domingo, 23 de dezembro de 2007

A Honrosa Trajetoria de um Homem


Não é apenas um prazer imenso e uma espécie de gozo libertário o que me leva a re-editar e a fazer circular este texto de R. G. Ingersoll sobre as idiotices, as irracionalidades e as safadezas religiosas praticadas pelo mundo afora. É também uma obrigação ética. Um compromisso natural com a espécie, o cumprimento de um pacto que fiz comigo mesmo de, custe o que custar, silenciar o mínimo possível diante das imbecilidades do mundo.

Escrito e publicado nos EEUU em 1896, portanto há mais de cem anos, este ensaio continua mais do que pertinente e mais do que oportuno tendo em vista que o desvario religioso tem se agravado não apenas em nosso país, mas em todo o planeta, principalmente nos países pobres, miseráveis, subdesenvolvidos, desesperançados, explorados por multinacionais da mídia, da telefonia, dos automóveis, dos medicamentos, dos alimentos, das cruzes, dos patuás, dos amuletos, das velas etc. e arruinados por políticos autóctones, gananciosos, crápulas e mentirosos.

E não adianta virem com o papo de que na democracia o sujeito pratica a religião que quiser, que o direito de culto é soberano, que o sujeito opta por acreditar naquilo que ele bem entender, que a fé é algo pessoal etc, pois o que está se tratando aqui é a manipulação dos crápulas contra os ingênuos, a propaganda enganosa, a mentira histórica, a exploração econômica e emocional das massas analfabetas ou semi-alfabetizadas, o encobrimento de transtornos graves de personalidade, a exploração dos medos e das fobias relacionadas à morte e ao além e por fim a construção sutil e persistente de diversas doenças mentais no sujeito alienado e em sua família.

Aqueles que ainda não estão convencidos dos abusos, da irracionalidade e do acosso moral que vêm sendo praticados nesse sentido, por charlatães de todos os calibres e contra todo tipo de gente, que assistam os programas de TV, em todos os canais, das quatro às oito da manhã. São inacreditáveis. Tão inacreditáveis como nosso silêncio, como nossa complacência, como nossa passividade, nosso descaso, nossa irresponsabilidade e por fim, como nossa cumplicidade com esses estelionatários do além. Parafraseando a Cioran, é importante lembrar que patíbulos, presídios e masmorras prosperaram sempre à sombra de uma fé, dessa necessidade cretina de acreditar em algo que infestou o espírito para sempre.

Ezio Flavio Bazzo

Um comentário:

  1. após os ativistas do além reduzirem toda questão realmente importante ao nível do tédio, numa cruzada global de desencanto com a política... derrotas esportivas, terremotos, crise financeira, guerras étnicas, ódios racistas, violência, crimes, desastres, pés na bunda, vêm uma das mãos invisíveis de deus, deusa e deuses, injusta, vingativa, impiedosa, mesquinha e punitiva, te segura pelos bagos ou pelas vulvas, e te conduz à idéias viciosas, imundas e cretinas. já com a outra mão, como um bom larápio celestial, afaga cabeças em troca da não-resistência, justifica o ilegal em causa própria, recebe gorjetas pelo adiamento do inevitável, faz-se valer pela repressão de tudo o que é exuberante, único e fugidio. sem temor nem esperanças, sejamos humanos e não renunciemos aos prazeres e às felicidades deste mundo!

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