segunda-feira, 31 de julho de 2017

Morte de Jeanne Moreau - O sadismo "celeste" - Ou a tragédia do tempo...


Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa





http://www.lemonde.fr/disparitions/article/2017/07/31/mort-de-jeanne-moreau-grande-comedienne-et-personnalite-insoumise_5166900_3382.html

sábado, 29 de julho de 2017

O Rio de Janeiro, as Malvinas... e o México...



"Du fond de votre automne, disait Nietzsche à la fin du siècle dernier, je vous prédis un hiver et une pauvreté glacials..."
Citado por Roland Jaccard

Neste sábado em que Brasília está sendo varrida por um vento que parece vir do deserto de Gobi, o mendigo K. estava ali em frente ao Ministério da Justiça, acenando para os carros que passavam com um cartaz que dizia:
"Mandar recrutas neófitos para dissimular o caos social, a putaria política e os homicídios urbanos na cidade do Rio de Janeiro,  é uma irresponsabilidade e um crime". E em letras menores. Se as facções de lá quiserem, serão abatidos como moscas!
 Achei curiosa sua percepção do assunto e estacionei para ouvi-lo. Me disse: Esses recrutas nunca atiraram nem numa lata de marmelada! Passam a vida inteira fazendo continências, ajeitando as estrelas nos ombros de seus superiores e passando óleo de peroba na coronha dos rifles... Não sabem nada de guerrilha urbana, não conhecem a cidade, não conhecem os códigos do morro, não leram João do Rio, não conhecem o Manual de guerrilha urbana do Marighela, não decodificam a letra dos sambas... Não levam um patuá amarrado ao pescoço! Não diferenciam farinha de arroz de cocaína!  Sem falar do calor. Rio 40 graus! Vão cometer barbaridades ou, como já disse, serão aniquilados... Lembra das Malvinas? Lembra da irresponsabilidade dos generais argentinos na Guerra das Malvinas? Quando enviaram seus soldados calçando tênis para enfrentar as tropas britânicas... em pleno inverno?... Foram aniquilados...
Vivia no México - continuou - quando os argentinos resolveram desafiar a rainha e os caças britânicos. Se foderam! Sabe o que é enviar soldados calçando tênis, em pleno inverno, para uma frente de batalha?... Isso - explicou-me - me indagavam os argentinos que moravam no México, em total desolação.
Tempo em que quase todos os professores da UNAM eram psicanalistas argentinos que haviam se exilado naquele país. O México era um paraíso cultural e político. Além de sua posição geográfica abrigava exilados do mundo inteiro, de todas as confrarias, partidos, causas... Sartre esteve por lá, também Elias Canetti... Marie Langer! Artaud havia passado uma época vivendo e comendo peyot entre os Tarahuaras... Todos os teóricos da anti-psiquiatria deambulavam por lá, (Cooper e Laing), todos os da psicanálise, todos os do marxismo,  todos os da antropologia, todos os do anarquismo, da literatura...Lia-se Freud e o Mal estar na cultura nos gramados do Campus..! Ivan Ilich e os bispos delirantes de Cuernavaca com suas falsas promessas de ressurreição! Isla Mujeres! As praias do Pacifico! Houve até um Congresso planetário dos partidos de esquerda onde estavam presentes os curdos e os representantes de Arafat e também o dos Panteras Negras... Savater! Os campesinos à noite, acampados em frente à reitoria com suas tochas acesas protestando contra o obscurantismo da razão! A vida era uma festa e Maria Sabina ainda estava viva! E, na retaguarda de todos esses intelectuais e onanistas estava sempre o espectro do velho Cioran jurando que um dia, com um único pensamento, poderíamos fazer o universo estalar em pedaços..! As bibliotecas, a Livraria Gandhi, as aulas, as sopas astecas, os tremores de terra e os tiroteios na madrugada. Sem falar dos pimentões recheados e do Mezcal, aquele com uma larva no fundo da garrafa...
Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa...

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Estar vivo é puro reflexo de legitima defesa...


"No próprio momento em que nasce, o ser humano sabe por instinto que viver é um reflexo de legitima defesa..."
Fréderic Schiffter


Apesar de todo o teatro governamental, paroquial e policial a violência aqui na Capital da República está de despertar  - como diria Roberto Jeffersom - nossos medos e nossos instintos mais primitivos. 
Diariamente alguém é esfaqueado, baleado, atropelado, escalpelado e etc. E todo dia a polícia (militar, civil, secreta, do exército, da marinha, da aeronáutica, da guarda nacional e etc) circula por aí com as sirenes ligadas e com os soldados mascando chicletes, fazendo pose e escrutinando os vãos das esquinas e o movimento das sombras... Tudo inútil. No outro dia cedo, ainda na hora do café, o repórter limpa a garganta, olha para a lente das câmeras e com cara de sacristão informa: infelizmente mais um corpo crivado de balas e bem ali em frente ao mausoléu da pátria! Outra mulher encontrada num porta-malas! A criança Y não resistiu. Fulano de tal já não está mais entre nós! Partiu desta para melhor; seu reino não é mais deste mundo e etc. E em casa, a famiglia - esse aglomerado de gangsters, como diz David Cooper - com os olhos arregalados, se engasga com o pão vagabundo, seco e cheio de fermento. Resmungam alguma coisa a media-voz, beijam o escapulário, (já nem mais tão limpo) pegam a bolsa e deslizam para o trabalho. Para o trabalho? Não, para a repartição. Onde ficam enxugando gelo, planejando a aposentadoria e lendo a série de delações, de putarias e de crimes do dia, até que alguém lhes avise que já é hora de despertar e de voltar a comer, fazer la siesta, ver o jornal da tarde, as novas notícias, os novos tiroteios e, claro, de beijar o escapulário... y asi se van los dias...
Como já declarei várias vezes, é uma pena não estar vivo daqui a  uns 50 anos para ver como os arquivistas, historiadores e outros falsificadores de plantão irão descrever esse período patético, insano e sado-masoquista da história...
___________________________
Uma curiosidade: logo após postar este texto, abri a pasta que contém os velhos documentos de meus antepassados e vi lá, no atestado de óbito a causa mortis de meu avô materno: Assassinado a tiros de revólver no ano de 1931, com 54 anos. Como se vê, o tiroteio vem de longe...

