quinta-feira, 27 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
1500/2013
Além de cordial, somos um povo excelente! Agora todo mundo, até os
banqueiros, está a favor das manifestações! Até a policia! A corrupção que
nasceu em 1500, falecerá agora em 2013! Os políticos estão sorridentes e
felizes! Jogaram a PEC 37 no lixo e a pisotearam com galhardia. Ninguém sabe
quem foi o bandidaço que teve tão esdrúxula idéia? Mas que importa? Passou. Agora
estamos no auge da agenda positiva! Que povo ordeiro e responsável! Os juristas
saíram dos guetos e, diante de suas bibliotecas, dão aulas sobre plebiscito,
sobre constituinte, sobre democracia, sobre referendo e sobre reformas as mais
diversas. Um juiz até confessou diante das câmeras que ama a constituição! Todo
mundo teme um golpe, outro triunvirato de ratos... até mesmo os golpistas
históricos. Mas os caminhões do exército já estão lá nos fundos do Congresso
para sufocar os vândalos de hoje a tarde, se for necessário! Todos querem uma
pátria livre de corrupção e das orgias partidárias. Uns até apregoam a
filosofia chinesa para os reincidentes... Com o reembolso do valor da bala
pelos familiares do executado. Caso contrário, quê será de nossos filhos!, é o
coro mais vigoroso e potente. Os estádios, aparentemente inúteis, que custaram
o triplo do que valem, serão usados para solenidades que lembrarão, entre
outras preciosidades históricas, o Coliseu Romano... Todos acham que o dinheiro
do petróleo e muito mais, deve ser aplicado sim na educação e na saúde, nesses
prédios apodrecidos que arquejam por aí e, claro, na felicidade e na saúde
mental dos professores... também na segurança... Pois a polícia será substituída
por assistentes sociais... Seremos em breve, ao invés de bufões desprezíveis,
um povo sóbrio e erudito! Os transportes, daqui para diante, além de gratuitos,
serão uma maravilha, com motoristas que, além de escovarem os dentes serão
poliglotas... e com passageiros sentados confortavelmente lendo os novos
jornais ou até mesmo Primavera negra,
de Henri Miller. Todos querem diminuir a quantidade de ministérios, essa triste
marca do subdesenvolvimento... Quem foi o louco que teve a ideia de inventar
tantos? Dizem que os senadores, mamando há quarenta anos nos ubres da república
e ressentidos com os deuses que não compartiram com eles a imortalidade,
voltarão definitivamente para suas casas para rabiscar suas memórias e que os
deputados, de quinhentos e tantos, serão reduzidos a apenas quarenta e poucos.
Dois para cada estado e que serão escolhidos de cinco em cinco anos pela
loteria federal... já que as seitas dos partidos terão seu fim. Dizem que não
haverá mais Ministros. Que os próprios funcionários públicos gerenciarão suas
pastas...Dizem que os presídios serão esvaziados, mas o supremo acaba de mandar para lá um nobre deputado... Dizem que as igrejas serão
transformadas em depósitos de grãos, principalmente de trigo, já que passaremos
a ter, no lugar desse pãozinho vagabundo e cheio de bromato, um pão tupiniquim
original... Seremos felizes! Indiscriminadamente! Todos verão! A cura gay sairá
da pauta nacional; os nossos nativos voltarão ao cauim em detrimento da
cachaça; os latifúndios se fragmentarão sozinhos para que não haja, no amanhã,
o risco de uma guerra civil. Qualquer um poderá ajoelhar-se ao lado de nossos
córregos e beber tranquilamente de suas águas sem envenenar-se... nada de
pesticidas nos pimentões! Tudo será potável em nossa existência... As raposas
serão intimas amigas das galinhas, os lagartos abandonarão a paixão pelos ovos
e os lobos passearão abraçados às ovelhas de madrugada, sob o clarão dessa lua
que, como deus, também é brasileira...
