domingo, 30 de abril de 2017
sábado, 29 de abril de 2017
Nostalgia do paraíso... (as imagens das "freiras" foram publicadas no EL Pais, de hoje)...
E acrescentou Deus: “Eis que vos dou todas as plantas que nascem por toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes: esse será o vosso alimento!
Gênesis 1:29
quinta-feira, 27 de abril de 2017
A vacina para gripe e o tempo...
Acabo de chegar de um posto de saúde. A fila para a vacina se perdia pelos corredores daquele prédio sucateado, cheio de remendos e de improvisos. A minha frente umas trinta ou quarenta pessoas, todas já dobrando o Cabo da boa esperança. Fiz um cálculo rápido: somando a idade só dos que estavam na minha frente e comigo incluído, se chegaria a uns dois mil anos. E a grande maioria eram mulheres. Muitas (fui reconhecendo) que conheci ainda jovens, esbeltas, cheias de hormônios, os mamilos quase rasgando as blusas de seda veneziana. Época em que davam vida aos ministérios e às universidades. Eram diretoras, gerentes, secretárias, mensageiras, garçonetes, porteiras, assessoras de ministros, amantes de lobistas, vendedoras de ilusões, beldades recém chegadas das mais charmosas academias do mundo, caçadoras de dotes, pilantras disfarçadas, freiras que haviam trocado o convento pela administração pública e o vibrador por um programa aqui e outro ali, na hora do almoço ou depois do expediente... Meninas que nos finais de semana, enquanto suas mães iam para as igrejas e para retiros espirituais, fugiam nos braços de algum Don Juan para uma antiga pousada nas montanhas de Goiás e sempre com com uma garrafa de Champagne na bolsa...
Agora estavam ali, visivelmente inquietas até procurando não serem identificadas, cabisbaixas e vencidas, trocando receitas de comida ou de remédios, umas ensinando as outras a como tirar manchas de roupas ou falando obsessivamente dos netos como se eles fossem bonecos para apaziguar a ansiedade da terceira idade... Havia também homens, em menos quantidade, mas havia. Quase todos com a barriga despencando por sobre o cinturão, os cabelos ralos e brancos, uns completamente resignados, outros fazendo esforços para exibir alguns vestígios de juventude e de virilidade. Todos apostando que as vacinas, que ninguém sabia se eram realmente vacinas, nem se haviam sido fabricadas na Fiocruz ou na ciudad Del Este e passado o dia anterior num freezer ou ao sol.., lhes garantiriam pelo menos mais um ou dois anos neste circo. Diante daquele espetáculo, quase impossível não experimentar um choque agudo de tristeza. Tentei pensar em outras coisas. Numas esfihas que costumo comer ali no Marzuk, por exemplo... até que a enfermeira fez-me sinal para entrar numa saleta improvisada. Abri a camisa e disponibilizei o braço como se nem fosse meu e nem senti a agulha rasgando meu músculo. Depois, como todo mundo, saí por uma porta dos fundos apertando um chumaço de algodão empapado em álcool sobre a picada e pensando que "a vida, - parafraseando um texto de Borges, o bibliotecário cego e o escritor mais genial aqui das Américas - : é mais vil que um lupanar!"
quarta-feira, 26 de abril de 2017
terça-feira, 25 de abril de 2017
segunda-feira, 24 de abril de 2017
Marie Le Pen e Ravachol... VIVE LA FRANCE!!!
Para ouvir a música clicar no canto esquerdo da faixa...
Quem assistiu a campanha eleitoral e as eleições na França entre aqueles quatro energúmenos praticamente só ouviu uma coisa: VIVE LA FRANCE! VIVE LA LIBERTÉ! VIVE LA SÉCURITÉ...
Quem assistiu a campanha eleitoral e as eleições na França entre aqueles quatro energúmenos praticamente só ouviu uma coisa: VIVE LA FRANCE! VIVE LA LIBERTÉ! VIVE LA SÉCURITÉ...
E saber que Paris já abrigou gente do calibre de Vitor Hugo, de Voltaire e de Ravachol...
É curioso ver que mesmo com o planeta mergulhado política e socialmente numa cloaca sem fim, ninguém se atreve a sequer cogitar o engendro de uma nova forma de eleger e de administrar os países e as cidades como se o voto e a república fossem assuntos sagrados e inquestionáveis! Vive la France!
sábado, 22 de abril de 2017
Porque hoje é sábado...
Hoje é sábado... Dia em que a velharada faz um esforço dobrado para sair de casa, seguir os conselhos dos proctologistas e dos cardiologistas misteriosamente empenhados cada vez mais em apostar na senectude: caminhar! Agitar o esqueleto! Descer escadas! Beber água! Respirar! Socializar-se!.. Eu mesmo, saio por aí em disparada, mas sempre em ziguezague numa tentativa de evitar encontros com esse pessoal da terceira-idade. Mas não tem sido fácil. Parece que está tudo dominado! Como dizia o porteiro do prédio vizinho: é a gerontocracia aposentada. Como a solidão desses velhos é incalculável, saem mais para 'bater-papo' com alguém do que para exercitar-se. Para eles, dizer 'bom-dia' ou 'boa-tarde' a alguém numa manhã ensolarada de abril, já é uma maravilha. Uns vinte passos antes de nos encontrar-mos, percebo que já vão pigarreando e limpando a garganta... e lá vem o BOM DIA!!! BOA TARDE!!! BOA CAMINHADA!!! Uns até dizem: ALELUIA!!! E se eles identificarem algum tipo de afeto em sua resposta ou em seu olhar, então estacionam, colocam as duas mãos sobre os rins e começam a falar sobre meteorologia, sobre a lava-jato, sobre o Trump ou até mesmo sobre o cadarço de teu tênis, se ele estiver mal amarrado. Um deles, exatamente nesta manhã, chegou a relatar-me a história completa de seu tataravô, vindo de Romênia para a América em 1830 e que teria fundado uma sapataria às margens do Rio Amazonas, onde os cadarços eram feitos de cipós. Outras vezes, quando ouvem o canto de um João de barro, estacionam e com muito cuidado com o labirinto e com a força da gravidade, olham para a copa das árvores tentando localizar suas tocas. Se se deparam com um formigueiro, ficam lá, como catatônicos, horas a fio, assistindo a malandragem das formigas que vão em fila indiana levando as folhas roubadas de alguma roseira para o fundo da terra. Se você passar por ali neste momento... o risco de teu dia estar comprometido é imenso: eles começam a descrever-te uma por uma as características das 20 mil espécies que existem no Brasil... E se você, por um descontrole qualquer, os chamar de velhos malucos, os mandar se foder ou, se fazendo menção de partir, disser que tem mais o que fazer, eles ainda te ameaçarão com advogados da família e com o Estatuto do idoso...
sexta-feira, 21 de abril de 2017
O jogo da mediocridade candente...