Memória musical e visual...








quarta-feira, 26 de julho de 2017

Empoderamento - Mais uma conquista das mulheres...



Em breve eles estarão usando babydol de nylon...


http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2017/07/26/interna_ciencia_saude,612463/em-50-anos-espermatozoides-de-homens-ocidentais-cairam-pela-metade.shtml

terça-feira, 25 de julho de 2017

Neurologia - E os indianos... apesar da Índia, sempre surpreendendo o mundo...

Indiano toca violão durante cirurgia no cérebro



“La vrai porte de L Índe, ce n’est pas l’arc de triomphe planté en face du Taj Mahal Hotel, mais la rue des putes…”  (Muriel Cerv - em L'antivoyage)


Durante uma operação em seu cérebro, um músico indiano tocou violão para ajudar os médicos a tratarem corretamente seus espasmos musculares involuntários

Por Da Redação
access_time 21 jul 2017, 16h35 - Publicado em 21 jul 2017, 16h19 

Abhishek Prasad, de 37 anos, toca violão durante uma cirurgia no cérebro, em Bangalore, no Hospital Mahveer Jain, na Índia. (Mahaveer Jain Hospital/AFP)
Não é todo dia que vemos uma pessoa tocando um instrumento musical enquanto cirurgiões operam seu cérebro. Por isso, a imagem do músico indiano Abhishek Prasad tocando violão exatamente nessa situação não passou, nem poderia passar, despercebida. Segundo informações da rede britânica BBC, foram os próprios médicos que pediram que Abhishek tocasse.
O ato os ajudaria a identificar o circuito cerebral correto que eles deveriam “queimar” para tratar espasmos musculares involuntários que afetavam os dedos do paciente, problema popularmente conhecido como “distonia do músico”.

Distonia

distonia, condição que causa espasmos dolorosos além de movimentos de torção, repetição e postura anormal, impedia que Abhishek movesse os dedos médio, anular e mínimo (dedinho) da mão esquerda quando tocava violão. “Eu pensei que a rigidez fosse causada pelo excesso de prática. Eu tirei uma folga e tentei novamente, mas percebi que não houve alteração. Alguns médicos me disseram que era fadiga muscular e me receitaram analgésicos, multi-vitamínicos, antibióticos, fisioterapia etc.”, contou o músico.
Mesmo após alertar que os espasmos só aconteciam quando ele tocava violão, o diagnóstico correto só aconteceu quando ele se consultou com o neurologista Sharan Srinivasan, há nove meses. “Eu fui aconselhado a realizar a cirurgia, mas fiquei com medo. Mas meu médico me deu confiança para seguir em frente”, disse Abhishek.

Resultados imediatos

Srinivasan contou à BBC que fez uma abertura de 14 mm no crânio de Abhishek, pode onde foi inserido um eletrodo especializado dentro e a área alvo, que foi identificada com a ajuda de imagens de ressonância magnética, estava entre 8 e 9 cm de profundidade no cérebro. Como o cérebro “não sente dor”, o procedimento é feito apenas sob anestesia local, o que possibilitou o paciente a ficar acordado e tocar o instrumento durante a operação.
“Ele estava completamente acordado durante todo o procedimento e o resultado já estava disponível na mesa de operação, porque seus dedos começaram a se mover novamente no violão”, explicou o médico
“Após a sexta queimada, meus dedos de abriram. Eu estava normal já na mesa de operação”
O paciente afirmou que se recorda vividamente de cada detalhe do procedimento. Ele disse que inicialmente os médicos colocaram uma estrutura com quatro parafusos em sua cabeça para, em seguida, abrirem seu crânio e só depois realizar a ressonância. Conta ainda que, embora parecesse que um “gerador estava ligado” durante a operação, não sentiu dor.
Para Srinivasan, cirurgias do circuito cerebral em pessoas vivas são um um marco importante na Índia. “As pessoas com este transtorno neurológico geralmente se sentem deprimidas e se limitam a exclusão. Estes são os tipos de pacientes que precisamos alcançar”.

