essas questões, especulando sobre o valor real das pedras colombianas, indianas, africanas e até mesmo o seu significado histórico. Para que serve e o que significa um bracelete repleto de rubis, as argolas de ouro, diademas e brincos cravejados de esmeraldas? No passado eram amuletos - esclarece alguém mais erudito, peças de magia usadas para proteger as cavidades e os buracos do corpo - nariz, ouvido, boca, olhos, os músculos da xota e os esfíncteres do rabo. Mas hoje... Percebo, não sei se por pura inveja ou por algum resquício de consciência primitiva, que a maioria da população está do lado dos bandidos e que considera as “vítimas” muito mais ladras e cínicas que os próprios assaltantes. Como é possível ter dois três milhões em pedras preciosas (escondidas) sem ser um gatuno? – Indagava o porteiro do prédio. Outro se perguntava: Mas então, o que chamam capitalismo selvagem ou monarquia disfarçada é esse trafico de pedras? Outro, um pouco mais ilustrado, mas que também tem quatro filhos e ganha seiscentos reais por mês depois de mencionar a famosa máscara de jade de Montezuma e o areópago de Atenas, lembrava que os chefes sertanistas e bandeirantes, alguns até considerados babacamente heróis nacionais, só tinham dois objetivos em suas andanças pelas entranhas da pátria: pisotear os quilombos e rapinar ouro e pedras preciosas. Todos pertenciam à escola do bandido Cortez que declarava abertamente: Yo no vine aqui para cultivar la tierra como un labriego, sino para buscar oro. E o papo normalmente termina com a confortante conclusão de que, como nenhuma dessas pedras e desses metais preciosos podem ser comidos, ingeridos e digeridos, ficarão eternamente girando por aí, pelos cofres sujos das corriolas do mundo, de mãos em mãos, de brechó em brechó, de covil a covil, turbinando a vaidade, o narcisismo e os delírios das mais sofisticadas categorias de miseráveis.
Compra-se esmeraldas, safiras, rubis, turquesas persas, ouro e jade... Sigilo absoluto e dispensa-se comprovação de procedência do material.
O assalto aos 170 cofres privados do Banco Itaú da Avenida Paulista tem causado uma espécie de comiseração, de cobiça, de inveja e de secreta satisfação na população pelo país a fora. O roubo em si, a audácia, a confiança e a identidade dos ladrões parecem ser o que menos interessa no momento. Se os autores são da própria polícia, do próprio banco, gangues latino-americanas de ourives ou até mesmo alguns dos locatários das tais botijas, isto é secundário. O que todo mundo está legitima e perversamente querendo saber são detalhes, pormenores e particularidades sobre as origens dos milhões que alguns senhores e que algumas senhoras anônimas "enterravam" lá, principalmente em safiras, rubis, diamantes, turquesas da Pérsia, pérolas japonesas, pedras diversas saqueadas das minas da África do Sul, ouro em pó e etc. Como teriam conseguido tudo isso? É possível ter três milhões em joias sem roubar? É até cômico ouvir pessoas simplórias desempregadas há décadas ou que faturam mensalmente menos que um salário mínimo discutindo essas questões, especulando sobre o valor real das pedras colombianas, indianas, africanas e até mesmo o seu significado histórico. Para que serve e o que significa um bracelete repleto de rubis, as argolas de ouro, diademas e brincos cravejados de esmeraldas? No passado eram amuletos - esclarece alguém mais erudito, peças de magia usadas para proteger as cavidades e os buracos do corpo - nariz, ouvido, boca, olhos, os músculos da xota e os esfíncteres do rabo. Mas hoje... Percebo, não sei se por pura inveja ou por algum resquício de consciência primitiva, que a maioria da população está do lado dos bandidos e que considera as “vítimas” muito mais ladras e cínicas que os próprios assaltantes. Como é possível ter dois três milhões em pedras preciosas (escondidas) sem ser um gatuno? – Indagava o porteiro do prédio. Outro se perguntava: Mas então, o que chamam capitalismo selvagem ou monarquia disfarçada é esse trafico de pedras? Outro, um pouco mais ilustrado, mas que também tem quatro filhos e ganha seiscentos reais por mês depois de mencionar a famosa máscara de jade de Montezuma e o areópago de Atenas, lembrava que os chefes sertanistas e bandeirantes, alguns até considerados babacamente heróis nacionais, só tinham dois objetivos em suas andanças pelas entranhas da pátria: pisotear os quilombos e rapinar ouro e pedras preciosas. Todos pertenciam à escola do bandido Cortez que declarava abertamente: Yo no vine aqui para cultivar la tierra como un labriego, sino para buscar oro. E o papo normalmente termina com a confortante conclusão de que, como nenhuma dessas pedras e desses metais preciosos podem ser comidos, ingeridos e digeridos, ficarão eternamente girando por aí, pelos cofres sujos das corriolas do mundo, de mãos em mãos, de brechó em brechó, de covil a covil, turbinando a vaidade, o narcisismo e os delírios das mais sofisticadas categorias de miseráveis.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
A mendicância e a ruína do caráter dos nossos supostos artistas...
