[... Caso o criminalista não pensasse de maneira tão criminosa como o criminoso, jamais poderia apanhá-lo. Caso o missionário tivesse encontrado Deus em seu coração, não precisaria inculcá-lo em outras pessoas de maneira tão obstinada. No fundo de seu coração ele é um descrente e, ao converter os outros, tenta converter a si mesmo...]
Rudiger Dahlke
(In: A doença como linguagem da alma, p. 51)
Acusado por um grupo de mulheres de as ter assediado, Morgan Freeman, o ator americano com seus 80 anos e um Oscar na biografia não parecia abatido pela acusação. Propus a ele este bate-papo ao que ele condescendeu sem frescuras:
EU - Freeman, como é, aos 80 anos, ser acusado por amigas de trabalho de fazer com elas "comentários picantes"?
MORGAN - Antes de tudo, quero esclarecer que eu não tinha a mínima idéia de que "picantes" tem a ver com pica. E também, como não é minha área, não sabia identificar os sinais que o transtorno bi-polar imprime nas mulheres. Na fase maníaca fingem querer sentar em teu colo e na fase depressiva te acusam de ser um estuprador perigoso.
EU - Tem alguma verdade contida na acusação dessas oito mulheres?
Tem! Como sou um homem negro, fui criado num ambiente muito afetivo e carinhoso. (Minha família tem origens numa religião panteísta, enquanto as mulheres que me acusam são monoteístas)... Mamei nas tetas de minha mãe até bem tarde e até dei umas mamadas nas tetas de uma vizinha, amiga de minha mãe. Sempre em público e às claras. Além da mãe e das irmãs, havia minhas tias, minhas primas, as vizinhas e amigas da família que me beijavam, me abraçavam, me tocavam afetuosamente sempre que me viam, fatos que turbinaram meu afeto, meu olfato e meu fascínio pelo corpo feminino. Não vou negar, o corpo feminino, até hoje, com 80 anos, me produz um suave e delicado frenessi... Não foi por acaso que ganhei um Óscar de melhor ator exatamente com o filme Menina de Ouro...
EU - Mas você assediou alguém?
MORGAN - Odeio essa palavra! Mas sem isso aí que chamam cretinamente de assédio, a espécie já teria desaparecido. A sedução, como meio, foi o que tirou a humanidade da miséria que foram nossos primórdios. Conheço mulheres que mergulharam em depressão profunda porque passaram a não ser mais olhadas e nem desejadas... Um homem vive embalado praticamente só pela sedução cotidiana, sei que as mulheres também o são, e até muito mais, a diferença é que nelas a sedução é um fim e não um meio. Diferentemente de nós, se satisfazem neuroticamente apenas com a sedução. Ambivalentes com o próprio corpo e com os próprios desejos, num momento querem e no outro sucumbem à culpa. Num dia, por generosidade maternal, se prontificam a nos abrir a braguilha, já, no outro, censuram nosso olhar e até nossos afetos. O que é uma pena! Os homens - esses bobalhões - foram enganados pela cultura, acreditaram que o desejo delas era igual ao deles... Não é! E agora não conseguem divisar a fronteira entre o "amor" e o "estupro". Aprenderam que a sexualidade era uma manifestação anímica saudável e revolucionária e de repente, se veem diante de um manual burocrático, policialesco, doentio e recheado de protocolos.
EU - Seja objetivo: você assediou alguém?
MORGAN - Por ser um homem de cinema, sempre vivi rodeado de beldades. Além das 8 que me estão denunciando, já frequentei a alcova de uma centena e sempre usando as mesmas "estratégias" amorosas. Será que todas elas me veem como um "estuprador"? É uma pena que as mulheres ainda continuem complexas e problemáticas como na época de Freud. Aliás, não foi por acaso que o velho judeu fez, a uma colega sua, a pergunta que até hoje não foi convenientemente respondida: O que quer uma mulher? Para o homem, todo mundo sabe, o gozo sexual é seu principal objetivo. Nos faz bem para o corpo e para a alma. Alma? Desculpe a apelação! Interditar nosso desejo por motivos moralistas e ideológicos é uma idiotice canalha que só fará com que se escancarem ainda mais as portas do inferno civilizatório...
EU - Você está preocupado com essa denuncia?