Outros casos

Essa não é a primeira vez que um músico toca um instrumento durante uma cirurgia cerebral. Em 2014, a violinista Naomi Elishuv, da Orquestra Sinfônica da Lituânia, se submeteu a uma operação para tratar um problema de tremor que o impedia de tocar o instrumento. Assim como no caso de Abhishek , Naomi foi operado acordado e os médicos pediram que ele tocasse durante o procedimento para que eles pudessem encontrar o ponto exato do problema e identificar a quantidade de estímulos elétricos necessária para curar o distúrbio. No decorrer do procedimento, o tremor diminuiu e a paciente recuperou a habilidade durante a operação.



I

domingo, 23 de julho de 2017

Poema de Liu Xiaobo, para sua mulher...

Por mais alienado que você seja, com certeza deve ter ouvido falar, nestes últimos meses, do chinês Liu Xiaobo, prêmio Nobel de literatura (ou melhor: da paz) e prisioneiro político na China, morto no último dia 13. 
Nesta manhã de domingo ao cruzar com o mendigo K. numa das inúmeras feiras populares aqui da cidade, ele me passou um manuscrito a lápis, de meia página, dizendo que o havia ouvido na TV e por curiosidade, anotado. Só fui perceber agora, depois do almoço, que se tratava de um poema que o prisioneiro Liu Xiaobo havia escrito da prisão para sua mulher Lia Yia. O texto é impressionante. Durante a leitura, aqueles que já circularam por Beijing e por Shangai desfrutarão de uma interpretação e de um sentimento especial. 
Que os leitores, além da estética, do romantismo e do desespero do poema, também prestem atenção ao nível a que pode chegar a subserviência, a idealização e a miséria masculina em relação à existência e ao corpo feminino. Escreve o poeta:

[Sou seu prisioneiro por toda vida, meu amor
quero viver dentro de você
sobrevivendo com seu sangue
inspirado pelos seus hormônios
Ouço seu coração bater
gota a gota
como neve derretida descendo a montanha
Se eu fosse uma rocha dura de um milhão de anos
você me atravessaria
gota a gota
Dentro de você tateio no escuro
e uso o vinho que você bebeu para escrever poemas sobre você
Deixe a dança do amor intoxicar seu corpo
sempre sinto seus pulmões  subindo e descendo quando você fuma num ritmo incrível você exala minhas toxinas
eu inalo o ar fresco que nutre minha alma
Sou seu prisioneiro por toda vida meu amor
como um bebê que não quer nascer
Agarrado ao útero quente
você me dá todo oxigênio
toda serenidade
Um bebê prisioneiro nas profundezas de seu ser
sem medo do álcool e da nicotina
os venenos da sua solidão
Preciso dos seus venenos
preciso deles demais
Talvez como seu prisioneiro
eu nunca veja a luz do dia
mas acredito que a escuridão é meu destino
Dentro de você tudo está bem
o brilho do mundo lá fora me assusta e me exaure
Eu foco na sua escuridão
simples e impenetrável...]
________________________________________________


Observação: Duvido que a Lia Yia tenha acreditado que o poema foi feito para ela. Onde estaria a mãe do prisioneiro? 
Não resta dúvidas de que o pedaço de frase mais eloquente, mais delirante e patológico é este: "sou um bebê prisioneiro nas profundezas de seu ser sem medo do álcool e da nicotina
os venenos da sua solidão. Preciso demais dos seus venenos."




sexta-feira, 21 de julho de 2017

Os demiurgos, a secura e a décima primeira praga...

"Talvez o homem seja uma doença localizada do cosmos - uma espécie de eczema ou uretrite pestífera..."
H.L.Mencken