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Sonâmbulos... pela noite dos tempos...
reuniram-se
por aí nesta segunda-feira, com o vivo propósito de
descolarem
uma carona nas manifestações populares e engrossarem a pressão por uma mudança
constitucional. Esqueceram de convidar aquele pastor, também timoneiro de
circo, que manda em trinta por cento dos deputados e do eleitorado brasileiro.
Parece que vão também coletar assinaturas contra a corrupção. Não lhes parece
uma repetição inócua e infantil! Quantas e quantas listas já foram feitas com
esse propósito e levadas ao Congresso Nacional... com as quais os parlamentares
simplesmente se limparam o rabo!? Quantas e quantas passeatas com velas,
florezinhas brancas e mãos postas já foram protagonizadas por aí, pedindo paz e
concórdia? Outra infantilidade quase demente que nunca resultou em nada!
Que os
manifestantes não se deixem enganar e nem intimidar por essas raposas!
Para que o cálice transborde sobre os papéis ou que o caos se instale de
maneira irreversível, basta que continuem turbinando suas “ações diretas” por
aí, sem grandes teorias e nem grandes propostas, pois a velharia que está no
comando sabe, e muito bem, o que deve ser feito.., já e imediatamente, para
tornar este lugar minimamente digno e respeitável. Como diria Albino Forjaz de
Sampaio: para [Extirpar de todos os corações essa planta maldita que é a
esperança, destruir quimeras, limpar dos cérebros a erva maldita da ilusão].
Mudança
na dita Carta Magna? Tudo bem. É o óbvio e inevitável. Agora, com
essas duas entidades novamente no páreo, (e com outras que já estão reciclando a demagogia ) corre-se o risco dela vir a tornar-se ainda mais ambígua,
delirante, paradoxal e pior!
Quem estava por aqui na época
da Constituinte anterior, lembra muito bem como se via padres e advogados por
todos os lados, uns a serviço da bíblia e da metafísica, outros, em defesa de
brechas jurídicas e de sutis demandas de classe... participação falaciosa
que resultou nesse estado beato e bacharelesco, comandado pelas igrejas e pelos
escritórios de advocacia. Prestem atenção como para tudo neste país, desde o
nascimento até a morte, é necessário recorrer às funestas seitas religiosas e
às funestas seitas advocatícias. Ah, aquele é um santo padre! Ah, este é
um brilhante criminalista! Aquele vai rezar-me uma missa e retirar-me do
inferno! Este vai conseguir-me um habeas-corpus e arrancar-me da prisão.
sábado, 22 de junho de 2013
A crença no progresso é a mais estúpida de todas as crenças...
[Décidément, la croyance au progrès est la plus niaise et la plus stupide de toutes les croyances...] Cioran
Frustrante o discurso da
presidente. Nenhuma novidade, nenhuma inovação, nenhuma chispa de ação
radical... A mesma fala de sempre, com os mesmos argumentos viciados e pobres
das tribunas, todos contaminados e infectados das unhas dos pés aos
cabelos, há séculos. Difícil escutá-los de sangue frio. Convocar os governadores! Para quê? Fazer um pacto! Que
pacto? E logo com eles? Mais dinheiro para isto, mais dinheiro para aquilo?... Mais dinheiro?
Ora, todo mundo sabe que crises sociais e tragédias por aí, sempre foram bons pretextos (e até de jubilo secreto) para os governantes e suas famílias, já que são momentos
ideais e propícios para mais rapinagem e para mais roubalheira. Lembram das enchentes e
dos desmoronamentos no Rio de Janeiro? Os milhões que foram destinados às vítimas, sumiram. Os destroços ainda estão todos lá, com cadáveres que nem sequer foram resgatados...
Contratar milhares de médicos estrangeiros? Para quê? Isso é ridículo! Nosso problema na saúde é sanitário e preventivo, não é curativo e nem hospitalar! E depois, temos médicos
sobrando por aí, o que nos falta é competência e bagos para gerencia-los...
Enfim, o que se está
reivindicando nas ruas, seja ao estilo de Gandhi ou a maneira de Al Capone (tanto faz), não é
isso. Isso não interessa verdadeiramente a ninguém.
