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Observe como:“um homem sentado sobre uma mala na beira da estrada parece um expulso do
mundo...”
D.S.
Nos últimos meses, nesta espécie de Ano Internacional da Corrupção, a mala, depois do dinheiro, foi o objeto mais badalado. O homem da mala. O meio milhão da mala. O crime da mala...
Quem é que, corrupto ou não, não tem alguma história afetiva ou de horror relacionada a uma mala.
A primeira mala. De madeira, de alumínio, de couro ou de papelão... Com chave, sem chave, com alça ou apenas com uma corda para ser transportada. Com uma etiqueta de uma aldeia dos confins do mundo ou apenas com um sinal feito com um canivete. A mala da emigração, a do exílio, a que afundou no último naufrágio. A que ficou no balcão da delegacia ou do lupanar... As que se perderam num trem que ia para Treblinka... A mala do dia em que foi expulso de casa. A mala que ficou na secretaria do hospício. A mala que se foi numa caravana de ciganos. A mala de retirante equilibrada na cabeça, a mala como travesseiro num beco do Marrocos, a mala que era a maior prova de que estava sendo banido da terra... A mala da moça que ia em direção ao bordel ou a de sua irmã mais nova que ia internar-se num convento... A mala do sujeito que pensou que Pasárgada e babilônia eram a mesma coisa... A mala onde foram enfiadas as bagatelas do morto para serem levadas a uma instituição de caridade... A mala sobre o guarda-roupa, dentro da qual apodreciam fotos seculares, segredos, um violino e suas partituras. Qual seria, afinal, a origem dessa peça que faz parte do inconsciente de absolutamente todos, mesmo daqueles que nunca se atreveram a cair no mundo?...
_______________________________________
Nota: enviada por um correspondente anônimo: "A mala do velho palhaço desempregado que não encontra mais emprego nos "modernos" circos, a insustentável leveza da mala de Kundera, a mala de Proust, quando saiu em busca do seu tempo perdido, a mala remendada do mendigo que não foi aceito como hóspede na Casa Branca, a mala de Mário Quintana, que ficou esquecida, em um desses hotéis baratos, no qual morava, com suas poesias inéditas, a mala de Gian Genet, ao sair do presídio, de Olga Benário ao ser deportada para Alemanha, as malas repletas de esperanças, das mães da praça de maio, em reencontrar seus hijos, a mala de todos nós, que estamos de breve passagem, neste pequeno e insignificante planeta, esperando a qualquer momento o retorno para o nada de onde viemos.."
D.S.
Nos últimos meses, nesta espécie de Ano Internacional da Corrupção, a mala, depois do dinheiro, foi o objeto mais badalado. O homem da mala. O meio milhão da mala. O crime da mala...
Quem é que, corrupto ou não, não tem alguma história afetiva ou de horror relacionada a uma mala.
A primeira mala. De madeira, de alumínio, de couro ou de papelão... Com chave, sem chave, com alça ou apenas com uma corda para ser transportada. Com uma etiqueta de uma aldeia dos confins do mundo ou apenas com um sinal feito com um canivete. A mala da emigração, a do exílio, a que afundou no último naufrágio. A que ficou no balcão da delegacia ou do lupanar... As que se perderam num trem que ia para Treblinka... A mala do dia em que foi expulso de casa. A mala que ficou na secretaria do hospício. A mala que se foi numa caravana de ciganos. A mala de retirante equilibrada na cabeça, a mala como travesseiro num beco do Marrocos, a mala que era a maior prova de que estava sendo banido da terra... A mala da moça que ia em direção ao bordel ou a de sua irmã mais nova que ia internar-se num convento... A mala do sujeito que pensou que Pasárgada e babilônia eram a mesma coisa... A mala onde foram enfiadas as bagatelas do morto para serem levadas a uma instituição de caridade... A mala sobre o guarda-roupa, dentro da qual apodreciam fotos seculares, segredos, um violino e suas partituras. Qual seria, afinal, a origem dessa peça que faz parte do inconsciente de absolutamente todos, mesmo daqueles que nunca se atreveram a cair no mundo?...
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Nota: enviada por um correspondente anônimo: "A mala do velho palhaço desempregado que não encontra mais emprego nos "modernos" circos, a insustentável leveza da mala de Kundera, a mala de Proust, quando saiu em busca do seu tempo perdido, a mala remendada do mendigo que não foi aceito como hóspede na Casa Branca, a mala de Mário Quintana, que ficou esquecida, em um desses hotéis baratos, no qual morava, com suas poesias inéditas, a mala de Gian Genet, ao sair do presídio, de Olga Benário ao ser deportada para Alemanha, as malas repletas de esperanças, das mães da praça de maio, em reencontrar seus hijos, a mala de todos nós, que estamos de breve passagem, neste pequeno e insignificante planeta, esperando a qualquer momento o retorno para o nada de onde viemos.."
A mala do velho palhaço desempregado que não encontra mais emprego nos "modernos" circos, a insustentável leveza da mala de Kundera, a mala de Proust, quando saiu em busca do seu tempo perdido, a mala remendada do mendigo que não foi aceito como hóspede na Casa Branca, a mala de Mário Quintana, que ficou esquecida, em um desses hotéis baratos, no qual morava, com suas poesias inéditas, a mala de Gian Genet, ao sair do presídio, de Olga Benário ao ser deportada para Alemanha, as malas repletas de esperanças, das mães da praça de maio, em reencontrar seus hijos, a mala de todos nós, que estamos de breve passagem, neste pequeno e insignificante planeta, esperando a qualquer momento o retorno para o nada de onde viemos..
ResponderExcluirhttp://veja.abril.com.br/saude/meninas-de-apenas-11-anos-procuram-cirurgia-intima/
ResponderExcluirhttp://veja.abril.com.br/brasil/luana-don-musa-modelo-reporter-advogada-e-agora-presidiaria/
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