sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O massacre no Rio de Janeiro visto por meu correspondente de Nova Deli...




Depois de ler no (The Times of India) as notícias da chacina no Rio de Janeiro, meu correspondente de Nova Deli, tão horrorizado como qualquer um de nós, por aqui, insistia, enojado e indignado, com aquela desgraça, mas muito mais com a arapuca desleal que a policia montou contra os 'traficantes', os empurrando para a mata que existe na tal Serra da Misericórdia (que porra de Serra é essa?), onde um pelotão de execução os esperava... Inacreditável! E isso - insistia ele - que aí no Brasil dizem não existir pena de morte!!! e que ninguém pode nem mesmo ser preso sem antes ser julgado e considerado culpado?!?. Matar alguém de tocaia, você sabe, Bazzo, é uma baixeza, um atestado de incompetência e de inferioridade... Quem é que, pelo menos, não ouviu falar que até no confronto e na guerra se deve preservar um minimum de dignidade? Enfim, B. Como é que um crime dessa grandeza pode ser chamado de "operação de segurança"? Como se poderia qualifica um Estado ou um homem que se organiza para matar outros numa emboscada? Sim, esse massacre foi de uma canalhice e de uma covardia sem precedentes que envergonhará e, pior, adoecerá para sempre tanto os matadores como próprio Estado... E escrevo isso sem nenhum tipo de demagogia, de afrescalhamento ou de pieguice diante da morte, inclusive, porque para nós, aqui na Índia, "toute la philosophie hindoue se résume dans l'horreur, non de la mort, mais de la naissance..."(Toda a filosofia hindu se resume num horror, não da morte, mas do nascimento...).


quarta-feira, 29 de outubro de 2025

RIO DE JANEIRO... O morticínio, a carnificina e o blábláblá dos chefões...






Depois dos 64 corpos crivados de balas, de ontem, pela polícia estatal, as comunidades saíram em busca de seus outros filhos que não haviam regressado e os encontraram, na floresta vizinha, também mortos. Os arrastaram ensanguentados até uma praça pública, para ali exibi-los, não sei se para homenageá-los ou para vingar-se ainda mais deles e do mundo... (talvez, intuindo os dias de amanhã, como um desesperado recurso pedagógico!!!)

E o que é mais cruel, é que são pretos matando pretos a mando de brancos. Observem: o morto e o matador praticamente sempre têm as mesmas origens e o mesmo DNA, nasceram na mesma comunidade, passaram pelas mesmas dificuldades para sobreviver, e de um momento para outro, uns, fardados, são convocados por um Estado e por uma elite que os despreza, a voltar a seu local de origem para assassinar seus antigos colegas de berço, de rua e de pobreza... Haverá maior perversidade e maior traição do que esta?

E a mídia, cacareja que foi uma ação exitosa. Enquanto isso, os burocratas se elogiam e se cumprimentam nos bastidores, apesar de, em público, para acalmar o medo e o furor do rebanho, se acusarem mutuamente pela carnificina. Faz parte. É o show, os protocolos de toda necrofilia.... Pois, na intimidade, todos continuam acreditando e pregando que "bandido bom, se não trabalha para eles, é bandido morto!"

Portanto, atenção que as estatísticas se alteraram: de 64 saltaram para 98 e com possibilidades de ainda se encontrarem outros cadáveres por lá... E não adianta acionar este ou aquele Ministro; este ou aquele governador; este ou aquele Pai de Santo... Trata-se do festim macabro de uma sociedade despedaçada e vingativa... há 50 anos sendo adestrada por novelinhas e por palhaços da mídia, quando não por pastores e padres delirantes com sua " forma bastarda da cultura de massa, essa repetição vergonhosa que vem repetindo conteúdos, esquemas ideológicos, mitos, ilusões e crenças sempre com as mesmas variações superficiais e cretinas e com as mesmas máscaras e subterfúgios. Observem: há diariamente novos filmes, novos shows, novos livros, novas canções, novas tatuagens, novas frases, novas promessas, novas homilias, novas porcarias exibidas nas vitrines, mas é tudo do mesmo". E nada que interfira nos banquetes de Ipanema, do Leblon e de outros redutos de malandrins e de grãnfinos... E de vez em quando convocam a Madona ou outra celebridade qualquer para hipnotizar o populacho...  ver o morro inteiro, com seus cem anos de exclusão, descer para ver e invejar a diva loira, essa monumentalidade galhofeira vinda do império, é para os "influencers" do Estado, uma realização. Um milhão! Dois milhões de escravos contemporâneos imitando os ladrões do passado e de turno... Sim, porque até os marginais sucumbem às novelas, a aqueles pífios programas de entretenimento carregados de ideologia autofágica e de histerismos pequeno burgueses de novos ricos. Uma verdadeira miséria!


terça-feira, 28 de outubro de 2025

E... por falar em Rio DE JANEIRO..., ali na volta da esquina... (28 de outubro 2025...)



