Se algum ingênuo ainda pensa que existe verdadeiramente a intenção dos governos, dos religiosos e dos intelectuais de acabar com a pobreza e com os marginalizados, que vão tirando o "cavalo da chuva", pois existem centenas e milhares de vivaldinos que montaram, escritórios, consultorias, "grupos de estudos" e verdadeiras empresas por aí unicamente para fazer negócios e tirar vantagens sobre a miséria desses fodidos sociais, máfias que, disfarçadas de pelotões humanistas e voluntaristas não viveriam sem a existência deles. Sim, dezenas de instituições estatais disponibilizam verdadeiras fortunas para esses grupos supostamente desenvolverem "ações sociais" junto às periferias, aos lixões, às favelas, às cadeias, aos meninos de rua, às mães adolescentes, aos índios, aos ribeirinhos, aos quilombos, aos hospícios, aos velhinhos dos asilos e aos marginais em geral. Tudo falsificado e repugnante! Sem falar, evidentemente, dos vivaldinos mais sofisticados que estão a sete ou oito anos em Londres ou em Paris "pesquisando", "fazendo teses doutorais" e escrevendo artigozinhos medíocres sobre essas e outras infâmias escatológicas. É uma hipocrisia repito: repugnante e sem limites. Quando me sinto na obrigação moral de escrever essas coisas diante da hibernação e da cegueira geral, em seguida, para acalmar-me, recito em voz alta, para meu cachorro, citações como esta de Alberto Martini: "La mia vita é un sogno a occhi aperti. Il sonno é un sogno a occhi chiusi falsato dall'incubo della realtá. Sarebbe strano che qualcuno negasse che la realtá é un intempestivo, brutale, mortificante susseguirsi di contrattempi, malintesi, intoppi, cupidigie e miserie, di combinazioni assurde, immorali, criminali, tragiche, stonate sempre e noiose, perché tutti gli uomini sono vittime di tali imprevedute avventure e ho sempre trovato tanto brutta, incongruente, grottesca e crudele la realta, e quasi sempre di una comicitá cosí ridicola e banale o di una perversitá così ripugnante, che la mia riconciliazione é problematica".
Ele me olha com uma certa ternura, começa a uivar como um lobo e depois, sem nenhum vestígio de submissão, vem lamber-me amorosamente as mãos...
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