I
– Finalmente o Ministério da Saúde resolveu pressionar a indústria para que
esta reduza a quantidade de sal nos alimentos. E digo alimentos apenas por
dizer, pois na verdade, na grande maioria são porcarias que não têm capacidade
nutritiva nenhuma e que não servem para nada além de engordarem as crianças e
de tornarem seus pais hipertensos ou diabéticos. O que não se podia entender
(ou se podia, mas não se queria) era como o Estado vinha durante tanto tempo
doando toneladas de remédios para controlar a hipertensão de seus velhinhos e
da população em geral sem interferir de maneira radical na principal e mais vil
das causas desse transtorno. Claro que o prazo dado as indústrias para
promoverem essa mudança é ridículo (a partir de 2014) mas, como sussurram os
otimistas, já é alguma coisa. Se até lá muita gente terá ido prematuramente
para o saco, isto é outra coisa... Aliás, e os restaurantes? Como é possível que qualquer ignorante e até analfabeto se autorize a gerenciar um, a preparar e a enfiar para as tripas e para as veias das massas as mais venenosas e estapafurdias gororobas? E o açúcar? É bem provável que os sábios
da medicina e do Ministério da Saúde precisem de mais cem anos para descobrirem
que nossos canaviais são até mais maléficos que nossas salinas...
II
– Sinceramente, estou começando a admirar a performance dos senhores juízes do
STF, pelo menos durante o julgamento do affair
mensalão. Depois da ministra que anteontem mencionou a Voltaire antes de emitir seu
voto mandando cinco ou seis dos réus para atrás das grades ontem foram dois senhores ministros que transitaram pelo mundo
da filosofia e da literatura, um recorrendo a Santo Agostinho e o outro, o
Decano da casa, a um livro sem autor certo intitulado Arte de roubar. Já, da trupe dos advogados de defesa, dois ou três mencionaram da tribuna e com devoção o livro As misérias do processo penal, de autoria de Francesco Carmelutti, um velho monarquista e fundador da União de Juristas Católicos Italianos... Quem sabe hoje algum deles se recorde também de Albino
Forjaz de Sampaio e cite alguns trechos de Palavras
Cínicas...
III
– A propósito, o fato dos juízes do Supremo serem nomeados por presidentes da
república é o maior de todos os abortos da República e da própria Justiça. Se a
ideia de um JUÍZ em si já é quase intolerável, a de um JUÍZ indicado
politicamente por alguém é uma afronta à inteligência e ao estômago de qualquer
um. Como é que esses homens que ocupam sem legitimidade (talvez só um dos tais concursos públicos
os legitimaria) postos tão privilegiados podem verdadeiramente atribuir-se o
papel de julgadores daquilo que é delito ou crime e daquilo que não o é? Dizem
que Einstein – não sei por qual razão – teria dito: "Quem quer que se arrisque a ser juiz da verdade ou do conhecimento,
será destroçado pelas risadas e pelo sarcasmo dos Deuses."
Aplausos, Ezio Bazzo! Muitos aplausos!! Vou compartilhar no Facebook.
ResponderExcluirI - Se tirarem o sal dos alimentos para quem vão fornecer a matéria primária dos medicamentos anti-hipertensivos? Tens idéia do é esse comércio? E em torno de quem isso tudo gira? Pois é, quando chegarmos em 2014, novos "acordos" serão feitos, e com certeza esse assunto será postergado...
ResponderExcluirII - Em se tratando do nosso judiciário, estou igual a São Tomé: - "Ver para crer"... Enquanto o juiz que me roubou escandaradamente, não me devolver o que é meu, continuo incrédula... E sei lá o que está acontecendo por trás dos bastidores desse julgamento...
III - Há uns dezessete anos atrás, quando eu ainda morava em Brasília, eu ouvi uma certa autoridade dizer: - "Deixa eles processarem! A primeira e segunda instâncias pode até ser que consigam alguma coisa, porque ainda tem alguns juízes novinhos, mas se entrarmos com recurso, e conseguirmos mandar para o Supremo, aí a causa é nossa, porque o cara lá foi indicado por nós...". Pois é, eu até gostaria que tudo isso fosse boato, mas infelizmente eu mesma ouvi essas pérolas...