Ezio Flavio Bazzo
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
ARANJUEZ: ali onde os rios Jarame e Tejo se cruzam
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
A língua solta do governador Requião, a cólera dos homossexuais e o manifesto desesperado das mulheres...
Segundo o Governador, "essa história de câncer de mama em homens deve ser o resultado das passeatas gays".
Independentemente das reuniões extraordinárias que essa frase vem causando nas Ongs, Associações e guetos homossexuais, ela tem trazido a tona uma consciência e uma angústia feminina cada vez mais frequente, mas poucas vezes manifesta: a de estarem "perdendo os homens para outros homens" e ficando amorosamente em segundo plano diante da vertiginosa homossexualização masculina do mundo.
Segundo minhas fontes, elas estariam se organizando para, nas próximas Paradas Gays, em cultos religiosos, em portas de fábricas, estádios de futebol, reuniões de feministas, filas de cinema etc, comparecerem em massa, vestindo camisetas com esta frase, escatológica e desesperada, de alerta: Nós também temos cu. (Fato que nos faria admitir que os Adventistas do Sétimo Dia estão certos: o fim dos tempos não está muito distante!).
Ezio Flavio Bazzo
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Um bairro para novos ricos edificado sobre um "Santuário de pajés"
Ezio Flavio Bazzo
sábado, 24 de outubro de 2009
Mendigos: Párias ou heróis da cultura? II. (Reedição de livro, p. 45)
“Race de Cain, ao ciel monte et sur la terre jette dieu!”[1]
Mas como todo verso é vão e toda poesia é narcisismo condensado e inútil, fica tudo por isso mesmo e tudo como está.[2]
Cheiro de querozene, piolhos e pele descamada. Trazendo um Caim, um Drácula e um Frankenstein sepultados dentro de si a escória vem marchando da escravidão do latifundio para as vilas e para as cidades em busca de restos de comida, de uma bala perdida ou de um Serial Killer. Gira em aspiral ao redor de si mesma, dos muros citadinos e pelas cercanias das magestosas catedrais e de seus campanários farejando um esconderijo onde cuspir, vomitar e cagar sua exclusão, sua lepra, sua esquistossomose e principalmente sua feiúra que nada neste mundo dissipará. Tudo infinitamente mais grave do que a velha e sectária idéia de luta de classes. Descobre as marquises e os fundos de terrenos baldios e se resigna sob o estigma da escória cainesca, da maldição metafísica transmutada em maldição social. Com a tatuagem de uma víbora na garganta é a autêntica obra divina arrastando as tripas de lá para cá enquanto, com olhar súplice, roe sua culpa e soleniza sua longevidade. Réplica e clone de tudo o que é abominável, de tanta miséria, penúria e escassez, não tem competência nem forças para, como sugere Baudelaire, pelo menos subir aos céus e enxotar de lá o Criador. A cada anoitecer se amontoa como pode a espera de que alguém da janela vizinha lhe aponte uma espingarda ou que alguma estrela vagabunda despenque sobre seu crânio e coloque um fim ao seu flagelo e ao seu único crime, o de haver resistido aos nove meses uterinos e o de haver nascido.
Mantendo a distancia conveniente, observo o traste que com seus olhinhos esverdeados de coruja descansa numa escada do jardim e apodrece – como diz Derrida – entregue à voracidade roedora, ruminante e silenciosa do animal-máquina com a sua lógica implacável.[3] De tempos em tempos beija uma cruz que leva amarrada ao pulso e resmunga uma oração breve, de apenas uma ou duas frases. De onde advém essa paixão humana pela ficção? Pobre diabo, não teve ainda a capacidade de compreender que um deus que coloca uma doença no corpo de um crente – parafraseando a Bret Harte – certamente não se comoverá com suplicas e com orações. A barba, os cabelos, as sobrancelhas e os pêlos que emergem de suas narinas e de seus ouvidos parecem ter a função de ocultar um teorema ou a tal “marca de Caim” que está em todas as partes desse corpo condenado, como um sifão, à precariedade.