O simpático paraibano autor de O santo e a porca e o Auto da compadecida (entre muitos outros) esteve palestrando hoje num órgão governamental aqui na medula da república. Do alto de seus oitenta e tantos anos não se intimidou nenhum pouco ao afirmar aos burocratas que o aplaudiam que o povo brasileiro o elegeu como seu representante cultural etc. Será? Pode ser puro preconceito, mas fico enojado sempre que vejo algum “intelectual” ou “artista” mamando nas tetas estatais ou colocando sua arte a serviço deste ou daquele governo. Sou daqueles sujeitos para quem todo criador deve manter-se o mais distante possível dos umbrais do Estado e mais longe ainda de seus ladinos representantes, seja ele um Estado de direita, de esquerda, do centro ou de alguma outra estirpe qualquer. Por coincidência, no final de semana também assisti a um show de hip hop ou rap (nem sei direito o que é isso) onde apesar das letras das músicas serem de extrema agressividade e de crítica social, policial e política o evento estava sendo financiado por duas ou três estatais e até por alguns bancos. No caso da Lei Rouanet, então, nem se fala. É até deprimente ver os ditos “artistas” açucarando suas obras e rastejando pelos corredores dos ministérios atrás da "aprovação" de quatro ou cinco burocratas, requisito básico para que este ou aquele empresário, industrial, banqueiro ou coisa do gênero aceite bancá-las em troca de isenção fiscal. Isenção fiscal? Neste caso, como o mecenas está única e exclusivamente interessado em safar-se dos impostos e que no final das contas é o Estado que dissimuladamente a estará financiando, a prevaricação e a prostituição é ainda pior porque é dupla. No mundo acadêmico e nas universidades (apesar do suposto charme e da exibição obsessiva do saber) acontece a mesma coisa. Nossos profetas revolucionários dos anos 70, 80, 90 não se acanham em aceitar financiamentos, ajudas e bolsas de estudos de fundações e de corporações que até ontem eram consideradas demoníacas e cujas ideologias e cujos interesses internacionais são quase sempre radicalmente opostos a toda e qualquer pesquisa de cunho emancipatório e de interesse social. Enfim, apesar de todas as encenações do cotidiano, seguimos nessa marcha anti varonil sem grandes obstáculos e completamente amancebados com quem detém o poder, cada dia mais esquizofrênicos dentro dos muros e cada dia mais esquizoides fora deles...
A mendicância e a ruína do caráter dos nossos supostos artistas...
O simpático paraibano autor de O santo e a porca e o Auto da compadecida (entre muitos outros) esteve palestrando hoje num órgão governamental aqui na medula da república. Do alto de seus oitenta e tantos anos não se intimidou nenhum pouco ao afirmar aos burocratas que o aplaudiam que o povo brasileiro o elegeu como seu representante cultural etc. Será? Pode ser puro preconceito, mas fico enojado sempre que vejo algum “intelectual” ou “artista” mamando nas tetas estatais ou colocando sua arte a serviço deste ou daquele governo. Sou daqueles sujeitos para quem todo criador deve manter-se o mais distante possível dos umbrais do Estado e mais longe ainda de seus ladinos representantes, seja ele um Estado de direita, de esquerda, do centro ou de alguma outra estirpe qualquer. Por coincidência, no final de semana também assisti a um show de hip hop ou rap (nem sei direito o que é isso) onde apesar das letras das músicas serem de extrema agressividade e de crítica social, policial e política o evento estava sendo financiado por duas ou três estatais e até por alguns bancos. No caso da Lei Rouanet, então, nem se fala. É até deprimente ver os ditos “artistas” açucarando suas obras e rastejando pelos corredores dos ministérios atrás da "aprovação" de quatro ou cinco burocratas, requisito básico para que este ou aquele empresário, industrial, banqueiro ou coisa do gênero aceite bancá-las em troca de isenção fiscal. Isenção fiscal? Neste caso, como o mecenas está única e exclusivamente interessado em safar-se dos impostos e que no final das contas é o Estado que dissimuladamente a estará financiando, a prevaricação e a prostituição é ainda pior porque é dupla. No mundo acadêmico e nas universidades (apesar do suposto charme e da exibição obsessiva do saber) acontece a mesma coisa. Nossos profetas revolucionários dos anos 70, 80, 90 não se acanham em aceitar financiamentos, ajudas e bolsas de estudos de fundações e de corporações que até ontem eram consideradas demoníacas e cujas ideologias e cujos interesses internacionais são quase sempre radicalmente opostos a toda e qualquer pesquisa de cunho emancipatório e de interesse social. Enfim, apesar de todas as encenações do cotidiano, seguimos nessa marcha anti varonil sem grandes obstáculos e completamente amancebados com quem detém o poder, cada dia mais esquizofrênicos dentro dos muros e cada dia mais esquizoides fora deles...