Na semana que passou, o assunto que predominou em todas as manchetes, em todas as missas, reuniões de famílias, barbearias, ongs, fundos de cadeias, reuniões de professores e até nas alcovas de pequenos puteiros, foi o tal Jogo da baleia azul, que estaria induzindo crianças e adolescentes a auto-mutilação e até mesmo àquilo que Camus considerava o único problema filosófico sério: o suicídio.
A sociedade das velhinhas enferrujadas e carolas com seus velhinhos poderosos, broxas e gorduchos convocou psiquiatras, padres, psicólogos, médiuns, pedagogos, pastores, bombeiros, astrólogos, freiras, videntes, rabinos, especialistas em desesperanças e outros charlatães que nem lembro, para falar e opinar sobre o assunto. Ouvi o mendigo K., que por acaso estava lá em frente à uma dessas sociedades teológicas falando com um casal desesperado: Deixem de ser idiotas! - dizia -. O suicídio não é o fim do mundo! É apenas o fim do sujeito! E quando alguém deseja praticá-lo não há nada que possa convencê-lo do contrário. Seja o jogo da baleia azul ou o da periquita rosada!!!
Lembram de Cesare Pavese? Lembram de Cesare Pavese? Fez esta pergunta mais de duas vezes ao casal que já estava meio aturdido. Pois bem, para Cesare Pavese - explicou - o suicida era sempre um homicida tímido. Entenderam? Entenderam bem o que isso significa?
E concluiu: Ao invés da sociedade e dos pais ficarem fazendo um alarde desses com uma idiotice dessas deveriam perguntar-se, primeiro: por quê é que a mídia passou décadas proibida de pronunciar a palavra suicídio?, e segundo: por quê é que um joguinho cretino e de merda como esse é mais sedutor e convincente para as crianças e os adolescentes do que todos os beijinhos e os sermões diários da família, da igreja, dos vizinhos e da polícia?
O casal ficou visivelmente envergonhado e perturbado e já no meio das despedidas atreveu-se a perguntar: mas então professor (chamaram o mendigo de professor), neste caso, o que fazer para proteger nossos filhos?
Ao que o mendigo respondeu, sem disfarçar uma soberba fenomenal: O quê se deve fazer? Primeiro: esconder deles a bíblia. A bíblia induz mais gente ao suicídio do que qualquer outra coisa. O Velho testamento então, nem se fala... Segundo: colocar-lhes a mão nos ombros e dizer-lhes: meu filho, a vida realmente é um pé no saco, um inferno de lunáticos e de babacas onde você terá que conviver mais ou menos uns 70 anos com todo tipo de fdp... mas... como além desta merda não existe a possibilidade de nenhuma outra... não caia na tentação de matar-se, seu imbecil!!!
Palocci e a vingança do Estado...
"Sou a espécie de idiota que, diante de César e de seus leões famintos, precisando apenas desculpar-se para ir embora livremente, não consigo deixar de dizer 'foda-se!' a César..."
J.H.A
Entre todas as imagens e diálogos divulgados entre prisioneiros e juízes na operação Lava-Jato, a que mais me incomodou foi essa de ontem, do Palocci, diante dos juizes. Como é possível que a sociedade tolere a até fomente esse tipo de degradação, de ruína e de humilhação de uma pessoa? Enquanto o Palocci, como uma criança desesperada ou como um condenado ao inferno, colocava à disposição da justiça além de seu corpo, sua memória e sua dignidade, eu ia lembrando dos relatos de prisão do Jack Henry Abbott, no livro NO VENTRE DA BESTA, com uma introdução de Norman Mailer. Nas últimas duas linhas da página 63 Jack escreve: "O confinamento solitário, em um presídio, é capaz de alterar a composição ontológica de uma pedra..."
E não digo isso por frescura e nem por um surto histérico de humanismo, mas porque qualquer um que pense, percebe de imediato que, independente dos crimes cometidos pelos prisioneiros, a vingança da sociedade e do Estado sobre eles é muito mais bárbara e cruel, pois é friamente planejada e executada com o preso indefeso, psicologicamente desesperado e despedaçado.
Na página 60, pode-se ler: "E... depois que lhe fizeram tudo isso, depois que lhe roubaram inteiramente o medo e nada mais pode ser usado para ameaçá-lo ou constrangê-lo - de que adianta mantê-lo na prisão? Não é mais possível puni-lo. Você se tornou inatingível. A loucura é a única possibilidade. Ou a velhice..."
Abaixo todas as prisões! Abaixo essa República de bosta!
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Nota: Na introdução desse livro estupendo, Norman Mailer, baseado nas cartas que recebia do presidiário Jack Abbott, escreve:
1. "A prisão, fossem quais fossem seus horrores, não era um sonho cujas origens pudesse levar-nos à eternidade, mas uma máquina infernal de destruição, uma invenção apropriada ao ânus abjeto de uma sociedade monstruosamente doente".
2. Numa prisão, se os tímidos se tornam mesquinhos e desleais; os corajosos se tornam cruéis. Porque quando bravos e fracos são obrigados a conviver, a coragem vira brutalidade e a timidez, vileza. O casamento de um homem corajoso e uma mulher medrosa só perde em infelicidade para a união de uma mulher valente e um homem medroso. O sistema penitenciário perpetua tais relações.