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[1] Ver Abel e Caim, em Flores do Mal.
[2] Dizem que nos raros e nauseabundos soirèes poéticos onde Rimbaud marcava presença, sempre que alguém acabava de recitar um poema saia de sua boca o mesmo resmundo: merde!
[3] J.Derrida em O animal que logo sou, editora Unesp, p.73, SP, 2002.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
MENDIGOS: Párias ou heróis da cultura? (Reedição de livro)
"Com aquilo que lhe serve para mijar os homens criam seus semelhantes."
Apesar da demagogia político social e da caridade vigente, da década de oitenta para cá, além de uma disneylandização do mundo, não aconteceu praticamente nada de novo no universo da mendicância e da vadiagem.Os discípulos da frugalidade continuam por aí, do Butão ao Chile, com suas lamparinas sob as árvores, com suas tralhas junto aos muros dos templos ou em plena alucinação nos semáforos, na mais autentica danação, muito além do paraíso e do inferno, cada dia com mais consciência de que o inimigo principal sempre foi e é o nosso imaginário.
Brasília, 16 de outubro de 2009
Ezio Flavio Bazzo
1. A semana passada foram acusados em Brasília de tocarem fogo na igrejinha da 307/308 sul, uma relíquia para os beatos e burocratas da quadra, uma das poucas que além dos mosaicos do Athos Bulcão, já teve em seu interior uma pintura do Alfredo Volpi. Passei por lá logo depois dos bombeiros, e os mosaicos ainda estavam chamuscados. Sete ou oito “filhos de Caim” se esparramavam arrogantes pelas escadarias e pelos arredores como cães em volta de uma cadela em cio. Sabem esperar, a experiência lhes ensinou que sempre haverá algum tipo de gratificação ou de luxúria, mesmo no interior de uma calúnia. Uma lambida, uma dentada, mas depois o completo ato copulatório. Uma moradora das mais tradicionais veio confidenciar-me que aquela gente, além de não crer em Deus, cagava por todos os lados. Que aqueles miseráveis se beijam depois de embriagados, que usam facas por debaixo dos farrapos e que até fazem sexo junto às paredes daquele patrimônio da humanidade, um sacrilégio não apenas contra Juscelino, mas contra Nossa Senhora de Fátima, a padroeira da igreja.
2. Recentemente, uns hindus fanáticos deram uma surra num pregador cristão que tentava converter um grupo de mendigos. Nesse mesmo país das crendices, durante os eclipses, muita gente sai de casa em busca de mendigos para oferecer-lhes alguma coisa, umas rúpias, um pão ou até mesmo uma ducha. Sabe-se que por lá não são poucos os que dão um jeito de amputar-se um braço ou uma perna para terem mais sucesso como mendigos.
4. Já relatei em algum lugar, que em Tanger, no Marrocos, encontrei um mendigo lendo o Corão junto ao mar. De vez em quando tirava os olhos da Quinta Surata para lançá-los misticamente por sobre as ondas na direção do território espanhol. Naquela mesma cidade, numa feira de legumes, outro mendigo lia um dos mais importantes escritores do país, que agora não lembro o nome. Encontrei mendigos poetas e poetas mendigos por todos os lados do planeta. Até mendigos que já haviam sido livreiros ou bibliotecários e que levavam no meio de suas porcarias um pedaço de lápis e uma caderneta para anotar suas inspirações. Parece que não gostam de ler lamentos e maldições de outros desgraçados como eles, preferem os poetas românticos, cultos e ricos, toleram os acadêmicos, mas odeiam poetas diplomatas e funcionários públicos. Para eles a diplomacia e o serviço público são desprezíveis e os poetas que surgem naquele meio (com tanta freqüência) são sempre uns farsantes. Acredito que se entediariam lendo Fome – de Knut Hansum – ou as histórias de vagabundos de Jack London.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Tornados, vendavais, tempestades, ventanias: apenas uma resposta à infâmia
Ezio Flavio Bazzo
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
You Stupid People! An Open Manifesto to Human Stupidity
By evoking fragments of the works of Nietzche, Cioran, Tzara, Malatesta, Marinetti and, also of Tostoi, Ibsen, Dostoievski, Thoreau, Cocteau and Canetti, a voice, with impetuousness and firmness, mockery and emotion, elegance and carelessness, rage and tenderness, Bazzo makes a warning against the fallacies that we all pursue and the intensity that we do not manage to have in our lives.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sou um demônio! Sempre fui um demônio!!!
