"Rogar? A quem? Indignar-se? Contra quê? Contra quem? A mesma mudez e a mesma solidão refletirão o gesto tanto daquele que dobra a cabeça e se ajoelha, como daquele que, colérico, levanta os punhos no vazio e cospe contra o céu deserto..."
V.V.
_____________________________
A questão de previdência é um assunto cômico que esteve na pauta dos últimos 7 ou 8 governos, e que permanece em pauta. Quem sabe a providência ainda possa salva-la...
Todo mundo fala que está falida, que os aposentados irão migrar em fila para o inferno de Dante, que uma carestia pior que a da época da Peste Negra será experimentada pela velharia que habita o mundo e etc. Mas, mesmo assim, ninguém sabe o que fazer. Sabe-se, que a longevidade não trouxe problemas só para a previdência, mas que prejudicou inclusive o mercado funerário e que inflacionou vários outros setores da vida. Longevidade!? Aposentar-se!? Daqui a uns 200 anos ninguém conseguirá entender que bizarrice e que idéias de jerico foram essas.
V.V.
_____________________________
A questão de previdência é um assunto cômico que esteve na pauta dos últimos 7 ou 8 governos, e que permanece em pauta. Quem sabe a providência ainda possa salva-la...
Todo mundo fala que está falida, que os aposentados irão migrar em fila para o inferno de Dante, que uma carestia pior que a da época da Peste Negra será experimentada pela velharia que habita o mundo e etc. Mas, mesmo assim, ninguém sabe o que fazer. Sabe-se, que a longevidade não trouxe problemas só para a previdência, mas que prejudicou inclusive o mercado funerário e que inflacionou vários outros setores da vida. Longevidade!? Aposentar-se!? Daqui a uns 200 anos ninguém conseguirá entender que bizarrice e que idéias de jerico foram essas.
Hoje encontrei o mendigo K no último vagão do metrô. Me disse que quando não tem o que fazer fica viajando para cima e para baixo, sem destino, falando com algum outro mendigo por celular e lendo e relendo o Corcunda de Notre Dame, já que tem passe livre por estar aposentado há muito tempo. Um pouco antes da última estação me confidenciou: as pessoas que precisam trabalhar, só as que realmente precisam, pois está demonstrado que o trabalho faz mal para a saúde, deveriam aposentar-se dos vinte aos 60, quando a vida ainda está no auge, quando qualquer um escala o Himalaia assobiando, quando se tem a ilusão da eternidade e o cheiro da goiaba ainda é potencialmente alucinógeno.......... E só quando passasse dos sessenta (se quisesse!) é que ingressaria em algum trabalho. Numa fábrica de chapéus, - por exemplo - ou de espadas. Numa barbearia, numa sapataria, numa alfaiataria ou algo parecido. Só então é que passaria a gerenciar alguma coisa, os sinos da catedral na hora do angeluz - por exemplo -, ou até mesmo uma ou outra boca de fumo ou um ou outro bordel... isto para não cair no anonimato, na rabugice e no tédio que a aposentadoria representa...