MORGAN - O que mais me preocupou foi elas terem declarado que eu as toquei de forma inadequada. Isso é grave! Isso não! Isso me preocupou! Como é que um homem com 80 anos que frequentou a alcova de inúmeras beldades, judias e luteranas, pode ser acusado disto. Eu mais do que ninguém, tenho convicção de que meu toque é preciso, que sei tocar no lugar certo e de maneira adequada. Em termos de vibrato, só perco para Paganini...
EU - Por quê então desculpar-se?
MORGAN - Ora! Desculpei-me por uma obrigação social. Mas na intimidade, tenho me explicado e me desculpado verdadeiramente apenas ao meu desejo. Só ao meu desejo é que devo explicações. E como vou explicar ao meu desejo que, a partir de agora, existe um protocolo a seguir? Um protocolo que é completamente contrário a Ele. Isto é, que é potencialmente brochante?
EU - Quer mandar alguma mensagem ao mundo antes de ter que repassar alguns milhões de dólares para elas ou antes de ir para uma penitenciária?
MORGAN - O mundo será mais vibrante e mais saudável quando as mulheres, ao invés de ficarem refugiadas na histeria, na heterofobia e no moralismo, passarem elas próprias a valorizar o gozo e a assediar o "objeto de seus desejos". Quando entenderem que o "assédio" não é necessariamente um crime, mas a linguagem revolucionária, encantadora e transcendente de nosso mundo anímico.
A ultima resposta do "Morgan" diz tudo! TREPAI!! Esse é o unico mandamento! Hoje ta cada vez mais dificil tef acesso ao sexo, a maioria ta doente, vaidosas no minimo e o que vai acontecer? A TERRA VAI COMER!! Isso é uma IDIOTICE...desperdiçar o PRAZER!
ResponderExcluirhttps://g1.globo.com/pop-arte/noticia/morgan-freeman-se-desculpa-apos-acusacoes-de-assedio-sexual-nunca-foi-minha-intencao.ghtml
ResponderExcluirhttps://brasil.elpais.com/brasil/2018/05/24/cultura/1527175136_764472.html
ResponderExcluirhttps://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2018/05/25/interna_diversao_arte,683497/anitta-revela-que-assiste-pornografia-eu-adoro.shtml
ResponderExcluirCaro Bazzo, essa entrevista imaginária gerou em mim algumas dúvidas que exponho aqui nas seguintes perguntinhas: não seria esse modo de perceber o “novo” comportamento feminino uma reatividade contra a vontade de potência delas (nosso)? E uma percepção simultânea de que, ante essa vontade de potência os seus tacapes encontram-se amolecidos?
ResponderExcluirConcordo contigo que o tesão, a libido, os desejos e a busca de saciedade é o que, no íntimo profundo de nossa animalidade (que a cultura tenta em vão domesticar, civilizar) é o que nos rege. E a repressão dessas energias que nos são vitais geraram seres fracos, reprimidos, ressentidos, ovelhas culpadas, incapazes de autenticidade contra as quais a martelada anti-moralista nietzschiana mirou. Mas tendo esse sentido em vista, o comportamento “maníaco-depressivo” não estaria sendo a libertação do próprio desejo que agora não se submete mais a ser mero objeto e quer ser sujeito do desejo? Não quer ser apenas depósito de esperma e quer gozar e dar àquele ou àquela que melhor a satisfaz? Sobre a “bipolaridade” diagnosticada por você não seria o próprio diagnóstico simplista e autoafetado contra aquele, no caso aquela, que excede as regras de comportamento tradicionalmente previstas e culturalmente imputadas reativamente? Sobre a pergunta freudiana “o que quer a mulher?” a reposta não estaria expressivamente na libertação da neurose provocada pela repressão cultural dos desejos da fêmea? Não estaríamos, hoje, assim, mais próximas da esquizofrenia conforme a análise anti-édipiana daquele que muito criticou o tradicionalismo da psicanálise, isto é, Deleuze? Não seria mais coerente afirmar que, não o assédio, mas o próprio desejo é revolucionário? E dessa coerência não partiria a percepção não de que a mulher está frígida e combativa contra o desejo dos homens, mas de que ela quer gozar livremente? Ser comida, comer, apanhar, fingir-se de Lolita ou de Bovary pra quem ELA livremente decidir? E aqueles que não se vêm como potencialmente capazes de satisfazê-las batam os pés no chão como uma criança birrenta perante a mãe que lhe recusa os seios?