Algumas pessoas que conhecem meus escritos costumam mandar-me e-mails com
questionamentos, críticas e perguntas a respeito não apenas de minhas idéias, mas também de minha história. Por uma espécie de timidez ou de exagerada auto-crítica, quase nunca respondo. Ontem – por exemplo - me perguntaram – se em minha adolescência também fui um fanático pelos Beatles. Claro que não!, respondi. Meu universo era outro e minha alienação era de outra natureza. De vez em quando frequentava clandestinamente um cassino que havia no Paraguai. Cruzava-se a ponte, ziguezagueava-se por aquelas bibocas soturnas e perigosas até chegar ao salão esfumaçado. Bandidos, grileiros, jagunços e seres de outro mundo era o que menos faltava lá dentro, ao redor das mesas de bacarat e das roletas, o que sempre garantia pelo menos um ou dois tiroteios no meio da madrugada. As músicas daquele cu de mundo, pelo menos naquele ambiente e no meu entorno eram quase sempre boleros e guaranias executadas em harpas ou em violas.
Ezio Flavio Bazzo
O vídeo abaixo pode dar uma idéia aos filhos da “pósmodernidade” de como eram ingênuas as lógicas e vibrantes os sentimentos daquela época.
questionamentos, críticas e perguntas a respeito não apenas de minhas idéias, mas também de minha história. Por uma espécie de timidez ou de exagerada auto-crítica, quase nunca respondo. Ontem – por exemplo - me perguntaram – se em minha adolescência também fui um fanático pelos Beatles. Claro que não!, respondi. Meu universo era outro e minha alienação era de outra natureza. De vez em quando frequentava clandestinamente um cassino que havia no Paraguai. Cruzava-se a ponte, ziguezagueava-se por aquelas bibocas soturnas e perigosas até chegar ao salão esfumaçado. Bandidos, grileiros, jagunços e seres de outro mundo era o que menos faltava lá dentro, ao redor das mesas de bacarat e das roletas, o que sempre garantia pelo menos um ou dois tiroteios no meio da madrugada. As músicas daquele cu de mundo, pelo menos naquele ambiente e no meu entorno eram quase sempre boleros e guaranias executadas em harpas ou em violas.
Ezio Flavio Bazzo
O vídeo abaixo pode dar uma idéia aos filhos da “pósmodernidade” de como eram ingênuas as lógicas e vibrantes os sentimentos daquela época.
http://www.youtube.com/watch?v=JwEhvccG3Ac
farei um duplo comentário:
ResponderExcluirao texto do ezio: antiglobalização, sim. contra todo o pensar de que cada criança, ou adolescente, tiranicamente, vivenciou o mesmo universo euro-estadunidense. o trio "los panchos" me faz lembrar dessa "ingênua lógica" e "vibrantes sentimentos" de farid el-atrach que eu ouvia em minha infância.
ao comentário de sandro: suponho que "cabotino de nome oriental que vive falando demais" seja eu. hahahaha. gostei de sua espirituosidade e precisão na descrição. a mesma das letras de sua ex-banda "murro no olho". também ouço punk-rock. e para não perder a oportunidade: parabéns pelo teu documentário "ouro de sangue". morei em paracatu uma época. o mercúrio é terrível: lembra dos porcos que nasceram com 'feições humanas'? te saúdo, como dizem os anarquistas de são paulo: saúde e anarquia.
até bom gosto conta para escolher a própria alienação...
ResponderExcluirTambém saúdo a música underground. No entanto, não vejo problema em se gostar de Beatles e principalmente de Jimi Hendrix. É uma tolice abominar um artista só por ele pertencer ao mainstream...
ResponderExcluir