Entre as anedotas bíblicas uma das que mais me interessaram na infância e, por incrível que pareça, até hoje, é a das dez pragas do Egito. 
Quando, há muito tempo, vagabundiei pelo Cairo, ia obsessivamente pensando sobre elas e prestando atenção num gafanhoto aqui, numa rã acolá, nas águas do Rio Nilo mais avermelhadas do que o normal; nas moscas que pousavam sobre meu prato de Kushari e que pareciam ter as patas diferentes das moscas civilizadas. Prestava uma atenção especial nos esqueletos dos camelos lá nas proximidades das pirâmides; nos mendigos com vestígios de hanseniase; e à noite, quando depositava minha imensa cabeleira naqueles travesseiros de quinta categoria tinha a mais absoluta das certezas que eles estavam repletos de piolhos ainda daquela época de ignorância, de bestialidades e de crendices abomináveis. E havia também percevejos passeando pelos lençóis e pelos buracos do colchão. Lembro que encostei sadicamente o isqueiro em um deles e houve uma espécie de explosão.  Fiquei confuso e escrevi naquela noite mesmo para uma beata que, a época, além de alguns favores genitais me dava também consultoria sobre seitas, indagando se os percevejos também estavam entre as dez pragas. 'NÃO..! NÃO...! - me respondeu ela, com uma certa ironia- , não sei se os aí do Cairo são da família dos Cimex Lectularius, mas isto não tem importância, são todos apenas parentes das pulgas, dos carrapatos e mesmo dos piolhos...' Enfim, para mim, eu já havia decretado: eram todos remanescentes das dez pragas... No final da missiva, aquela pobre e desamparada mulher teve o cuidado de pedir que eu tomasse cuidado para não ser esfaqueado nas ruas tenebrosas do Cairo, que não deixasse de ir ao Museu visitar o sarcófago em ouro de um dos faraós (Tutankamom) e, o mais importante, que havia me remetido uma quantia razoável de dólares para que eu pudesse viver mais um bom tempo lá entre os papiros e as múmias... 
Mas faço essa introdução burlescafabulesca apenas para dizer que os mesmos e sádicos deuses de outrora - aqueles que não conseguiram livrar-se da bizarra  e problemática espécie que haviam  engendrado - estão agora fazendo uma nova tentativa lançando sobre Brasília e sobre o país algo como a Décima Primeira Praga: a secura. A secura dos desertos sobre um cerrado tropical, precário e vagabundo. Hoje a umidade esteve apenas a 20%... 
Por todos os lados velhinhos tossindo em desespero como se fossem colocar parte dos pulmões e das amigdalas pela boca, Uns realmente tuberculosos, mas a grande maioria apenas com aquela tosse seca, sem catarro e sem sentido. A farmacêutica da esquina que resolveu (sabe-se lá por quê) fazer o papel da boazinha até que tenta evitar que esses pobres 'condenados da terra',
 -  para conseguirem uma mísera receita -  passem o resto do dia nas filas dos sucateados ambulatórios e ela mesma então, lhes prescreve um ou outro xarope, um ou outro anti-alérgico e os manda para casa abraçar-se a suas velhas, tomar uma sopa de inhame e preventivamente, pedir perdão dos pecados... 
Um desses velhinhos, meu conhecido e quase um exegeta, depois de uma dessas crises de tosse que lhes dizia, olhou para a terra tórrida e para o sol que se punha e entre rosnadelas que só os velhos ilustrados sabem fazer, relembrou este absurdo (bíblico) que diz respeito à praga das pústulas e que deveria envergonhar a todos os charlatães de plantão e a todos os supostos teístas:  "O Senhor ordenou a Moisés e a Arão que enchessem suas mãos de cinzas e a jogassem para os céus. Assim o fizeram e as cinzas se transformaram em úlceras em todo o Egito, tanto nos animais como nas pessoas..."
Perguntou-me, com olhos de cólera: Quer mais? 
Deu uma bengalada na árvore mais próxima e saiu debatendo-se no farfalhar do véu da morte... e tossindo no meio de 
uma sequidão fdp.


terça-feira, 18 de julho de 2017

Os doutores, a ânsia de imortalidade e as vacas... (Afinal: quem é mais doutor do que o outro?)... E a opinião das vacas?

Da Bíblia falsificada e censurada & de Sade...

Hoje, terça-feira, um dia estupendo de sol, quase todo mundo tossindo e assoando o nariz aí pelos ministérios ou pelos mercados, deparei-me novamente com o mendigo K. Estava numa parada de taxis, meio eufórico, batendo papo com um grupo de taxistas, aqueles conhecidos e decadentes velhinhos que passam o resto da vida coçando a barriga e jogando dominó enquanto aguardam clientes e esperam Godot. Continuava com o casacão verde dos soldados russos, aqueles que, como já disse, se pode comprar nas feiras hippies ou nos mercados de pulgas por pequenas bagatelas e, com o livro do Luiz Buñuel nas mãos. Obrigou-me a escutar mais este texto (páginas 289, 290) onde Buñuel fala sobre um de seus filmes: "Numa cena do filme um velho diz para seu filho uma passagem que, para mim, é a mais bela de Bíblia, muito superior ao Cântico dos cânticos. Encontra-se no Livro da sapiência, ou da sabedoria, livro que não figura em todas as edições, pelo contrário (II,1 a 7). O autor destas linhas admiráveis as coloca na boca dos ímpios. Senão seriam impronunciáveis. Basta colocar entre parênteses as primeiras palavras e ler": 
(Disseram pois os ímpios no desvario dos seus pensamentos): O tempo de nossa vida é curto e cheio de tédio, e não há nenhum bem a esperar depois da morte, e também não se conhece quem tenha voltado dos infernos.
Pois do nada somos nascidos e depois desta vida seremos como se nunca tivéramos sido. Pois a respiração de nossos narizes não passa de fumaça; e a razão é como faísca para mover o nosso coração.
Apagada ela será e nosso corpo reduzido a cinza e o espírito se dissipará como um ar sutil.
E a nossa vida se desvanecerá como uma nuvem que passa e se dissipará como um nevoeiro que á afugentado pelos raios de sol e oprimido pelo seu calor.
E o nosso nome com o tempo ficará sepultado no esquecimento, e ninguém se lembrará de nossas obras
Pois nossa vida é a passagem de uma sombra, e não há regresso depois da morte. Pois lacrada, ninguém retorna dela.
Vinde portanto, e gozemos dos bens presentes e apressemo-nos a usar das criaturas como na mocidade.
Enchamo-nos de vinho precioso e de perfume, e não deixemos passar a flor da primavera.
Coroemo-nos de rosas antes que murchem; não haja prado algum em que a nossa intemperança não se manifeste.
Nenhum de nós falte às nossas orgias. Deixemos em toda a parte sinais de alegria, porque esta é a parte que nos toca e esta é a nossa sorte.)
Interrompeu a leitura, olhou para os velhinhos taxistas estupefatos e concluiu:
"Palavra alguma a modificar nessa remota profissão de ateísmo. Pensar-se-ia estar ouvindo a mais bela página do Divino Marquês..."
Jogou o livro para o alto, tirou três ou quatro amêndoas chilenas do bolso interno do casaco e explodiu numa gargalhada.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Do porvir de uma ilusão...