3. Contudo, não vivemos num mundo onde se tente resolver esses problemas. Mesmo assumir o que se faz já é utopia. O mais terrível é que todos nós habitamos esse corpo político doente, mergulhado em iniquidade, tão grande, realmente, que a risada da hiena ressoa em cada aparelho de TV, e corremos o risco de que ela se torne nosso verdadeiro hino nacional. Todos somos bastante culpados, na medida em que permitimos que o mundo à nossa volta se tornasse mais vil e insípido a cada vez que nos rendemos ao terror e nele mergulhamos. A ameaça toma as dimensões de um Gólgota, e a classe média se refugia em cidadelas fortificadas, com sentinelas armadas. Aí as prisões são carpetadas, de um lado a outro, e os guardas tratam os prisioneiros de 'Senhor", enquanto fazem uma reverência. Contudo, não deixam de ser prisões. A medida do progressivo aprisionamento de toda a sociedade vai ser dada pelo estado de suas penitenciárias, elas próprias. O sentimento de culpa dessa sociedade fica em evidência quando visto através das lentes incandescentes do cárcere. Eis porque não falamos em melhorar as prisões - isto é, transformá-las por meio de alguma transmutação poderosa - mas, tão somente, de fortalecer a lei e a ordem. Todavia, isto não é mais exequível que o sonho de cura num canceroso.
4. Não se conseguirá lei e ordem sem uma revolução no sistema carcerário."
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Nota: Na introdução desse livro estupendo, Norman Mailer, baseado nas cartas que recebia do presidiário Jack Abbott, escreve:
1. "A prisão, fossem quais fossem seus horrores, não era um sonho cujas origens pudesse levar-nos à eternidade, mas uma máquina infernal de destruição, uma invenção apropriada ao ânus abjeto de uma sociedade monstruosamente doente".
2. Numa prisão, se os tímidos se tornam mesquinhos e desleais; os corajosos se tornam cruéis. Porque quando bravos e fracos são obrigados a conviver, a coragem vira brutalidade e a timidez, vileza. O casamento de um homem corajoso e uma mulher medrosa só perde em infelicidade para a união de uma mulher valente e um homem medroso. O sistema penitenciário perpetua tais relações.
3. Contudo, não vivemos num mundo onde se tente resolver esses problemas. Mesmo assumir o que se faz já é utopia. O mais terrível é que todos nós habitamos esse corpo político doente, mergulhado em iniquidade, tão grande, realmente, que a risada da hiena ressoa em cada aparelho de TV, e corremos o risco de que ela se torne nosso verdadeiro hino nacional. Todos somos bastante culpados, na medida em que permitimos que o mundo à nossa volta se tornasse mais vil e insípido a cada vez que nos rendemos ao terror e nele mergulhamos. A ameaça toma as dimensões de um Gólgota, e a classe média se refugia em cidadelas fortificadas, com sentinelas armadas. Aí as prisões são carpetadas, de um lado a outro, e os guardas tratam os prisioneiros de 'Senhor", enquanto fazem uma reverência. Contudo, não deixam de ser prisões. A medida do progressivo aprisionamento de toda a sociedade vai ser dada pelo estado de suas penitenciárias, elas próprias. O sentimento de culpa dessa sociedade fica em evidência quando visto através das lentes incandescentes do cárcere. Eis porque não falamos em melhorar as prisões - isto é, transformá-las por meio de alguma transmutação poderosa - mas, tão somente, de fortalecer a lei e a ordem. Todavia, isto não é mais exequível que o sonho de cura num canceroso.
4. Não se conseguirá lei e ordem sem uma revolução no sistema carcerário."
quarta-feira, 19 de abril de 2017
Noticias do Lolium temulentum ou: em defesa do joio...
"Eu fui aquele que semeou na hora do crepúsculo e os pássaros da noite devoraram as sementes... E a noite se fez grávida e pariu a iniquidade..."
Vargas Vila
Ultimamente vários políticos e ex-políticos, no auge de suas defesas e falsidades, têm usado uma frase bíblica para dar sequência às suas canalhices. O crédito da frase a que me refiro, dizem os crentes, é de Cristo, dele que a teria pronunciado diante de seus lacaios lá naquela época de ignorância generalizada e naquele fim de mundo onde nem havia saneamento básico e nem papel higiênico: É necessário separar o joio (semeado por um suposto diabo) do trigo (semeado por um suposto deus).
Vargas Vila
Ultimamente vários políticos e ex-políticos, no auge de suas defesas e falsidades, têm usado uma frase bíblica para dar sequência às suas canalhices. O crédito da frase a que me refiro, dizem os crentes, é de Cristo, dele que a teria pronunciado diante de seus lacaios lá naquela época de ignorância generalizada e naquele fim de mundo onde nem havia saneamento básico e nem papel higiênico: É necessário separar o joio (semeado por um suposto diabo) do trigo (semeado por um suposto deus).
Hoje, que uma porcentagem significativa de pessoas descobrem-se vítimas de doenças celíacas, isto é, a quem o trigo (glúten) faz tanto mal como o pior dos venenos, começa-se a perceber a sacanagem ou o equivoco do suposto nazareno.
E o joio? Bem, o joio que segue sendo uma deliciosa e saudável refeição para as ratasanas, continua bem verde e crescendo onipotente ao lado do trigo, principalmente para desafiar a infantilidade dos maniqueistas (bíblicos ou não) que creem que o bem e o mal são coisas antagônicas e que até podem (e devem) ser separadas...
E as senhoras e as filhas dos corruptos e dos corruptores? Onde estão essas beldades?
"O único método reflexivo de triunfar é a mentira. A verdade é espontânea e irreflexiva, por isso leva sempre à derrota. Ninguém até hoje se salvou por dizer uma verdade: todos os vencedores o foram pelo poder de uma mentira..."
Vargas Vila
Apesar de todo mundo estar apavorado com a prostituição generalizada promovida pela Odebrecht nas últimas décadas e de estar fixado apenas na quantidade do dinheiro que essa empresa fez circular pelo submundo do Brasil e da América latina, o problema mais grave dessas transações diz respeito à saúde mental das populações. Em outras palavras: o que é mais grave nesse affair não é a ruína econômica do país em si, mas o efeito devastador que essa canalhice provoca na saúde mental das pessoas. Sim, sem nenhuma frescura, é evidente a repercussão dessa aberração no sistema nervoso central das populações e não apenas sobre os mais pobres, mas sobre todas as classes sociais.