"Les hommes qui croient réellement en eux-mêmes sont tous dans des asiles d'aliénés..."

G. Chesterton








BALANÇO OFICIAL DA MATANÇA: 
até as 17:00 horas, 64 pessoas mortas. E, isso, naturalmente, apesar de todas as justificativas, é uma vergonha, um verdadeiro ex-carnio, uma canalhice, a falência total do gozo pela existência e daquilo que querem chamar de Estado, de Ecumenismo, de Democracia e de Humanismo... Existe até quem diga que o Trump, lá da Malásia, teve algo a ver com isso...
E a cada dois anos a história tem se repetido e ninguém sabe realmente quem são os mortos e nem como é a ficha corrida de quem apertou o gatilho contra eles... Nem o que os mortos faziam, por que o Estado os condenou à morte e nem sequer onde serão enterrados. 
Em covas coletivas? 
E as autoridades insistem em papaguear que os que foram mortos estavam entrincheirados com armas de guerra, fuzis, drones, metralhadoras etc, etc... Mas não explicam as razões pelas quais as "baixas" e o saldo negativo é sempre e sempre só de um lado... (!?!?)
Lástima grande que sea verdad tanta miseria!!!
Curiosamente, nesta semana, numa escavação arqueológica num estacionamento da Santa Casa de Misericórdia em Salvador (Bahia) descobriu-se um cemitério, até então desconhecido que, segundo os cálculos arqueológicos, abriga as ossadas de uns 100 mil negros e escravos.. Sim, 100 mil! Isto lhes sugere alguma coisa?Ou se trata apenas de mais um dado estatístico?














HOTEL SOCIAL: Uma realidade em Brasília, que nem Marx e nem Madre Tereza imaginaram...








Acreditem: de um mês para cá Brasília tem seu HOTEL SOCIAL. Uma das poucas maravilhas políticas da cidade. Um hotel que tem capacidade para hospedar ou albergar até 200 mendigos, moradores de rua ou outros forasteiros (homens, mulheres, sujeitos trans) que se acharem em situação precária na cidade, sem ter onde dormir, nem onde tomar banho, comer e etc. Ali, os clientes, inclusive com seus cachorros de estimação, (se tiverem), podem fazer duas refeições por dia, vestir um paletó doado pela pequena burguesia entediada, ler os jornais, receber algum tipo de treinamento laboral e sair para contemplar o mundo. Aliás, o que existe de mais grandioso e até de mais religioso do que contemplar o mundo? Uma maravilha! Tomara que não se trate apenas de mais um truque para limpar a urbe e para tentar adestrar esses sujeitos que, por alguma razão, têm culhões para dormir ao relento, jejuar todos os dias e para negar-se a acreditar na farsa civilizatória. (A propósito da limpeza e do adestramento, até hoje, o governo lisboeta paga uns 700 euros mensais a cada cigano, para que não fiquem mais nas ruas com suas carroças, fazendo malabarismos, adivinhações e medindo La Buena Dicha das velhas salazaristas e, claro, para que possam adestrar a seus filhos nos moldes da chamada e falida União Européia...)

Duvido que Marx, Bakunin e mesmo a Madre Tereza de Calcutá tenham imaginado tamanha aventura humana. Hoje mesmo, cheio de solidariedade, pretendo passar por esse Sheraton dos indigentes e, se lá ainda não houver uma pequena biblioteca, (mesmo que seja bizantina), proporei a criação de uma, nem que seja só com meus livros.


 




segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Curiosamente, nada muda e a alienação é sempre a mesma: Enquanto o populacho se deixa embriagar por promessas utópicas e messiânicas, os velhos dândis da diplomacia e os velhos magnatas de sempre, continuam atravessando o planeta para exibir-se mutuamente em festins e para fazer promessas vãs..: Como dizia, enojada, uma profissional da noite: Esses sujeitos BEIJAM-NOS OS CABELOS NO QUARTO, E SE OS VÊEM NA SOPA, VOMITAM... Penso no livro de Mirdad: "a cabeça de uma serpente conserva o seu veneno mesmo depois de separada do corpo..."