Com o frio que está fazendo aqui na cidade, a mendigada desapareceu. Os que não morreram por aí nas tocas dos esgotos ou nas esplanadas do Niemeyer... pegaram uma carona para seus estados de origem ou foram recolhidos por uma beata ou outra para algum albergue, algum asilo, alguma garagem abandonada, onde permanecem tomando leite quente com canela como crianças pródigas, ansiosos e em busca de algum raio de sol, enrolados em trapos e em cobertores, batendo os queixos e esperando pela volta do verão... O mendigo K foi uma exceção. O encontrei na parte inferior da rodoviária no meio da polui
ção dos ônibus e do burburinho dos frequentadores insanos daquele local. Estava enfiado dentro de um casacão daqueles dos soldados russos que se pode comprar nas feiras hippies por uma bagatela. Ao me ver fez logo uma pergunta, com ar de desafio: Quê dia é hoje? Como não lhe respondi, voltou a perguntar: Em que mês estamos? Como também não lhe respondi agregou: não quer responder ou já está demente?  Quantos anos você tem? Estava com o livro de  Luis Buñuel (O último suspiro) aberto entre as mãos e convidou-me a  ouvir um texto que, segundo ele estava na página 9, a respeito da memória. Antes de começar a leitura do parágrafo que estava sublinhado com letra vermelha, bradou, dirigindo-se mais para a turba do que para mim: este é um livro que ninguém pode deixar de ler. O texto tratava da memória, da demência e da amnésia da mãe de Buñuel. Começou a leitura, verdadeiramente emocionado: "Nos dez últimos anos de sua vida, minha mãe, pouco a pouco, perdeu a memória. Quando ia vê-la em Saragoça, onde ela morava com meus irmãos, acontecia que lhe déssemos uma revista, que ela folheava cuidadosamente da primeira à última página. Após o que, tomávamos a revista de suas mãos, para oferecer-lhe uma outra, que, em realidade, era a mesma. Ela se punha novamente a folhear com o mesmo interesse. Chegou ao ponto de já não reconhecer seus filhos, de já não saber quem éramos nós, quem era ela. Eu entrava, beijava-a, passava algum tempo a seu lado - sua saúde física se mantinha intacta, ela se mostrava até bastante ágil para sua idade -, depois tornava a sair, retornava imediatamente, me recebia com o mesmo sorriso, pedia que me sentasse, como se me estivesse vendo pela primeira vez, já não sabendo, aliás, nem mais meu nome..."
Fez uma súbita interrupção e perguntou-me agressivamente: quer maior desgraça do que esta?
Voltou a abrir o livro na mesma página e concluiu: quer angústia maior do que  esta? estar vivo, mas já não reconhecer-se a si mesmo, já não saber quem se é?
Nossa memória é nossa coerência, nossa razão, nossa ação, nosso sentimento. Sem ela, não somos nada..."
Concluiu a leitura e desapareceu no meio da fumaceira que escapava do motor de uma daquelas velhas geringonças...

domingo, 16 de julho de 2017

Nicaragua: XXIII Encontro do foro de São Paulo como extensão do Vaticano... Apesar do cristianismo e das esquerdas terem pauperizado e esgotado o mundo por onde passaram, continuam na ativa e vigorosas. Em total desamparo, os rebanhos seguem necessitando de um substituto do pai, de um chefe e de um messias...


"As idéias não têm nenhum poder sobre aqueles que não comeram, e menos ainda, sobre aqueles que acabam de comer. A fome e a saciação são duas formas iguais de bestialidade..." Vargas Vila