Vargas Vila
Apesar de todo mundo estar apavorado com a prostituição generalizada promovida pela Odebrecht nas últimas décadas e de estar fixado apenas na quantidade do dinheiro que essa empresa fez circular pelo submundo do Brasil e da América latina, o problema mais grave dessas transações diz respeito à saúde mental das populações. Em outras palavras: o que é mais grave nesse affair não é a ruína econômica do país em si, mas o efeito devastador que essa canalhice provoca na saúde mental das pessoas. Sim, sem nenhuma frescura, é evidente a repercussão dessa aberração no sistema nervoso central das populações e não apenas sobre os mais pobres, mas sobre todas as classes sociais.
Dê um giro pela América Latina ou pela periferia de nossas cidades e terás a impressão de estar num hospício a céu aberto.
Os signos do transtorno mental estão por todos os lados: na arquitetura e no estado precário das escolas, por exemplo, onde até as faculdades não passam de um Segundo Grau maquiado. Na arquitetura e no estado lastimável dos hospitais, outro exemplo, onde em todas as atividades a Idade Média está presente. Nas moradias. Na cozinha dos restaurantes. Nos banheiros públicos. Nas estradas. No misticismo primitivo que envenena a razão das massas. No comportamento da polícia. Dos médicos, dos professores, dos burocratas, dos políticos, dos chamados programas de entretenimentos e até das meninas da noite... Uma mediocridade avassaladora vai tomando conta de tudo, quase sugerindo um retardo mental generalizado.
E o pior: qualquer uma dessas pessoas que tente buscar ajuda, apoio ou atendimento de algum especialista, (psicólogos ou psiquiatras) não encontrará absolutamente nada disponível, a não ser que se contente com a ladainha de um Pai de Santo ou que disponha de 400 reais (100 euros) para uma consulta de 15 minutos e que se resumirá basicamente na prescrição de um dos antigos e famosos calmantes. Aliás, nos últimos anos a saúde mental praticamente nem faz parte do orçamento dos governos... O que já é um sintoma.
E por falar em sintoma, ontem encontrei o mendigo K. lá no congresso nacional. Estava no meio dos policiais que depredaram parte daquele covil. Apesar do estilhaços de vidro, da gritaria e do gás de pimenta, veio confidenciar-me: Bazzo, a respeito das delações premiadas, fico só imaginando as mulheres e as filhas daqueles malandros. Primeiro, essas espertinhas incentivaram seus otários e bananas a se venderem e a se prostituírem e logo depois que as maletas de euros chegaram em casa, compraram uma coleção de calcinhas novas e embarcaram para Paris, Tóquio ou para Manhattam. Nesse momento, fez uma breve interrupção para prestar atenção
E por falar em sintoma, ontem encontrei o mendigo K. lá no congresso nacional. Estava no meio dos policiais que depredaram parte daquele covil. Apesar do estilhaços de vidro, da gritaria e do gás de pimenta, veio confidenciar-me: Bazzo, a respeito das delações premiadas, fico só imaginando as mulheres e as filhas daqueles malandros. Primeiro, essas espertinhas incentivaram seus otários e bananas a se venderem e a se prostituírem e logo depois que as maletas de euros chegaram em casa, compraram uma coleção de calcinhas novas e embarcaram para Paris, Tóquio ou para Manhattam. Nesse momento, fez uma breve interrupção para prestar atenção
num manifestante que deu um grito contra a reforma da previdência e enfiou o pau da bandeira numa vidraça. Esperou que os gritos diminuíssem e concluiu: Se você quer encontrar as mulheres e as filhas desses corruptos e desses corruptores, vá para a Bahnhoftrasse (em Zurique); na avenida Ginza (em Tóquio); Na Quinta Avenida em Nova Iorque e, claro, na Avenue Montaigne, em Paris...
Explodiu numa gargalhada e atirou um extintor contra uma porta de vidro...
terça-feira, 18 de abril de 2017
Ah.., Agora sim!...
"E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor..." (E isso que naquela época (de trevas) nem a pólvora e nem a garrucha ainda haviam sido inventadas!!!
Êxodo, Versículo 12
postado em 18/04/2017 06:00 / atualizado em 18/04/2017 07:10
Correio Braziliense
Uma revolução no comércio brasileiro de armas está prestes a sair do papel. Criado ainda na década de 1930, o regulamento militar sobre o controle de armamentos será alterado em vários capítulos pelo governo Michel Temer. O ponto mais sensível do novo texto — e que ao longo dos últimos 90 anos sofreu pressão do lobby da indústria nacional — vai permitir a importação de revólveres, espingardas e determinados tipos de pistolas, como a .380 ou até mesmo as .40 e a .45, de calibres com maior poder de fogo para órgãos de segurança pública. O documento altera, de maneira histórica, o comércio de produtos controlados no Brasil.
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A mudança no artigo 190 do R-105, como é chamado o regulamento para produtos controlados, foi definida pelo Exército e, neste momento, está sendo discutida entre o Ministério da Defesa e a Casa Civil. Militares da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) alteraram o texto permitindo a importação de armamentos que não tenham “uso finalístico das Forças Armadas”, o que abre definitivamente a importação das chamadas armas leves, como espingardas, revólveres e determinados tipos de pistolas. A novidade foi encaminhada ao Departamento de Produtos de Defesa do ministério, que, na prática, estuda agora a definição de quais armamentos entram na liberação.
Apesar de ter força de lei há décadas, o veto à importação de armas no Brasil não é claro na legislação. A proibição vem de uma junção do artigo 190, que afirma que “o produto controlado que estiver sendo fabricado no país, por indústria considerada de valor estratégico pelo Exército, terá a importação negada ou restringida”, e do artigo 5º da portaria 620/06, que define que a compra do exterior será negada quando existirem produtos similares fabricados por indústria brasileira. O Comando do Exército é o responsável por definir os critérios.
Monopólio
De acordo com o presidente da Confederação de Tiro e Caça do Brasil (CTCB), Fernando Humberto Fernandes, a proibição é uma questão de interpretação. “Não existe isso no texto nem em lugar nenhum. É pura interpretação subjetiva do Exército, que não deixa claro quais são os critérios para se definir o que é ‘similar’”, comenta. A questão da “similaridade” também gerou polêmica, em 2004, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o Estatuto do Desarmamento com um artigo que determinava a restrição. O episódio ficou conhecido como a “emenda Taurus”.