domingo, 11 de setembro de 2011
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Brasília estrebuchando sobre os caldeirões do inferno...
Brasília amanheceu coberta por uma fumaceira que parecia vir das quatro principais caldeiras do inferno. O sonho de Dom Bosco de que aqui, de um dia para outro haveria de verter melado, ácido lisérgico e pão de ló das esquisitas árvores do cerrado só pode ter sido um mal entendido. Ao contrário do bonheur propalado pela corja otimista, só o sol devorando as telharias, incêndios, fuligem, poeira e as estonteantes e conhecidas alucinações de deserto. Nas paredes de uma cadeia desativada alguem rabiscou esta frase de Clausewitz: "A guerra é a continuação da política por outros meios". E logo abaixo, outro anônimo replicou com a tese de Foucault: "A política é a continuação da guerra por outros meios". Neste mês de setembro não há por aqui quem não inveje os tatus, as víboras, os defuntos e todos os outros bichos subterrâneos que estão a salvo desses raios malignos, e não falta muito para que os carpinteiros e os pedreiros concluam que, a partir de agora, as cidades devem crescer para baixo e não para cima. Ou então, que as ruas sejam todas cobertas por caramanchões e refrescadas por fontes minerais e por geleiras artificiais e que ao invés das ruas de piche e de asfalto se construam canais e que no lugar dos carros, dessas latarias e ferros velhos que envenenam a vida com barulho e gás carbonico, os habitantes (claro que apenas 1/3 do que há hoje por aí) deslizem e namorem sobre pequenas gondolas movidas a bateria, vento ou a remo… Enquanto isso, os jornais não param de aterrorizar as massas com fotos de cadáveres e com a informação de que nos ultimos meses os estupros e os assassinatos aumentaram 46% aqui na urbe e mais, sob as barbas das mais variadas e especializadas “forças armadas”. Conclusão: só o que é instintivo e vil progride! Todas as campanhas governamentais, clericais e paranormais que parecem ser piores que o “mal” que pretendem combater não passam de negócios, de demagogia e não servem para nada. Aliás, quando você que se orgulha de ser um membro do lupemproletariado ou um já novo rato da classe média souber quanto custam os minutos de chavões publicitários, por quem e como são produzidos, lhe cairão imediatamente essas potentes, sinistras e sorridentes mandíbulas.
Brasília estrebuchando sobre os caldeirões do inferno...
Brasília amanheceu coberta por uma fumaceira que parecia vir das quatro principais caldeiras do inferno. O sonho de Dom Bosco de que aqui, de um dia para outro haveria de verter melado, ácido lisérgico e pão de ló das esquisitas árvores do cerrado só pode ter sido um mal entendido. Ao contrário do bonheur propalado pela corja otimista, só o sol devorando as telharias, incêndios, fuligem, poeira e as estonteantes e conhecidas alucinações de deserto. Nas paredes de uma cadeia desativada alguem rabiscou esta frase de Clausewitz: "A guerra é a continuação da política por outros meios". E logo abaixo, outro anônimo replicou com a tese de Foucault: "A política é a continuação da guerra por outros meios". Neste mês de setembro não há por aqui quem não inveje os tatus, as víboras, os defuntos e todos os outros bichos subterrâneos que estão a salvo desses raios malignos, e não falta muito para que os carpinteiros e os pedreiros concluam que, a partir de agora, as cidades devem crescer para baixo e não para cima. Ou então, que as ruas sejam todas cobertas por caramanchões e refrescadas por fontes minerais e por geleiras artificiais e que ao invés das ruas de piche e de asfalto se construam canais e que no lugar dos carros, dessas latarias e ferros velhos que envenenam a vida com barulho e gás carbonico, os habitantes (claro que apenas 1/3 do que há hoje por aí) deslizem e namorem sobre pequenas gondolas movidas a bateria, vento ou a remo… Enquanto isso, os jornais não param de aterrorizar as massas com fotos de cadáveres e com a informação de que nos ultimos meses os estupros e os assassinatos aumentaram 46% aqui na urbe e mais, sob as barbas das mais variadas e especializadas “forças armadas”. Conclusão: só o que é instintivo e vil progride! Todas as campanhas governamentais, clericais e paranormais que parecem ser piores que o “mal” que pretendem combater não passam de negócios, de demagogia e não servem para nada. Aliás, quando você que se orgulha de ser um membro do lupemproletariado ou um já novo rato da classe média souber quanto custam os minutos de chavões publicitários, por quem e como são produzidos, lhe cairão imediatamente essas potentes, sinistras e sorridentes mandíbulas.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
AULA DOMINICAL E LAICA SOBRE O DESPRENDIMENTO...