A propósito, uma dessas habilidosas falas do Lula, aos jornalistas, lá na Malásia...




_______________________________________
EM TEMPO: 

1. Eleições de ontem, na Argentina, o Millei e a extrema direita deram um show. É normal que todo mundo, minimamente civilizado, esteja se perguntando: mas então, de que valeram as quase 700 livrarias que há em Buenos Aires?

2. Sobre as idiotices da guerra: Depois dos quase 100 mil mortos na Palestina, agora, segundo o Le Monde de ontem, está havendo em Israel, uma quase pandemia de doenças mentais entre soldados, reservistas e mulheres...
E la nave va...

 







sábado, 25 de outubro de 2025

Lula, as palavras e a reação do Mercado alucinógeno...






"... De todas as leituras é a leitura trágica que é a mais perversa: tenho prazer em me ouvir contar uma história 
cujo fim eu conheço" (...) Nossa sociedade parece ao mesmo tempo calma e violenta; de toda maneira: frígida..."
R. Barthes

Não só a "direita folclórica", mas inclusive a "esquerda, igualmente folclórica" estão bombardeando a declaração-oratória que o Lula fez ontem, la em Jacarta, (logo na Indonésia), sobre a interdependência entre drogadictos e traficantes: "Os usuários - disse o Lula, num linguajar meio estranho - são responsáveis pelos traficantes que são suas vítimas dos usuários também..." E concluiu, usando a simplória e secular dialética das donas de casa: "tem gente que vende porque tem gente que compra!".  A velha lenga lenga do Sujeito/Objeto. Do Ativo/Passivo. Do morto/vivo... Mais ou menos como a lorota do leitor sem defesas diante do texto... E já que falei em esquerda e em direita aproveito para citar a Barthes: "A luta social não pode se reduzir à luta de duas ideologias rivais: é a subversão de toda ideologia que está em causa". E que nos interessa!
Depois, naturalmente, foi pressionado a negar sua fala e a desculpar-se. Ora! Se tivesse lido a Barthes e conhecesse o 'simulador de Bacon', saberia: que o texto jamais se desculpa, jamais se explica. Ele nunca nega nada: "desviarei meu olhar, será doravante a minha única negação..."

Claro que essa fala "filosófica" não poderia ter sido levada a cabo lá, no meio daqueles energúmenos internacionais de Primeiro Escalão, (todos subservientes ao Trump, manipulados pela mídia e pelos fotógrafos)... Mas se tivesse sido colocada em debate num ambiente acadêmico, ou mesmo entre a turma da Cracolândia, teria sido bem melhor acolhida e teria material para ser discutido por um bom tempo. E nem precisa ter cheirado ou fumado para desconfiar que o raio que cai duas vezes sobre o mesmo telhado indica que o problema não é só do raio, mas que há algum tipo de interdependência e de cumplicidade entre aquele telhado e as descargas elétricas. Ou não?

E depois, nessa Babel de lunáticos, cheia de controles e de medos (penso em Hobbes que confessava que a única paixão de sua vida foi o medo), falar de improviso, qualquer um, (mesmo não tendo 80 anos e nem tentando iludir-se que tem 30), mesmo o homem da cobra que fica ali na esquina da rodoviária com seu apito de carnaval na boca, seu chapéu avermelhado na cabeça e suas sandálias de plástico importadas de Hongkong, vendendo suas raízes afrodisíacas, mesmo ele corre o risco de falar merda...

Ah! O lado dark e escuro da lua!

Enfim, pensando bem, a fala do Lula não foi de todo tresloucada e descabida como querem seus hipócritas adversários. Foi, digamos, por um lado, uma espécie de insight platônico e por outro, um inconsciente e  tímido aceno de solidariedade para com os milhões de desterrados, fodidos e expulsos do mundo que foram transformados em traficantes pelo próprio Estado que agora quer varre-los do mapa... 
E é bem provável que o Lula, soltando aquela bomba lá entre aqueles trapaceiros, estaria querendo confidenciar-lhes que sabe, e muito bem, que as verdadeiras relações entre Deus e o Diabo, são muito mais cordiais do que o populacho imagina. Ou não?