A Forjas Taurus é a maior fabricante de armas da América Latina. Pertencente à Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) desde 2014, o grupo tem, praticamente, o monopólio do mercado no Brasil, vendendo artigos, principalmente, para os órgãos de segurança pública. Nos últimos 10 anos, entre 2006 e 2016, as empresas receberam pagamentos do governo federal de R$ 82 milhões e R$ 129 milhões, respectivamente. Enquanto a CBC exporta uma caixa de munição 9x19mm, com 50 tiros, por U$ 6 (R$ 18,62), vende o mesmo produto para as Forças Armadas no Brasil por R$ 123.
Além do sobrepreço, outra motivação fez com que militares antecipassem a conclusão do documento: as forças de segurança passaram a questionar a qualidade dos produtos após frequentes falhas em pistolas que travavam ou disparavam sozinhas ao cair no chão. Por causa da quantidade de acidentes, mais de 90 registrados desde 2005, foi criada a Associação das vítimas por disparos de arma de fogo sem acionamento do gatilho (Avida), conhecida como As Vítimas da Taurus. As denúncias fizeram com que o Exército determinasse a averiguação dos equipamentos e, em outubro do ano passado, a comercialização do modelo PT-24/7 chegou a ser proibida. Em nota no site, a empresa alegou que perícias negaram a existência de defeitos, mas, mesmo assim, realiza periodicamente revisões e manutenções nos equipamentos.
Restrições
No Brasil, o Estatuto do Desarmamento restringe a compra e o porte de armas para pessoas físicas, exigindo a comprovação de necessidade por atividade profissional de risco ou ameaça à integridade física, além de outras limitações. Tramita na Câmara dos Deputados um projeto que pretende revogá-lo e criar o Estatuto de Controle de Armas de Fogo, que, entre outras medidas, permite o acesso a qualquer cidadão maior de 21 anos. Segundo dados do Mapa da Violência 2015, mais de 880 mil pessoas morreram no Brasil vítimas de armas de fogo de 1980 a 2012.
segunda-feira, 17 de abril de 2017
A Odebrecht e a Divina Comédia, de Dante.
O país inteiro está transtornado com a revelação dos políticos corruptos feita pela Odebrecht.., mas também, evidentemente, com os donos da própria Odebrecht, isto é: com os corruptores.
Nesta manhã de segunda-feira, o mendigo K. estava dando uma aula sobre A Divina Comédia nos subsolos de uma das tantas e fajutas faculdades que há na cidade. Ouvi que dizia: No inferno de Dante, os corruptos ocupariam o Oitavo Círculo (o círculo dos fraudulentos) e os corruptores, os que agora fazem cinicamente a delação premiada, ocupariam o Nono e último Círculo, o pior de todos, o círculo dos traidores. É no Nono Círculo que Lucifer expressa com maior voracidade a sua virulência. A platéia o ouvia atentamente e ele, imitando os trejeitos de Le Goff completou: Enfim, antes de chegarem a seus respectivos círculos infernais, esses senhores (com suas famílias, avós, netos e agregados) passariam pelo círculo dos luxuriosos, pelo dos gulosos, pelo dos ávaros, pelo dos danados de ira, pelo dos hereges, e pelo dos violentos...
Ainda não dá para fazer uma avaliação consistente se é a descoberta da identidade desses políticos corrompidos ou o comportamento dos delatores que fará mais mal ao caráter dessa gente e que causará mais indignação nas massas, principalmente no populacho. Afinal, nos protocolos 'éticos' de quase todas as máfias (como no inferno de Dante) a fraude e o roubo são bem mais palatáveis que a delação e a traição.
Antes de sair do anfiteatro onde a aula estava sendo dada, dirigiu-se à platéia e preveniu: E vocês, que estão fazendo suas declarações de IR, tenham cuidado, pois se esquecerem de declarar a compra e a venda de um chapéu, de uma cueca ou de uma calcinha, podem cair na malha fina. Que o pessoal do Nono Círculo não tenha sido detectado durante décadas, só pode ser coisa do além! Vade Retro!!!
No princípio tudo se parece e no final tudo se iguala...
"Teremos, porém, dificuldade em distinguir, no rio enorme dos fenômenos, a influência diabólica da divina"... Vilém Flusser
domingo, 16 de abril de 2017
Do Estado de sitio e do patíbulo...
"Carecer de convicções a respeito dos homens e de si mesmo, esse é o elevado ensinamento da prostituição, essa academia ambulante de lucidez a margem da sociedade como a filosofia..."
E.M.Cioran
E a Odebrecht, com suas revelações quase metafísicas a respeito das últimas três décadas tem feito pela filosofia, pela antropologia, pela psicologia e pela sociologia mais até do que todas as academias e universidades juntas.
E continua surpreendendo e demonstrando que nossa espécie, além de cretina e vil tem um déficit cognitivo.
Que ela, (a Odebrecht) por detrás das cortinas, tenha governado o país nos últimos trinta anos, isto não é uma grande novidade, mas que ela tenha até prostituído sindicalistas e índios... Ah, isto é bem mais do que um ato revolucionário!
Como devem estar se sentindo as multidões que atendiam ao chamado dos sindicatos para iniciar ou para terminar uma greve? E aqueles que chegaram até a fazer greve de fome porque ainda acreditavam nas palavras de Trotski, de que: através da greve viria a revolução e através da revolução os trabalhadores e os operários fodidos conquistariam além do direito ao pão, também o direito à poesia?
E como ficam aqueles que acreditando no 'bom selvagem' de Rousseau, dedicaram idilicamente parte de suas vidas para, enfiados nas selvas, preservar a ética, a moral e a integridade de nossos nativos?
Sem nenhum moralismo babaca, é instintivo voltar a perguntar-se: quando é, afinal, que os párocos da república irão decretar Estado de sítio? E quem levantará a primeira viga do patibulo?
sábado, 15 de abril de 2017
sexta-feira, 14 de abril de 2017
Sexta-feira da paixão - Atenção: hoje nada de carne rosada...