sem contudo, terem lido nenhuma obra esotérica". (E.M.Cioran)
AULA DOMINICAL E LAICA SOBRE O DESPRENDIMENTO...
sem contudo, terem lido nenhuma obra esotérica". (E.M.Cioran)
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
O pipocar de uma interminável ilusão...
Na entrada do cinema que fica no Shopping Iguatemi aqui em Brasília, o preço da pipoca é mais abusivo e imoral que qualquer tipo de assalto a mão armada. Pacote pequeno: R$: 12,00; pacote médio R$: 17:00, pacote grande R$: 19,00. Dezenove reais! O dobro do preço do bilhete para quem é estudante. Liguei para duas ou três cerealistas e me informaram que o preço da pipoca argentina, de primeira qualidade é R$: 1,80. Um real e oitenta o QUILO. Como no pacote grande do Iguatemi não deve haver nem cinquenta gramas de grãos, significa que um quilo rende, no mínimo, vinte pacotes de R$: 19,00, e que isto significa um faturamento de R$: 380,00 reais. Que tal? E os responsáveis estão soltos!!! E a filharada da burguesia e dos novos ricos cujos rendimentos clandestinos não minguam, já que a corrupção por aqui é regra e que nossa justiça é um circo, estão sempre lá em fila, com aquelas carinhas de dementes e com vestidinhos ou calcinhas compradas ali mesmo por dois três mil (quando na realidade não valem mais do que R$: 100,00). As luzes se apagam e cada um daqueles espantalhos pósmodernos, com seus pacotões de pipoca e com suas roupinhas superfaturadas somem na penumbra para ver filmes também quase sempre vagabundos e vão ruminando semelhante aos bufalos, como se adivinhassem por intuição, que não adianta se estressar já que a vida é essa mixórdia incurável de larápios e essa mísera ficção…
O pipocar de uma interminável ilusão...
Na entrada do cinema que fica no Shopping Iguatemi aqui em Brasília, o preço da pipoca é mais abusivo e imoral que qualquer tipo de assalto a mão armada. Pacote pequeno: R$: 12,00; pacote médio R$: 17:00, pacote grande R$: 19,00. Dezenove reais! O dobro do preço do bilhete para quem é estudante. Liguei para duas ou três cerealistas e me informaram que o preço da pipoca argentina, de primeira qualidade é R$: 1,80. Um real e oitenta o QUILO. Como no pacote grande do Iguatemi não deve haver nem cinquenta gramas de grãos, significa que um quilo rende, no mínimo, vinte pacotes de R$: 19,00, e que isto significa um faturamento de R$: 380,00 reais. Que tal? E os responsáveis estão soltos!!! E a filharada da burguesia e dos novos ricos cujos rendimentos clandestinos não minguam, já que a corrupção por aqui é regra e que nossa justiça é um circo, estão sempre lá em fila, com aquelas carinhas de dementes e com vestidinhos ou calcinhas compradas ali mesmo por dois três mil (quando na realidade não valem mais do que R$: 100,00). As luzes se apagam e cada um daqueles espantalhos pósmodernos, com seus pacotões de pipoca e com suas roupinhas superfaturadas somem na penumbra para ver filmes também quase sempre vagabundos e vão ruminando semelhante aos bufalos, como se adivinhassem por intuição, que não adianta se estressar já que a vida é essa mixórdia incurável de larápios e essa mísera ficção…