sexta-feira, 6 de agosto de 2010

E que o mês de abril seja trocado pelo mês de outubro...

Colocaram até uma orquestra com violinos, violas, oboés, marimbas, trompa, tuba, contrabaixo e etc. para a abertura do “debate” entre quatro dos inúmeros presidenciáveis. Sem nenhum cinismo, quem já foi a uma tourada deve ter se lembrado da fanfarra que antecede a entrada dos touros na arena. Somos uma gente provinciana e parece não haver solução nem remédio para esse drama, inclusive, porque o dinheiro e o poder só têm tornado ainda maior esse fiasco. E o tal “debate”, todo mundo viu, foi um melodrama insosso para não dizer um drama melado. Apesar dos quatro serem de “esquerda” não se ouviu nada de “revolucionário”, nada de antropológico, nada de filosófico, nenhuma consideração sobre a dramática condição humana e absolutamente nada de verdadeiramente civilizante. Sempre o mesmo blábláblá resmungado à sombra do poderio estatal, às vésperas do patético processo eleitoral e nos subterrâneos sombrios da República. E os álibis, claro, também são sempre os mesmos: a Terra, os Hospitais, os Impostos, o Trabalho, o Meio Ambiente, as crianças, as mulheres, os milhões de fodidos que rondam por aí sem uma pedra onde deitar a cabeça, os Bancos, as Escolas e claro, as promessas de gerenciamento  da descontrolada e febril máquina homicida que é a sociedade... O mais assustador disso tudo, é que tanto os candidatos como os barões da mídia acharam que o “debate foi excelente!”, “que ali se viu posta em prática a democracia!”, “que agora os eleitores já podem ter uma visão melhor de seus candidatos!” blábláblá... Mama mia! É dramático ter 61 anos e ter que conviver com essa mentalidade de açougueiros! Com essa dialética meretriz, com essa turvação de águas para dar a impressão de profundidade... Apesar do entusiasmo quase doméstico dos marqueteiros e dos rebanhos, o debate foi raso, quase da altura de um meio fio e nada mais.

Ezio Flavio Bazzo

3 comentários:

  1. Não há mais jeito, vivemos um período de profunda vacuidade, não consiguimos acreditar em nada do que fazem e dizem nossos políticos. Não há idéias novas nem a força que vem dos verdadeiros líderes - a convicção. Tudo é sofrivelemnte fraco e acontece a margem dos que pensam um mundo melhor.

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  2. Sim podemos ter uma visão melhor dos candidatos, uma visão repetida, a mesma do ano passado, do ano retrasado, e assim vai... uma visão triste. Era de se esperar algo diferente?

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  3. Este período de véspera de eleição deveria ser chamado de cerimonial da castração da cidadania, da própria democracia. Onde candidatos saem às ruas declarando-se os seres pensantes e por tabela reforçando a passividade política do eleitorado.

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