"Partem para os céus os hinos em louvor dos homens que viveram virtuosamente. Cânticos aos sacerdotes que honraram os seus votos. Da mesma forma sobem aos céus os cânticos das rãs, quando em cachoeiras as chuvas caem sobre a terra. A música das rãs mistura-se num concerto com a música das vacas acariciando seus novilhos..."
Canto das rãs, contido num livro antigo, citado por Thomas Merton, em : Zen e as aves de rapina.
Várias igrejas aqui da cidade apresentam nesta manhã ensolarada o teatro da paixão, com a tradicional vía-sacra, a via crúcis e suas14 estações, com um ator representando um Cristo submisso, cabisbaixo, derrotado e ensanguentado sendo chicoteado enquanto arrasta uma cruz nos ombros... Como fundo de cena, o Congresso Nacional!!! (teriam apoio da Lei Rouanet? Perguntava um professor neurastênico que está sem receber salário há dois meses. Não!, dizem que é o governo do DF que vai bancar sozinho as principais encenações, mesmo com o racionamento de água, com os postos de saúde em pedaços e com as escolas em ruínas...)
Canto das rãs, contido num livro antigo, citado por Thomas Merton, em : Zen e as aves de rapina.
Várias igrejas aqui da cidade apresentam nesta manhã ensolarada o teatro da paixão, com a tradicional vía-sacra, a via crúcis e suas14 estações, com um ator representando um Cristo submisso, cabisbaixo, derrotado e ensanguentado sendo chicoteado enquanto arrasta uma cruz nos ombros... Como fundo de cena, o Congresso Nacional!!! (teriam apoio da Lei Rouanet? Perguntava um professor neurastênico que está sem receber salário há dois meses. Não!, dizem que é o governo do DF que vai bancar sozinho as principais encenações, mesmo com o racionamento de água, com os postos de saúde em pedaços e com as escolas em ruínas...)
Os mais velhos, já com a testosterona bem abaixo da reserva olham para aquela encenação com tremedeira e com lágrimas nos olhos, mas as crianças... estas parecem estupefatas, cínicas e assustadas. Um adolescente que circulava ansioso por lá, no meio daquelas cenas explícitas de sado-masoquismo (só pensando em acender seu baseado) perguntou a sua mãe se aquilo se tratava de alguma coisa relacionada a lista de Fachin ou a uma peça de Euripides. A mãe, apesar de levar um precioso rosário de pedrinhas de vidro no pescoço, nem soube dizer, ficou em dúvida se Euripides, Pilatos e Fachin eram a mesma pessoa... Depois, com uma expressão de melancolia cochichou-lhe: silêncio, que é o filho de Deus, E o adolescente insistiu: Ué! tá todo mundo há dois mil anos esperando a volta desse cara, e ele volta nessa condição lastimável! Por que é que ele não joga a cruz de lado e saca uma AR15 do meio daqueles trapos?
A mãe, que sempre pensou a mesma coisa que ele, engoliu em seco, murmurou: vade retro e fez o sinal da cruz.
A mãe, que sempre pensou a mesma coisa que ele, engoliu em seco, murmurou: vade retro e fez o sinal da cruz.
Numa dessas igrejas até vão oferecer um almoço para os mendigos (ou para as classes subalternas - como diria Gramsci). No cardápio: risoto de bacalhau, já que a carne rosada esta proibida para hoje. Quem sabe... se tivermos sorte, mais tarde, bem mais tarde, depois que a noite caia sobre o mundo, depois de uma garrafa de vinho e depois da ressurreição!
quinta-feira, 13 de abril de 2017
Análise de um caso -
"Queimemo-los todos, Deus reconhecerá quem é seu"
Manual da inquisição
No principio desta semana Brasília foi cenário de uma história de horror. Encontraram uma criança de mais ou menos seis meses boiando nas águas do Lago Paranoá.
Quem a teria jogado nas águas? A mídia (falada, escrita, televisionada, de mimeógrafos, de corredores e etc), a policia, as donas de casa, as mulheres que higienizam as sacristias, os astrólogos e o rebanho em geral fingem uma certa indignação com o fato, mas é puro fingimento. Ninguém está nem aí. E a pergunta é geral: quem é a mãe? Curiosamente ninguém quer saber quem é o pai.Vão surgindo boatos, estórias, fantasias, plágios de contos de terror e de fadas. Alguns cínicos até lembram das lendas de Moisés e da de Rômulo e Remo, também jogados e retirados das águas... Só que este já estava morto! Alguém relata que durante vários dias viu uma mulher de uns 35 anos indo de um lado a outro das margens do lago com uma criança no colo, e que tanto a mãe como a criança pareciam famintas e desesperadas... e que depois que a criança apareceu boiando no lago aquela mulher não foi mais vista por lá. As especulações milenaristas e apocalípticas se propagam nos dias seguintes da semana, até que ontem, alguém descobriu a suposta mãe trepada numa árvore e visivelmente fora-de-si. Agora, na polícia, não sabem se vão trancafiá-la num dos presídios que já conhecemos ou num dos manicômios que também já conhecemos. O mendigo K soube dessa história e fez uma análise sociológica do caso para uma trupe de outros mendigos. Dizia: o caso dessa moça é o seguinte:
1. Tem 35 anos. Como não há um programa de controle de natalidade no país (a igreja não permite), teve lá uma transa com seu namorado e engravidou;
2. Como no país os serviços de saúde são quase medievais e não dispõem de condições para as mulheres que querem abortar (a igreja não permite), ela teve que levar a cabo sua gestação.
3. Nasceu-lhe o filhinho. Como faz parte dos 15 milhões de desempregados, e como não há no país nenhum programa de proteção a mães como ela, viu-se sozinha, as tetas murchas, sem leite e faminta;
4. Saiu perambulando por aí, ziguezagueando no meio de ongs, ministérios, catedrais, sindicatos e de instituições filantrópicas, em busca de algum socorro. E nada. Alguém engravatado até chegou a chamá-la de puta vagabunda!
5. Quando começou a perceber que seu filhinho estava ficando mais e mais leve e só nos ossos, viu nas águas poluídas do lago a solução. Agora esta presa. Mandá-la a uma penitenciária ou a um manicômio? Se pergunta o delegado. Ora! Tanto faz! Tanto as penitenciárias como os manicômios são piores que o inferno...
