Mesmo sendo intelectual e hormonalmente contra qualquer tipo de religiosidade e trazendo em mim a disposição de – se pudesse – decretar 33 chicotadas/dia aos praticantes de alguma fé, acho uma babaquice a recente lei suíça que condena e proíbe os minaretes naquele país. Ora, nada se iguala em beleza e em significado aos minaretes, e o mundo árabe deve todo o esplendor e o exotismo de sua história a eles. Não sei o que verdadeiramente representam para os muçulmanos, mas não esqueço os do Cairo, nem os de Tanger e muito menos os de Marrakech. Em Istambul, paguei o dobro para hospedar-me praticamente no telhado de uma espelunca porque de lá podia admirar os da Mesquita Azul. Os da Índia – da Aasfi Masjid, da Jama ou os do Santuário de Hazratbal - são imbatíveis! Dos 500 dias de Paris, muitos foram passados no café da Grande Mosquée de Paris, com o pretexto do chá de hortelã e dos “cornes de gazelle”, mas que na verdade era apenas pelo prazer de ficar lá diante daquela maravilha, de onde, a qualquer momento, poderia ecoar a voz de um louco convocando os fiéis para jogarem-se no chão e rezar ou para iniciarem uma nova guerra santa, como o fez Kadafi antes de ontem. E Brasília, apesar de ser um covil, também tem o seu precioso minarete (foto). Acho incrível que dos duzentos poetas delirantes que andam levitando por aí, nenhum, até agora, tenha lhe dedicado uma elegia, uma ópera ou pelo menos um canto.
Ezio Flavio Bazzo