Albino Forjaz de Sampaio
Todos os anos, quando a igreja, as beatas e os comerciantes empurram cinicamente o populacho para as "comemorações" de natal e de fim de ano, me vejo enfurecido com as tais "caixinhas" que desde os semáforos e os restaurantes até as igrejas, os bordéis as salas de UTI e os cemitérios são colocadas sobre as mesas, e as tumbas acossando moral e economicamente quem circule por ali. Fico sempre me perguntando de onde teria surgido esse costume infame e essa maneira cretina de mendigar?
O mendigo clássico, pelo menos, está lá imerso na sua miséria, os pés putrefatos, os maxilares caindo aos pedaços, quase demente e apodrecido em vida... Indo de um lado a outro como uma hiena em jejum... mas e esses vivaldinos?
Qual é a lógica, o sentido, a razão, a justificativa para quererem que eu lhes garanta um peru ou uma garrafa de vinho no dia 25 e outra no dia 31?
Quê idiotice é essa?
O que é que eu tenho a ver com isso? E o pior é que se você se negar a fazer esse papel "humanista" e otário, o garçom cuspirá na tua comida, o cara do semáforo te jogará uma pedra, a cortesã dará um jeito de presentear-te com uma sífilis, o medicozinho da UTI retirará teus tubos de oxigênio, os padres te negarão a extrema-unção e os coveiros mijarão sobre tua tumba...
Enfim, como diria meu amigo baiano: "vão fuder outro!"
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