Enquanto a policia americana fazia sensação com os destroços daquele simulacro de submarino que se despedaçou no fundo do mar, e enquanto nossa Primeira Dama presenteava o Papa com uma imagem da Virgem de Nazaré, ali em São Paulo, na Marginal Pinheiro, centenas de eleitores e condenados da terra se acotovelavam e rosnavam entre si enquanto saqueavam um caminhão que capotou, carregado com 15 toneladas de ovos...
15 toneladas!
Mas seriam realmente ovos galados, ou apenas óvulos?
De galinhas libertas ou enjauladas? Repletos de hormônios ou caipiras? As imagens da turba saqueando... eram apocalípticas!
Enfim, um omelete! Uma tortilha espanhola! Um souflé...
15 toneladas!!! Quem seria o gigolô dessas galinhas?
E que não tenham se transformado numa imensa gemada na beira da estrada... por si só, já foi um milagre! Qual santo teria sido o interventor? O protetor dos ovos? A virgem de Nazaré?
Quanto ao suicídio exótico dos milionários, naquele cárcere flutuante, a burguesia ficou de cabelos em pé e cacarejando... Que pena! Tão ricos e tão poderosos!
A amante do Mendigo K, enquanto ouvia as notícias lembrava do Yellow submarine e resmungava esta frase de Giovanni Papini: "O mar é a noite do abismo e a pátria dos monstros... um inimigo que os homens se esforçam por amar... (...) O velho mar, não obstante todas as adulações dos poetas, todos os verdes, os azuis e os violetas do prisma e todos os diamantes que o sol lhe concede, é um infeliz e um desesperado. É um infeliz e um desesperado gigante que se agita e se debate na inútil esperança de fugir ao seu eterno e infindável tédio..."
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