Nicaragua, capital de la izquierda latinoamericana

MANAGUA.–Desde hoy y hasta el 19 de julio próximo, Nicaragua será la capital de la izquierda y las fuerzas progresistas de América Latina y el Caribe que se reunirán aquí para celebrar el XXIII Encuentro del Foro de Sao Paulo.
Nacido del genio del líder de la Revolución Cubana Fidel Castro y el brasileño Luiz Inácio Lula da Silva, el foro lleva el nombre de la ciudad donde sesionó por primera vez en 1990 y acumula más de un cuarto de siglo de historia. Se mantiene como un referente en el análisis de la coyuntura internacional y la búsqueda de alternativas al pensamiento único neoliberal.
La última década del siglo pasado estuvo marcada por la caída del campo socialista y la desintegración de la Unión Soviética, que hicieron pensar a algunos en el «fin de la historia» y la incontestabilidad de la hegemonía capitalista. En esa etapa se lanzó también el llamado Consenso de Washington, una expresión programática del neoliberalismo al que se sumó con ímpetu la derecha regional.
La cita de Sao Paulo, por el contrario, sirvió para reagrupar a las fuerzas de izquierda y trazar un camino en las nuevas circunstancias. Los más de 20 encuentros que se han llevado a cabo desde entonces y el protagonismo del foro en las últimas décadas de transformaciones en América Latina, demuestran que aquel esfuerzo inicial no fue en vano.
Los debates en los encuentros del Foro de Sao Paulo son una expresión del mosaico de organizaciones, movimientos sociales y partidos latinoamericanos y caribeños. La unidad dentro de la diversidad es uno de las máximas que conduce sus actividades.
Los miembros latinoamericanos tienen voz y voto, sin embargo, a las discusiones asisten también partidos y movimientos sociales de izquierda de otras regiones del mundo como Europa, Asia y África, quienes también estarán presentes en esta XXIII edición.
La cita nicaragüense no deja pasar la oportunidad de recordar  el centenario de la Revolución de Octubre y el aniversario 50 de la caída en combate del Che. El programa recoge conferencias y debates para abordar ambos acontecimientos.
LA GLOBALIZACIÓN NEOLIBEAL NO HA MUERTO
Los documentos bases de esta edición del Foro de Sao Paulo están encabezados por una frase contundente: «La globalización neoliberal no ha muerto».
Su análisis reconoce la existencia de una contraofensiva de la derecha y los centros de poder mundial contra las experiencias progresistas en la región, cuyo propósito es borrar las transformaciones de la última década.
La continua arremetida contra Venezuela, así como los intentos de desacreditar a líderes de izquierda con alto impacto simbólico como el expresidente Lula o la exmandataria argentina Cristina Fernández, evidencian la articulación de una estrategia que trasciende las fronteras de un solo país.
A diferencia de los encuentros iniciales, en el que únicamente el Partido Comunista de Cuba estaba en el poder, en la actualidad son varios los miembros que presiden el gobierno o forman parte de él, de ahí que los debates se hayan ampliado.
La única preocupación no es el camino para lograr los cambios, sino las formas de proteger las experiencias actuales en países como Venezuela, Nicaragua, Bolivia, Ecuador y Cuba.
Los documentos bases señalan con preocupación el uso de los medios de comunicación, casi todos en manos de las élites, como armas políticas contra los gobiernos de izquierda.
«La sociedad está siendo enajenada por los medios de comunicación al servicio de la derecha política y empresaria local y mundial, hoy atenta contra las instituciones del Estado, alimenta la animadversión contra la política, los políticos, las instituciones del Estado, nómbrese Parlamento, Congreso e instancias de procuración de justicia», apunta el documento.
Añade que es desde estas mismas instancias que se corrompen los servicios públicos y se diseñan los golpes de Estado blandos que se han visto en los últimos años.
«Este fenómeno es una oportunidad para las fuerzas revolucionarias, de izquierda y progresistas, que, partiendo de nuestros análisis, debemos enfrentarlas», refieren. «No debemos partir del contexto económico sino del contexto político para dar respuestas creativas frente a las izquierdas reaccionarias y las derechas antisistémicas a las cuales debemos absorber y responder».
CONSENSO DE NUESTRA AMÉRICA
La reunión en Nicaragua estará acompañada por el primer documento programático que se emite desde el Foro de Sao Paulo, bajo el nombre de Consenso de Nuestra América.
Un borrador fue terminado en la sesión de trabajo celebrada en Managua a comienzos de este año. Este se llevó a consultas en toda la región y debe ser aprobado en el encuentro por los partidos miembros.
El documento está dedicado al Comandante en Jefe Fidel Castro y es una respuesta a la ofensiva imperial. En él se encuentran los principios y propósitos que inspiran a las fuerzas progresistas, así como el diagnóstico de la realidad a transformar, los sujetos y el proyecto por el cual se lucha.
El Consenso de Nuestra América rechaza que exista un fin del ciclo progresista y llama a no lamentar los reveses sufridos en el plano político o electoral, como ocurrió en Argentina y Brasil.
«Es el momento de ser autocríticos y constructivos y aprender de nuestros aciertos y errores», señala. «A pesar de reveses temporales y la agresividad del capitalismo contemporáneo, nuestra lucha por el poder no se detiene».
El Consenso parte de asumir que se ha modificado la correlación de fuerzas en la región, y que se vive un momento de desaceleración y desacumulación política y social.
Pero la esencia del documento está muy lejos del derrotismo y dedica el grueso de sus páginas a una síntesis de los pasos a seguir en los frentes económico, político y social, como guía para los movimientos de izquierda y progresistas, sin pretender crear fórmulas inamovibles y respetando las diferencias de cada país.
«Nuestro horizonte es una sociedad que se proponga eliminar la brecha cada vez más grande entre ricos y pobres y superar las desigualdades de género, etnia y edad», apunta.
Entre las acciones a seguir en la esfera económica mencionan la necesidad de fortalecer el papel de la inversión estatal, así como la propiedad social sobre los principales recursos económicos sin excluir el papel de los sectores privados, tanto nacionales como extranjeros, siempre que estén «bajo la orientación de un plan de desarrollo nacional».
En el orden social mencionan la necesidad de una distribución más equitativa de las riquezas como signo distintivo de la izquierda. «Las políticas fiscales deben orientarse y concebirse bajo el principio de que no existe desarrollo genuino sin la mayor inclusión social posible, la igualdad de oportunidades y el acceso de todos los ciudadanos y ciudadanas a los bienes y servicios socialmente producidos, según el aporte de cada cual».
En tal sentido, el papel del Estado es insustituible para garantizar a todos los ciudadanos el disfrute de los derechos humanos que son universales, indivisibles e interdependientes, añade.
El texto llama a fortalecer la consolidación del poder popular y a profundas transformaciones en materia comunicacional con el objetivo de evitar «los procesos de concentración de la información, los medios y la cultura».
El Consenso de Nuestra América insiste en la consolidación del Sueño de una Patria Grande, única e indisoluble, según los ideales de los próceres latinoamericanos y caribeños. «Nuestro proyecto debe proponer modelos que promuevan y estimulen la integración regional no subordinada, sino liberadora».
EL APORTE NICARAGÜENSE
El XXIII encuentro del Foro de Sao Paulo concluirá en Managua justo el día que se celebra el aniversario 38 de la Revolución Sandinista, que derrocó a una de las dictaduras más violentas del continente e inició un camino de transformaciones en beneficio de las mayorías en Nicaragua.
El modelo de «reconciliación y unidad nacional» que lleva adelante el gobierno sandinista será uno de sus principales aportes a los debates, así como un documento anexo sobre la consolidación del poder popular.
Tras una cruenta guerra civil financiada por Estados Unidos hasta principios de los 90 y un paréntesis neoliberal que se extendió por 16 años, el regreso del sandinismo al poder marcó una nueva etapa para Nicaragua.
Durante la última década, el país ha registrado una de las tasas de crecimiento económico más altas de América Latina y llevó la cobertura de electricidad a la población del 50 % al 95 %.
Se espera que este 2017 el programa social Plan Techo alcance a 200 000 familias, garantizándoles una vivienda digna.
Se lleva adelante un programa de rescate para la antigua Managua, a orillas del lago Xolotlán, que antiguamente se utilizaba como depósito de aguas negras, y la mejoría en infraestructura vial es notable.
A pesar de su cercanía al triángulo centroamericano, donde se registran las mayores tasas de asesinatos y criminalidad del mundo, la seguridad ciudadana en Nicaragua es de las mejores en la región.
Los logros nicaragüenses han sido reconocidos por distintos organismos internacionales como Naciones Unidas, la Cepal y la Unicef, pero quizá el medidor más efectivo sea el respaldo popular.
En las elecciones de noviembre del año pasado, el FSLN se alzó con un triunfo contundente. El Presidente Daniel Ortega y su fórmula vicepresidencial, la compañera Rosario Murillo, obtuvieron el 72% de los votos, dejando en bancarrota a la vieja partidocracia y consolidando el proceso de cambio sandinista.





