Por coincidência
presenciei a chegada dos jogadores japoneses em Brasília. No meio daquele
teatro sem sentido da polícia, dos anfitriões, dos empresários, da imprensa,
dos alcaguetes, dos puxa-sacos e dos torcedores, fiquei tentando entender como
foi possível a contaminação, até do Japão, com esse esporte para idiotas?
É estranho ver esse povo,
outrora famoso pelas gueixas, por Mishima, pelos tsunamis, pelo haraquiri, pela
sonoridade das três cordas do shamisen, pelo budismo, por seus samurais e
ninjas, pela busca incessante da percepção extra-sensorial das coisas através
do za-zen, das artes marciais e do chá, metidos agora com essa prática ignóbil
de brutamontes... Como buscar a iluminação correndo atrás de um pedaço
de couro de vaca durante quarenta e cinco minutos? E como expressar gratidão
pela natureza de Buda ali, no meio daquele pasto improvisado se esfolando
mutuamente as nádegas e as canelas?..
O Koan mais
conhecido nos antigos mosteiros daquele arquipélago era este, que bem se
poderia dirigir a qualquer um dos promotores desse circo: “qual é a cara que
você tinha antes de nascer?”
MUITO BOM...RSRS
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