Quando tenho algum tempo livre gosto de dar uma revisada nas conferências de Rajneesh, aquele charlatão indiano, tão lúcido que, em pouquissimo tempo fez muito mais sucesso que Cristo. Dizia:
-A música é bela, mas você tem de cessá-la. Maomé não gostava de música, porque a própria beleza da música pode manter alguém enraizado.
-Não tente me enganar. Eu próprio sou um enganador tão grande... você não pode me enganar.
-Não sou democrata. Sou ditador; é por isso que tantos alemães vêm a mim. Na verdade, eles vêm porque não conseguem encontrar ninguém na Alemanha. É por isso que eles vêm a mim. Sou um ditador com uma diferença: um ditador com o coração de democrata.
-Não seja covarde, esse é o único obstáculo para conhecer a verdade. É necessário ousar para conhecer; é preciso entrar no perigo.
-A vida é simplesmente uma canção que não tem sentido.
-Estar perto da beleza é estar perto da morte.
-E eu não sou um pregador. Pregar é sujo. Eu sou um amante.
-O idiota é duro, muito duro. É impossível que qualquer coisa penetre na cabeça de um idiota. A cabeça de um idiota está coberta com aço, nada pode penetrar nela.
-Sou um fim... Fim no sentido de que depois de mim não pode haver nenhum cristianismo, judaísmo, hinduismo, maometismo. Depois de mim não há possibilidade de nenhuma ideologia.
-Sou um trapaceiro. Você não pode me trapacear. Eu trapaceei tantos trapaceiros!
-Se houver um Deus, e eu tiver de encará-lo, Ele terá de me responder, e não eu responder a Ele.
-Eu não ensino outra coisa a não ser o destemor.
-A vida não é nada mais do que vinho e, em tais alturas, eu sei que sou um beberrão. Conheço as alturas supremas do Ser e nada pode ser mais alto que isso, eu sei.
-Sou um demônio! Sempre fui um demônio!
Ezio Flavio Bazzo
sábado, 10 de outubro de 2009
Nobel ou a vaidade desmedida do inventor da dinamite
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Os alucinógenos Anéis de Saturno
Ezio Flavio Bazzo
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Rio de Janeiro!!! Sentenciou o "juíz" em Copenhague
Ezio Flavio Bazzo
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Memórias e cassinos - Sabor a mi.
questionamentos, críticas e perguntas a respeito não apenas de minhas idéias, mas também de minha história. Por uma espécie de timidez ou de exagerada auto-crítica, quase nunca respondo. Ontem – por exemplo - me perguntaram – se em minha adolescência também fui um fanático pelos Beatles. Claro que não!, respondi. Meu universo era outro e minha alienação era de outra natureza. De vez em quando frequentava clandestinamente um cassino que havia no Paraguai. Cruzava-se a ponte, ziguezagueava-se por aquelas bibocas soturnas e perigosas até chegar ao salão esfumaçado. Bandidos, grileiros, jagunços e seres de outro mundo era o que menos faltava lá dentro, ao redor das mesas de bacarat e das roletas, o que sempre garantia pelo menos um ou dois tiroteios no meio da madrugada. As músicas daquele cu de mundo, pelo menos naquele ambiente e no meu entorno eram quase sempre boleros e guaranias executadas em harpas ou em violas.
Ezio Flavio Bazzo
O vídeo abaixo pode dar uma idéia aos filhos da “pósmodernidade” de como eram ingênuas as lógicas e vibrantes os sentimentos daquela época.
http://www.youtube.com/watch?v=JwEhvccG3Ac