Como diria minha bisavó: povera gente!

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Como diria minha bisavó: Não se pode mais confiar em ninguém e em nada...

"La historia nos ha quitado la razón, a nosotros y a todos los que pensaban como nosotros..." Engels


_________________________________________________________________________________

Usuário reclama de maconha vencida e denuncia traficante para a PM em Minas (Correio Braziliense de hoje)





Insatisfeito com a qualidade da maconha comprada em Cataguases, na Zona da Mata mineira, um homem ligou para a Polícia Militar e denunciou o traficante, que acabou detido pela corporação na última terça-feira.
Segundo a PM, o comprador da droga resolveu denunciar o tráfico nas imediações de um posto de saúde da cidade pelo 190 após comprar a droga que ele considerou vencida e de má qualidade.
Na denúncia feita por telefone, o comprador afirmou que o traficante estava oferecendo cigarros de maconha para os transeuntes já prontos para uso e embalados em um plástico transparente. 
Já conhecendo o homem apontado pelo denunciante, os militares foram ao local e não encontraram o vendedor de drogas no ponto informado, mas aumentaram o rastreamento e conseguiram localizá-lo em um beco próximo.
Ele ficou nervoso com a situação e acabou flagrado com um cigarro de maconha, R$ 85 em dinheiro e um celular, o que para a Polícia Militar caracterizava a venda da droga no varejo. Segundo a corporação, o homem começou a se contradizer quanto à procedência do material e não soube explicar o que faria com a maconha.
Os policiais fizeram mais levantamentos e descobriram uma ocorrência de tráfico em que o jovem de 19 anos já tinha sido preso. Ainda segundo a PM, o pai dele foi chamado no local e reprovou a atitude do filho.

Neurologia. Sacks. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu...






O Projeto de uma psicologia para neurologos escrito por S. Freud em 1895 é, (data vênia) para os trabalhos recentemente publicados por Olivier Sacks, sobre neurologia, mais ou menos o que é a máquina de escrever dos anos 70 para os computadores de hoje. Não leu nada? Não conhece nada de Sacks? Nunca ouviu dizer, por exemplo, que a música pode desencadear convulsões em algumas pessoas e até mesmo uma crise epiléptica? (epilepsia musicogênica). Seus professores silenciaram sobre estes assuntos? Não leu O homem que confundiu sua mulher com um chapéu? Nem Alucinações musicais? Nunca leu nada sobre aquela senhora que sempre que ouvia música napolitana tinha uma ataque? Quanta ignorância!

terça-feira, 11 de julho de 2017

E as senadoras tocam o terror no senado (pero, sin perder la ternura...)

