segunda-feira, 21 de março de 2011

Obama hipnotiza a fina-flor da canalha...

BRASÍLIA - Tentei ir à Esplanada dos Ministérios fazer uma boa foto da família Obama, mas estava tudo interditado. Havia policia por todos os lados, uns na cobertura do Senado, outros nas janelas dos ministérios, outros disfarçados de ciclistas, de turistas etc. A população? Indiferente e sonâmbula preferiu ficar em casa cheirando rapé. Em outras épocas teria sido o maior bafafá, tanto por parte dos da “direita” como dos da “esquerda”. Bandos que se escafederam deixando em seus lugares um imenso e melancólico rebanho do meio, cujos participantes permanecem ávidos apenas por locupletar-se mutuamente e por garantirem uns aos outros melhores dias de senectude. E depois, sinceramente, apesar do interesse, da manipulação e do consenso da mídia, o Obama não transcende o velho lugar comum. Veio apenas para servir de ponteiro entre os negociantes de lá e os negociantes daqui. Vejam os assuntos e os contratos que foram discutidos e assinados no Itamarati, nenhum deles diz respeito às massas, à população, à sociedade e nem mesmo aos países, só interessam realmente às Corporações que aliás, são todas piratas e apátridas. Os países, as nações e as culturas só continuam tendo sentido para os rebanhos e para os proletários. Os Senhores do Planeta, ah, estes estão além da baboseira reacionária das fronteiras, pois o Dinheiro e o Poder nunca necessitaram de passaporte e nem de visto para coisa nenhuma.

TEATRO MUNICIPAL – Curioso o critério para a seleção dos dois mil convidados que se confinaram no Teatro Municipal para assistir ao discurso do Obama. Você que os viu entrando sabe que se trata da fina-flor, não é verdade? No caso de um dilúvio seguramente serão eles os embarcados na Arca, os demais se despedaçarão arrastados pelos esgotos. O discurso – apesar das opiniões idealizadas em contrário - foi ensaiado para uma plateia de ginasianos ou, no máximo, para secundaristas. Ter mencionado uma frase de Paulo Coelho (e ainda sobre o amor) no último instante, foi a desmoralização total. Mais ou menos como se, numa situação inversa, alguém daqui fizesse lá, para a fina-flor de seu país, uma referencia semelhante ao M. Tyson. E depois, não há quem não saiba que o “amor” para os gerentes das Corporações é sempre aquele cilindro de aço que vai dependurado sob as asas dos F.16 e que, aliás, enquanto a fina-flor nacional aplaudia as “simpatias” e os “panegíricos” do visitante, eram lançados “amorosamente” sobre Tripoli. Mais do que esperados os elogios à Presidente Dilma e a sua história de prisão e tortura, só faltou lembrar que os torturadores daqui, naquele momento histórico, eram adestrados e incentivados pelos torturadores de lá. Agora, o momento em que a fina-flor da canalha se excedeu em palmas e em suspiros foi quando Obama, num exagero de ingenuidade ou de atrevimento de fé afirmou que o Brasil pode até ser exemplo de democracia para os povos árabes. Ah, bom!!! OK, mister Obama! E isto que ele só foi ao Cristo Redentor e à Cidade de Deus, imaginem a que grau chegaria seu otimismo se tivesse passado também lá pelo Santuário da Penha! 
Chega. A nós resta apenas o exílio, o exílio do exílio, para não dizer o exílio da errância!!!

2 comentários:

  1. concordo, apesar de ter achado um pouco grostesca a comparaçã de M. Tyson com Paulo Coelho acho que apesar dos defeitos e erros do Paulo, vale mais alguns centavos do que o primeiro.

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  2. Concordo e assino embaixo porque este é o primeiro texto lúcido que leio sobre a visita de Obama. Vá lá que ele seja simpático, vá lá que esteja querendo encontrar uma outra forma de consolidar seu poder,mas o que precisva ser visto, revisto, conquistado nesta aproximação passou bem longe como sempre na história do Brasil. Ou melhor, não houve nada!!!
    Sua crônica é SHOW!!!!

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