A propósito da tese do 'viciado e do traficante' serem as duas caras da mesma moeda, lembram das eternas campanhas estatais a respeito da corrupção, aquelas que afirmavam que havia 'vasos comunicantes', para não dizer uma simbiose entre os corruptos e o corruptores e que portanto, o mal estava nas duas pontas e que, para o bem e para a salvação da humanidade ambos deveriam ser igualmente responsabilizados e combatidos?






terça-feira, 21 de outubro de 2025

Várias... O Louvre... e a Arte de roubar...





1. Pelo menos aqui em Brasília (e acredito que no resto do mundo), a torcida é imensa em favor dos sujeitos que assaltaram o Louvre e que levaram aquele monte de tranqueiras outrora pertencentes à princesas, à rainhas e a outros larápios históricos. O Mendigo K, que conhecia muito bem o tal museu, mencionou a outro, também parisiense, onde, segundo ele, a metade dos objetos, das peças e das relíquias que o tornam um dos mais famosos do mundo, foi rapinada dos países africanos, asiáticos e latino-americanos...

2. Finalmente liberaram a exploração de petróleo lá na mítica e poética Margem Equatorial. A insistência de alguns energúmenos em deixar o petróleo apodrecer no fundo dos mar para não correr o risco de poluir as verdes e cálidas ondas do mar ou de sujar as brancas e ensolaradas areias das praias.., é a típica lógica de uma ociosa petite bourgeoisie e também dos caranguejos... Por pouco, uma burocracia patética, romântica e milenarista, não colocou tudo a perder. Oxalá, agora, não se descubra nos poços dali, vasos comunicantes com os da Guiana Francesa (com Caiena e a famosa Ile du diable), ali perto, que já explora os seus há muito tempo... Lembram do Papillon? Margem Equatorial! Esse nome só não é mais musical do que o famoso Estreito de Ormus. Onde estão os poetas de plantão que ainda não apareceram por aí com suas bobagens e suas elegias?

3. E a voracidade cada vez maior das companhias aéreas (com a complacência de um Estado cagão) parece não ter limite. Do jeito que a coisa vai, além das 'poltronas que reclinam' passarão a cobrar também o uso dos fones de ouvido, dos guardanapos e das toaletes... E, quem sabe, alguma tarifa especial também sobre os peidos postos em circulação lá no meio das nuvens e do orbe...).

4. E o avanço da turma dos EEUU sobre o Brasil é indecente e quase inacreditável. Tão indecente e inacreditável como a militância de uma imensa trupe nativa que insiste em justificá-los e em queimar-lhes incenso... Independente da putaria nacional que, sim, é abominável e que parece não ter fim, como é possível que alguém com amor próprio (mesmo que seja um vira-latas e que tenha um esfíncter complacente), se sujeite a baixar voluntariamente as calças e a ficar de quatro para forasteiros tão vis e tão chauvinistas?

5. Dizem que nestes dias de outubro, ali num dos labirintos do judiciário (acreditem), chegou-se a colocar em pauta a discussão entre expertos sobre a possibilidade legal de anexar nos "autos" de um determinado processo e dar-lhe crédito um documento psicografado, isto é, vindo do além. Que as Cortes Supremas, muitas vezes, (para vigiar e punir), se baseiam na astrologia, todo mundo sabe, mas que agora passem também a considerar provas psicografadas... isso é estar além, muito além, do realismo fantástico... Data vênia, mas nem nos hospícios da Idade Média...

 










 

Le griot de Marrakech...



[... Je préférais croire que Marrakech devait sa couleur rouge à une blessure, plutôt qu'aux talents de peintres en bâtiments. Lorsqu'on a planté le minaret de la Koutoubia au cour de la ville, clamait-il, celle-ci a tellement saigné qu'elle a gardé sur les murs des maisons cette couleur vermeille omniprésente. Il affirmait aussi que nous devions l'immense palmeraie avoisinante aux noyaux jetés par des nomades ayant assiégés la ville autrefois...] p. 8





 















sábado, 18 de outubro de 2025

De Tanger, do vento e da loucura... [Loucos como o mar e o vento, quando lutam para que o mais forte vença] W.S.

 


"... Le vent de Tanger rend fou et l'on n'en réchappe jamais tout à fait!"

"O vento de Tanger te deixa louco e você nunca mais consegue escapar dele!" (p.97)




sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Tanger, Casablanca, Marrakech... E a Rua do perdão.... (Proxeneta,... mas cartesiana...)