A população, principalmente a feminina, ficou emocionalmente excitada com a atitude das senadoras hoje de manhã, lá no Congresso Nacional. Com aquelas que soberbamente (mas sem perder a ternura) ocuparam a cadeira do Presidente da casa, almoçaram e beberam sobre  a mesa senhorial enquanto riam para as câmeras como se quisessem lembrar aos singelos eleitores que  aquele festim era a amostra do que deve ser uma Ação Direta de Empoderamento
O velho senador e presidente daquela casa, só Freud saberia o porquê, vacilou, recuou e simbolicamente, mandou apagar as luzes... Só faltou alguém colocar na radiola algum rasqueado do Julio Jaramillo (ouça abaixo).
Apagar as luzes? Uma simpática cortesã que costumo encontrar diariamente, lá pelas 19:00 horas, ali na esquina da catedral, me perguntava com certa malignidade: que fantasia deve ter atravessado a mente daquele velhote para ter mandado apagar as luzes? Não respondi, mas, também malignamente, fiz uma associação com as manifestações das feministas ucranianas que para protestar costumam tirar a roupa e colocar as tetas para fora, mesmo quando está nevando. 
E se as nobres senadoras tivessem, naquela media-luz, feito um top-less? Ou se tivessem subido na mesa, recitado um poema de Safo (Ilha de Lesbos) e feito um strip? Como reagiria a torcida, que bufava por lá, sem saber exatamente como as coisas acabariam? 
Mas não aconteceu absolutamente nada. Todas permaneceram com os joelhos bem juntos, e com suas roupinhas prêt-a-porter bem abotoadas, apenas lançando de vez em quando e fugazmente um ou outro olhar de sedução juvenil para as câmeras. A frustração foi geral...





A suruba no vaticano e a hóstia sem glútem...

"Apesar de doloroso, seria belo o espetáculo de um porco de joelhos diante de uma estrela... Isto é... com as quatro  extremidades absortas de adoração..." (em Horário reflexivo, volume 26, página XIX)
Vargas Vila


Depois da suruba entre padres, cardeais & etc, que na semana passada foi desbaratada nas dependências sagradas do Vaticano, (drogas, travestismos, uso de baby-doll, meia-calças e de otras cositas más pelos assessores do Papa), agora o próprio Papa argentino surpreende o mundo com uma circular que proíbe aos beatos a ingestão de hóstias sem glúten. Diante destas repetidas e surrealistas idiotices, gostaria imensamente de poder entrevistar além do Ministro da Saúde, algum representante do "purgatório", do "paraíso" até mesmo do "inferno". Não resta dúvidas de que, a estas alturas, entidades universais de todas as seitas devem estar apavoradas e as gargalhadas com essa demência e com essa estupidez.
Não é possível que dos oito bilhões de terrestres não surja alguém com culhões (ou mesmo sem) que possa mudar o rumo desta espécie animista, envenenada por crendices, suicida e miserável...

segunda-feira, 10 de julho de 2017

A doutrina dos frutos da árvore envenenada...


Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa...





Ouvindo a leitura do parecer que pede investigação contra Michel Temer lá na CCJ, feita por S. Zveitter, além do blá-blá-blá, gostei imensamente da menção à doutrina dos frutos da árvore envenenada. Esta metáfora tem tudo a ver com nossa história, com a realidade caótica com que somos obrigados a conviver todos os dias e inclusive com a própria CCJ...
Um pouco mais tarde, na fala de um dos ilustres advogados, outra relíquia do direito: "in dubio pro rebanho"... (No caso de dúvida a razão é do rebanho) Eis aí um dos pilares da desgraça civilizatória. E la nave va...

O paraíso dos alcoólatras... E a Síndrome de Korsakof...


"É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso;  eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do tempo que vos abate e voz faz perder para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar. 
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis...
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão de vosso quarto, despertardes, com a embriagues já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio hão de vos responder: É a hora da embriagues! Para não serdes os martirizados escravos do tempo, embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor..."
Charles Baudelaire






Se você é chegado numa cana, numa vodka, numa tequila e até mesmo num absinto 54% de álcool, não deixe de visitar, pelo menos aos finais de semana, uma adega que fica ali perto da Feira do Paraguay. Parece mais uma galeria de arte daquelas vidrarias de Murano, nas ilhas venezianas. O investimento que os fabricantes de bebidas alcoólicas têm feito no designer e nas cores das garrafas é quase um desafio à confraria dos Alcoólicos Anônimos, aos abstêmios e ao Ministério da Saúde. Claro que os preços são equivalentes. Há, por exemplo, (e você pode confirmar indo lá ver ou observando as fotos abaixo) garrafas de cachaça (Velho Barreiro) que custam uma fortuna: R$ 212.000,00 (Duzentos e doze mil reais). E os clientes, não são só novos ricos, como se pensa, são de todos os pedegrees, e em muitos deles, para quem conhece, já é possível identificar alguns sinais da Síndrome de Korsakof... 
E todos saem eufóricos para o estacionamento com suas sacolas repletas sem serem importunados pelos guardas e vigias que estão lá em pé, a serviço dos patrones e quase congelados. Bem diferente do que acontece com os condenados da terra quando são flagrados por aí com um cachimbo e uma mísera pedra de crack. Uma pergunta da costureira da esquina: Por que a "sociedade" finge  preocupar-se tanto em "preservar os neuronios" dos mendigos e não dá a mínima importância à decomposição do fígado das elites?