E ainda terá que ouvir de muitos fdp que é culpada por um crime bárbaro e inafiançável....
quarta-feira, 12 de abril de 2017
E a lista do Fachin? E a lista do Janot? 2...
Hoje encontrei o mendigo K em frente a um centro de umbanda que fica nos fundos de um gueto de religiosos de várias correntes. Como em Brasília existem mais de 300 seitas em atividade, uma mais delirante do que a outra e todas isentas de impostos e todas agraciadas com terrenos estrategicamente milionários e bem localizados, não consegui identificar o pedigree do populacho que circulava por lá. Estava com a lista do ministro do Supremo nas mãos (a lista dos bocas-mole) e, meio fora de si começou a discursar em voz mais alta do que o normal: Todo mundo está enfurecido com as histórias de corrupção... Mas eu? - me dizia aos gritos e batendo no peito - eu estou é fascinado com a Odebrecht. Daria tudo para ter acesso ao diário dos gerentes da propina... Aliás, devem se parecer mais a tratados filosóficos ou psicopatológicos do que a uma mera contabilidade. Sem querer, essa empresa está demonstrando que as teorias de Schopenhauer e do Eclesiastes são corretas. Isto é, que o homem, o ser humano, é um ser inqualificável. Fico imaginando o momento dos negócios. A compra de cada um daqueles porcos! E o dinheiro aqui, entenda-se bem, é secundário. Se é caixa 1, caixa 2, caixa 3, isto não tem a menor importância. O problema é de outra ordem. Me refiro à miséria mental dessa gente! E à inegável putrefação da espécie! Quando ele terminou seu discurso e se retirou, tirei de minha bolsa o livreto de Carlo Ginzburg: O queijo e os vermes e li este trecho contido na quarta capa: "Tratava-se do depoimento de Menocchio, um moleiro do norte da Itália, que no século XVI ousara afirmar que o mundo tinha origem na putrefação. Tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo com que o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes."
Tudo estava justificado!
Tudo estava justificado!
terça-feira, 11 de abril de 2017
E a lista do Fachin? E a lista do Janot?
Não estar em nenhuma é praticamente um atestado de pobreza....
Aqui em Brasília, todo mundo esta convencido de que se 90% dos políticos não roubassem tanto, sobraria muito mais para os outros 10% roubarem.
Frigidez VERSUS impotência.. (Ou: oito mil anos de monólogos...)
"Repare, pois, em que mãos se encontram a honra, a vida, a fortuna e a reputação de um cidadão. A baixeza, a ambição e a avareza começam a fazer a nossa ruína e a imbecilidade acaba por concluí-la. Miseráveis criaturas, lançadas por um momento sobre a superfície desta bola de lodo..."
Marques de Sade
E o conflito entre homens e mulheres se amplia. Por todos os lados há mulheres, umas até cretinas, confessando que foram assediadas, abusadas, olhadas com profundidade, acossadas sexualmente.., e por todos os lados há homens tarados, estupidos e boquiabertos sem saber o quê e como fazer para continuarem tendo acesso ao objeto de sua tara e de seu desejo. (objeto, aqui, no sentido psicanalitico). E tudo isso anuncia tanto o fomento da paranóia (visitem um hospício), como o fim da sedução (na qual as mulheres são iniciadas desde que nascem) e o fim do dom Juanismo e do mau-caráter (fontes principais da auto-estima masculina). Finalmente, viveremos todos, a partir de agora, como verdadeiros fratelos, regidos pelos protocolos da fraternidade: Eu não te toco e tu não me tocas! Eu não te olho abaixo do pescoço e tu não me olhas abaixo do umbigo! não te desejo e não te lambo e tu não me desejas e não me lambes! Caso tenhamos alguma intimidade e alguma cumplicidade fortuitas, que sejam apenas no âmbito burocrático ou matrimonial. Nada de tirar calcinhas ou de abrir braguilhas nestes dias estupendos de outono! Aliás, há tanta filantropia ainda por se fazer neste mundo! Não é verdade irmã? Ah, e chega de luxurias e de licenciosidades! Como diziam os jesuítas e os lacaios do frade Savanarola aos nossos pobres índios: o sexo fede! Mas que, apesar disso, paradoxalmente, o corpo era um tabernáculo. Sim, é dentro dele que repousa exausta, envergonhada e cheia de peçonha, nossa alma. Não é verdade, irmã em Cristo?
Enfim, Como diria Marx, entre um furúnculo e outro: “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado” ...
Marques de Sade
E o conflito entre homens e mulheres se amplia. Por todos os lados há mulheres, umas até cretinas, confessando que foram assediadas, abusadas, olhadas com profundidade, acossadas sexualmente.., e por todos os lados há homens tarados, estupidos e boquiabertos sem saber o quê e como fazer para continuarem tendo acesso ao objeto de sua tara e de seu desejo. (objeto, aqui, no sentido psicanalitico). E tudo isso anuncia tanto o fomento da paranóia (visitem um hospício), como o fim da sedução (na qual as mulheres são iniciadas desde que nascem) e o fim do dom Juanismo e do mau-caráter (fontes principais da auto-estima masculina). Finalmente, viveremos todos, a partir de agora, como verdadeiros fratelos, regidos pelos protocolos da fraternidade: Eu não te toco e tu não me tocas! Eu não te olho abaixo do pescoço e tu não me olhas abaixo do umbigo! não te desejo e não te lambo e tu não me desejas e não me lambes! Caso tenhamos alguma intimidade e alguma cumplicidade fortuitas, que sejam apenas no âmbito burocrático ou matrimonial. Nada de tirar calcinhas ou de abrir braguilhas nestes dias estupendos de outono! Aliás, há tanta filantropia ainda por se fazer neste mundo! Não é verdade irmã? Ah, e chega de luxurias e de licenciosidades! Como diziam os jesuítas e os lacaios do frade Savanarola aos nossos pobres índios: o sexo fede! Mas que, apesar disso, paradoxalmente, o corpo era um tabernáculo. Sim, é dentro dele que repousa exausta, envergonhada e cheia de peçonha, nossa alma. Não é verdade, irmã em Cristo?