"... Regarde, ma fille, regarde ces femmes qui dansent, elles sont si heureuses... Je ne vois ni mères, ni tantes, ni soeurs, ni cousines... Elles sont toutes des amantes... Tu vois, j'ai le pouvoir de les sortir un moment de leurs petites vies et d'en faire d'éblouissantes dulcinées... même si, dans mon dos, ces garces me traiteront de putain!!!" (p. 19)

"... Olha, minha filha, olha essas mulheres dançando, elas estão tão felizes... Não vejo mães, nem tias, nem irmãs, nem primas... Elas são todas amantes. Veja, eu tenho o poder de tirá-las de suas pequenas vidas por um momento e torná-las namoradas deslumbrantes... mesmo que, pelas minhas costas, essas cadelas me chamem de puta..."





 









quinta-feira, 16 de outubro de 2025

PODEMOS REZAR PARA VOCÊ? Marrakech é aqui!





Se você, de vez em quando, no princípio da noite, costuma tomar um café ali no chamado Conjunto Nacional, bem em frente ao Teatro, também conhecido por NACIONAL, (aquele que ficou fechado para reforma durante décadas), tens chances de ser abordado por duas simpáticas adolescentes, de uns 18 anos, vestidas como a pequena 'classe média', que se aproximam como quem quer pedir uma informação, mas que, o real propósito, ordenado por algum padre, algum pastor ou por outro trapaceiro qualquer é "rezar para você" e, digamos, "catequizar"...

- Podemos fazer uma oração para você?

Acredite! 

Sim, é inacreditável! Mas acredite.

Eu, meio abobalhado por ter chegado recentemente de Marrakech, exatamente da praça Djemaa el fnaa, pensei estar delirando... Não, não era possível! E elas repetiram: - podemos rezar para você? Para vocês, (no plural), porque eu estava acompanhado. 

Inacreditável!

Instintivamente, assumi a postura clínica. Caralho! Inacreditável! Aquilo não era possível! 

A primeira pergunta que me fiz foi: Quem é que está, respaldado por um Estado fajuto, apodrecendo o cérebro dessa gente?

Ah! O rebanho! As ovelhas...

Diante de nosso espanto, elas seguiram delicada, beata e desvairadamente em frente, com passinhos (até sexys) de noviças, em busca de algum palhaço ignorante que esteja disposto a pagar o dízimo e que anseie por algum tipo de salvação...

E não se iludam: Não se deixem mais trapacear pelas máfias religiosas, e nem pelas máfias hoteleiras, de transporte e de turismo.  Nosso reino é deste mundo e Marrakech é aqui!















quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Aos insones... Dormir ou não dormir?



"Antigamente, dormia. Julgava possuir o sono. Acreditava que este me seguia, como a minha sombra. - que ele era a minha sombra. O sono, julgava eu, é a nossa outra metade. É o nosso eu de refúgio, o nosso eu de emergência. É nós na nossa ausência..." 





 













sábado, 11 de outubro de 2025

Pausa e Intervalo de viagem.... Tempo de leitura...

 

1.  Gracejos que matam (Camilo Castelo Branco)
2.  Pensées vagabonds (Loubada Laalej)
3.  Rue du Pardon (Mahi Binebine)
4.  Poèts errants & vagabonds mystiques (Abderrazzak Benchaâbane)
5.  Le griot de Marrakech (Mahi Binebine)
6.  Jornal d'un flâneur (Hans Werner Geerdts)
7.  Sueños y sombras sobre los gitanos (Ismael Cortés)
8.  Séville insolite et secrète (Ricardo de Castro)
9.  Relógio de cuco (Virgílio Martinho)
10. Errances critiques (Driss Ksikes)
11. O segredo das prisões Atlânticas (Acácio Tomás de Aquino)
12. Le vent de Tanger rend fou (Elsa Nagel)
13. Alfaiataria Piccadilly (Maria Carvalho Costa)
14. Nós refugiados (Hannah Arendt)
15. Para lá dos direitos do homem (Giorgio Agamben)
16. Os diários de Adão e Eva (Mark Twain)
17. Jour de silence à Tanger (Tahar Ben Jelloun)
18. Não dormir (Marie Darrieussecq)
19. Forja (José Antonio Ares)
20. L'auberge des pauvres (Tahar Ben Jelloun)
21. Mulheres a bordo! (Mariana Caldeira Gonçalves)
22. Interstícios insurrectos (Tomás Ibánez)
23. O tacão de ferro (Jack London)
24. A ordem natural das coisas (António Lobo Antunes)




















Miguel Calvo Ruiz... E, no meio de uma luxuriante e patética bacalhoada lisboeta, a CIA concede o Prêmio Nobel da Paz à Maria Corina... (!?!?) Não, o circo já não pode mais baixar suas lonas, soltar as hienas e, muito menos, interromper suas sessões...















quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Várias... E Marrakech???
