Os manifestantes (sejam de esquerda, de direita ou ambidestros) estão simplesmente exigindo: 1. Abaixo o covil legislativo! 2.
Abaixo o covil executivo! 3. Abaixo o covil judiciário! 4. Abaixo o covil da
imprensa. 5. Fora o covil religioso e 6. Fora o covil partidário. O resto é
bobagem.
E como se atende a essas simples reivindicações? Alterando, EM VINTE DIAS, NÃO EM VINTE ANOS, a velha, caduca, tendenciosa e bacharelesca Constituição.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
SOMOS TODOS VÂNDALOS...
Nunca as
elites, os porta-vozes da pátria e os papagaios da mídia estiveram tão de
acordo sobre uma questão e sobre um determinado assunto como estão agora a
respeito dos "vândalos" e do "vandalismo".
Quando falam
das manifestações que, aliás, prometem incendiar o país nos próximos dias, só
se ouve desses nada confiáveis senhores a mesma e enfadonha repetição, a mesma
pobre e medíocre lengalenga de que "manifestação é um direito
democrático mas..... sem vandalismo...". Esse papo idiota equivale
mais ou menos a receitar sexo sem orgasmo!.. Será que estão meio
atordoados pela memória de que foram os vândalos que no ano 455 saquearam e
derrubaram os facínoras de Roma?...
E depois..,
como se vandalismo fosse apenas queimar um ônibus, depredar um banco, pichar
uma parede, derrubar uma cerca, subtrair alguns produtos de uma loja que os
compra por 50 dólares e que, com a complacência do estado e do mercado, os
vende por 600,.. sem perceberem que as manifestações, ironicamente, são
exatamente contra o vandalismo político, bancário, judicial, comercial e etc.,
instalado de norte a sul do país e que vêm destruindo e sufocando o patrimônio
moral, cognitivo e ético dos avós, pais e dos próprios manifestantes, há décadas.
E é curioso
ver a turma dos politicamente entendidos, dos DAS 6, dos donos de programas na
TV (que ganham dois três milhões por mês só tagarelando merdas e bobagens
moralistas e beatas) fingindo não entender o que está acontecendo. Ou são muito
burros e cegos ou são demasiadamente cínicos, uma vez que eles próprios, são
exemplos de vandalismo moral, social e econômico pois, em troca de suas
suspeitas concessões, sempre apoiaram irrestritamente, a todo e qualquer
vândalo de turno...
Mesmo que
nestas manifestações ainda não haja nenhuma reivindicação explícita, que tudo
pareça difuso, apenas uma réplica das amotinações das sociedades
pré-industriais, apenas uma revolta do desespero... está na cara o que se
deseja. Que ninguém se faça de besta! Manifestação pacífica? Um povo que não
manifesta seus sentimentos, sua raiva e seu nojo, por vergonha, preguiça ou
medo é um povo condenado à ruína. Manifestação não se submete a conselhos e nem
a ordenamentos burocráticos, muito menos quando eles são dados por uma corja
que sabe muito bem onde estão verdadeiramente enterradas as raízes dessa
indignação popular. Como dizia uma das manifestantes de vinte anos: o que é uma
lixeira incendiada, diante de um estádio inútil que custou mais de um bilhão de
reais? O que é uma pichação nas paredes do Teatro Municipal, diante dos
contratos e das conivências entre estado e empresas de transporte urbano? O que
significam os rabiscos na cara do busto de um bandeirante, comparados ao MAB
fechado há mais de dez anos, com centenas
de obras de arte apodrecendo? O que representa a queima do carro de uma TV
diante do que faturam as tevês, só com a inútil e superfaturada propaganda
estatal? O que significam cinco ou seis feridos nas passeatas, diante dos 400
assassinatos que já aconteceram aqui no DF só nos primeiros cinco meses do ano?
O que representa uma agência bancária pisoteada e apedrejada diante do assalto
legalizado que os bancos praticam com seus ingênuos clientes? Nada.
Absolutamente Nada.
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