domingo, 2 de agosto de 2009

Jorge Luis Borges e mi hermano simius

Confesso que depois de longas e frustradas tentativas, entre os de minha espécie, elegi esse personagem como um de meus melhores e mais atentos interlocutores na cidade. Sempre que me aproximo de seu calabouço ele vem a meu encontro, me acena, se move e gesticula como se estivesse me relatando o odioso dia-a-dia de seu confinamento. Neste sábado, já com o sol se pondo, tive a nítida impressão que enquanto fazia pose para minha câmera, recitava com melancolia (mas também com um certo ar de vingânça) este texto de Jorge Luis Borges.


"No quedará en la noche una estrella.
No quedará la noche.
Moriré y conmigo la suma
Del intolerable Universo.
Borraré las pirámides, las medallas,
Los continentes y las caras.
Borraré la acumulación del pasado.
Haré polvo la historia, polvo el polvo.
Estoy mirando el último poniente.
Oigo el ultimo pájaro.
Lego la nada a nadie".



Ezio Flavio Bazzo

2 comentários:

  1. É verdade, a expressão do macaquinho é extremamente melancólica como são melancólicos estes versos do grande poeta argentino. Existem momentos assim, onde a alma não encontra abrigo e tudo perde de fato o sentido.

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  2. ah, os macacos... sempre erguendo a cabeça quando nós perdemos terreno. acolhem sentimentos e estados de espíritos gerados pela nossa pretensa inteligência. toma-os às macaquices e com isso torna-o mais profundos. muito mais pleno de alma. até conseguem transmitir as mais sublimes elevações e embriagantes entusiasmos. nem as ofenças de darwin, nem os subjulgos dos criacionistas conseguiram abalar nossa desconfiança de que esses seres apenas nos observam e presumem quanto temor de nossos espíritos, de que todos os sofrimentos, alegrias e valores humanos, não passou de desengonçadas humanisses.

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