 1. Manifestação no Rossio em defesa da Palestina e contra israel... O fato de Israel  ter feito a Greta e outros membros da flotilha beijarem a bandeira daquele país, envenenou a meio mundo... e o anti- semitismo sai descaradamente das sombras...  A polícia, como era de se esperar,  apareceu e fez seu teatro...Mas tudo numa boa... Nada que se compare à nossa, aí dos trópicos...
E chegar à Lisboa vindo de Marraqueche é uma experiência, no mínimo, curiosa. Seriam berberes e árabes os portugueses e, por tabela, também os brasileiros?
 Quem vai ao país de Tanger e de Casablanca pensando em encontrar o mesmo Marraquech dos fantásticos anos 80, pode esquecer, A cidade, de tantos, sensuais e misteriosos terraços, virou uma espécie de Taguatinga, e a Medina, com seus Souks, uma espécie de Feira do Paraguai... Claro, a famosa Jemaa el Fna ainda tem lá seus encantos, seus lampiões de acetileno, seus encantadores de serpentes, seus petit voleurs, seu Su realismo fantástico... seus signos e vestígios tribais... Suas veredas, o "vermelhidão" secular de suas paredes! E ao anoitecer, as cartas de baralho espalhadas na calçada ao lado de velhos manuscritos... E o que existe de mais transcendente do que a coreografia de uma cartomante berbere? Do que o mix de aromas que o vento traz das águas termais de Moulay Yacoub ou de Merzouga, das areias do deserto de Merzouga! E ninguém mais tem duvidas de que, parafraseando a Elsa Nage: le temps n'est pas le même en Inde, en France et à Marralech... Sem falar das quase misteriosas, transcendentes e românticas 'luzinhas' no alto de todos os minaretes que se erguem no meio dos souks, de hoteizinhos vagabundos e de seus arredores... Com seus djinns invisíveis e seus griots contando histórias intermináveis do mundo pré islâmico... E que se trate de verdades ou de mentiras, de história ou de estórias, do real ou de pura ficção... Isso já não importa? No auge do despirocamento global em que vivemos, já não há mais razão alguma para acreditar que haja alguma fronteira entre uma versão e outra. A praça é niilista e indiferente. Só quer que seus contorcionistas, acrobatas e animadores sigam dançando, que seus adestradores sigam exibindo seus macacos e suas cobras à luz dos lampiões e das flautas. E não é por acaso que seu nome: jemaa el-fna, espalhou-se pelo mundo. A propósito: duvido que exista no planeta um só fumador de hachiche que nunca tenha ouvido falar da jemaa el-fna!

___________________
EM TEMPO: Apesar de seguir discriminando e escravizando a africanos, latino-americanos e asiáticos, é visível a submissão psy dos portugueses aos imperialistas. E não apenas aos da América, mas aos alemães, aos ingleses, a qualquer palhaço que peça uma tostada em inglês, inclusive aos japoneses e até aos italianos. Gente que, apesar do bacalhau e dos pasteizinhos de Belém, os segue considerando apenas bons pedreiros e excelentes femmes de chambre... E foram eles, os portugueses, que ensinaram o Brasil a falar no diminutivo, (essa fala de poetas submissos e de subalternos): peixinho; solzinho; carrinho; cafezinho; toalhinha; colherzinha; remédinho; cervejinha; jornalzinho; amorzinho; pastelzinho; livrinho; bonzinho; empregozinho; pãozinho; caralhozinho; xotinha; fodazinha, etc... 
Numa determinada avenida, uma placa que diz: "quem é contra a Ucrânia é a favor de Lula! (?)
E, nos cafés, nas ruas, e nos trens, se fala cada dia mais compulsiva, neurótica, em voz alta e descontroladamente... As mulheres, em particular (nessa onda de clitorização tardia), tagarelam como se não tivesse havido ontem, como se não houvesse amanhã, e como se não trepassem desde o grande terremoto de 1870....