Enfim, Como diria Marx, entre um furúnculo e outro: “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado” ...
segunda-feira, 10 de abril de 2017
Pelos cornos dos rinocerontes......
Le placebo le plus cher au monde est désormais autorisé à la vente en Afrique du Sud. Une décision qui soulève les inquiétudes des défenseurs du mammifère.
- Johannesburg autorise le commerce de la corne de rhinocéros
Il aura fallu des années de batailles judiciaires aux éleveurs sud-africains de rhinocéros pour l’emporter. Ils avaient déjà obtenu gain de cause en novembre 2015, et l’appel du gouvernement avait une première fois été débouté en mai 2016. Cette fois, c’est la bonne : la décision rendue le 30 mars par la Cour constitutionnelle de Johannesburg les autorise à faire commerce, à l’intérieur du pays, des très convoitées cornes du mammifère. L’interdiction était en place depuis un moratoire pris en 2009 par le ministère de l’Environnement. La Convention internationale sur le commerce des espèces menacées(Cites), qui interdit l’exportation de cornes de rhinocéros, reste en place. C’est une première depuis la signature de celle-ci en 1973 à Washington.
L’issue finale ravit Pelham Jones, le président de la puissante PROA, l’association des propriétaires privés de rhinocéros. Mais c’est avant tout pour sauver les mammifères que celui-ci justifie son enthousiasme. «Pas un seul rhinocéros n’a été sauvé grâce aux interdictions de vente de leurs cornes, avance-t-il. Ça n’a fait que créer un vaste marché illégal et transnational. On est très content que cette injustice prenne fin.»
Les propriétaires de rhinocéros mettent en avant une méthode douce pour prélever une partie de la corne des rhinocéros. Impressionnante, l’opération, à la tronçonneuse, serait, à les en croire, indolore pour le mammifère anesthésié. La corne, composée de kératine, la protéine présente dans nos ongles et cheveux, repousse ensuite de quelques centimètres par an.
Un juteux business
En dépit des diverses interdictions de vente, le braconnage de rhinocéros a explosé ces dix dernières années. Particulièrement en Afrique du Sud, qui compte plus de 70% des 29 500 rhinocéros encore en vie dans le monde. Alors qu’en 2007, seuls 13 mammifères y ont été braconnés, 1 054 ont été tués en 2016, soit une moyenne de trois par jour dans le parc Kruger, la plus grande réserve animalière d’Afrique du Sud.
Selon le Fonds mondial pour la nature (WWF), «le principal facteur qui explique l’essor de ce commerce est l’explosion de la demande au Vietnam. Elle serait due à la parution d’informations expliquant qu’un officiel du gouvernement atteint du cancer serait entré en rémission grâce à l’usage de la corne de rhino». Anticancéreux, aphrodisiaque ou simple médicament contre la fièvre et les maladies cardio-vasculaires, les vertus prêtées à ce morceau de kératine sont tenaces. Pourtant, aucune étude scientifique n’a jamais prouvé sa moindre utilité pour le corps humain. Mais pas au point d’empêcher l’utilisation abondante de la corne de rhinocéros par la médecine asiatique. L’essor d’une classe riche dans les deux principaux pays importateurs de cornes que sont le Vietnam et la Chine, ne permet pas de prévoir un tarissement de la demande.
«Nous ne souhaitons pas stimuler la demande, se défend pourtant Pelham Jones. Si le prix au kilogramme est de 60 000 dollars sur le marché noir et qu’on le vend légalement à 10 000 dollars, le commerce illégal ne pourra pas perdurer.» Et aucun risque, toujours selon lui, que des «cornes de sang», arrachées par les braconniers après avoir exécuté le mammifère, se retrouvent désormais sur le marché sud-africain. «Il faut avoir des permis et être capable de prouver l’origine de la corne, précise-t-il. Seules celles qui viennent d’une réserve privée ou d’un animal mort naturellement pourront être commercialisées.»
Défigurer pour sauver
Un avis peu partagé par les associations de défense du mammifère.«Les services répressifs de l’Etat ne seront pas en mesure de contrôler le commerce légal alors que le braconnage est déjà très élevé», estime le docteur Jo Shaw, responsable du programme rhinos chez WWF en Afrique du sud. La protection des rhinocéros, face à des réseaux criminels structurés, se chiffre en millions d’euros pour l’Afrique du Sud. Défigurer l’animal en lui retirant sa corne reste la méthode la plus dissuasive. Elle est malgré tout choisie par de nombreuses réserves en Afrique et même plus récemment en Europe. Suite à l’exécution d’un rhinocéros et au vol de sa corne il y a un mois dans le zoo de Thoiry, dans les Yvelines, le parc de Pairi Daiza en Belgique et celui de Dvur-Králové-nad-Labem en République Tchèque, ont préventivement coupé les cornes de leurs rhinocéros. Mais une telle mesure est bien plus difficile à mettre en place dans des endroits comme le parc Kruger et ses près de 20 000 kilomètres carrés. Les bêtes décornées y restent menacées, car elles conservent 10% de corne que convoitent toujours les braconniers.
Pour Susie Ellis, présidente de l’International Rhino Fondation, basée aux Etats-Unis, «la demande de cornes de rhinocéros étant très limitée en Afrique du Sud, il est difficile de comprendre pourquoi le commerce devrait être autorisé». L’histoire montre qu’une levée d’interdiction peut avoir des conséquences catastrophiques. «En 2008, la Cites a autorisé le Botswana, l’Afrique du Sud, la Namibie et le Zimbabwe à vendre 100 tonnes d’ivoire d’éléphant à la Chine et au Japon pour réduire la demande et détruire le commerce illégal, explique-t-elle. Mais c’est tout le contraire qui s’est produit et qui a provoqué la mort de plus de 30 000 animaux par an. Il risque de se passer la même chose maintenant avec les rhinocéros.» Enfin, la nouvelle régulation qui autorise l’exportation de deux cornes de rhinocéros par personne et pour un «usage personnel», envoie un mauvais signal. «Cela donne encore l’impression que la corne pourrait avoir une valeur médicale»,explique-t-elle.
Joris Bolomey
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