Ezio Flavio Bazzo
sábado, 29 de agosto de 2009
Que Deus e os Deputados sejam louvados
Ezio Flavio Bazzo
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Não podemos esquecer que o diabo é capaz de citar até as Escrituras por interesses próprios
Voltaram a fazer panegíricos a Euclides da Cunha no Senado. Elogios, louvores, reverências, confetes, interpretações tendenciosas. Só faltou alguém compará-lo ao Euclides grego, o matemático. Se a onda durar mais uma semana alguém será obrigado a pedir a canonização do autor de Os Sertões. Mas é natural. Uma nação que nas últimas oito décadas tem sido uma chocadeira e uma estufa de cabotinos e de crápulas, quando quer gabar ou dedicar-se à bajulação, não tem outra alternativa a não ser ir buscar algum indefeso fantasma em seus cemitérios. Getúlio Vargas, Rui Barbosa, Ulisses Guimarães, Machado de Assis etc., já estão cansados de tantas invocações. Mas, o mais curioso é que entre todas essas exaustivas manifestações não se ouviu ninguém – nem da suposta esquerda e nem da suposta direita - traçar um paralelo mínimo entre a miséria sertaneja daqueles tempos com a de agora. O que importa, evidentemente, para esses ilustres exegetas, é apenas insistir na genialidade do autor, uma vez que não lhes comove para nada - e inclusive os comprometeria - o fato de que na essência, praticamente 80% do país suburbano e camponês de hoje ainda continue tão desgraçado, tão supersticioso e tão sem esperanças como o daquela época. Impossível? Tirem o traseiro balofo da poltrona e viagem pelo país a fora.
Ezio Flavio Bazzodomingo, 23 de agosto de 2009
E cada Ministro continuará com seu cu sujo apesar do SHOWER TOILET GEBERIT
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Oh! Noite, forno vil de fumos mal cheirosos! (Shakespeare)
Ezio Flavio Bazzo
sábado, 15 de agosto de 2009
Não aponte esse dedo sujo em minha direção!
Que estranha afinidade essa espécie parece ter com a imundice! Qual é, afinal, a dificuldade de limpar-se essa dezena de dedos se até o pernóstico Pilatos, lavou os seus antes de autorizar que pendurassem o nazareno?
- Não aponte esse dedo sujo em minha direção!
Gritou o nobre senador X para o nobre senador Y. Sujo de quê? Foi o que todos os ingênuos eleitores ficaram pensando. E essa frase parece ter sido tão dolorosa e tão implacável que o apontador sentiu-se na obrigação de retrucar qualificando o apontado de cangaceiro de terceira categoria. Uma nação de mãos sujas?
Mas como mantê-las limpas se estão fuçando o tempo todo por buracos, regiões e por territórios obscuros? Trate-se das delicadas e inúteis dos padres e dos intelectuais, das calejadas e escravas dos trabalhadores ou das esquivas e rápidas dos batedores de carteira, todas parecem ter sujeiras, movimentos e curiosidades próprias. Também parecem ter olhos, sentimentos, intestinos, voz e estômago. Não é por acaso que incorporam porcarias de todos os gêneros e de todos os tipos em suas porosidades. Os antigos feiticeiros identificavam nelas pontos análogos a cada um dos outros órgãos do corpo e a cigana, em seu oráculo, insiste que pode perscrutar o destino de cada um através de suas linhas.
Ezio Flavio Bazzo
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Queda de Wilhelm Reich e ascensão de Salvador Dali
Ezio Flavio Bazzo
domingo, 9 de agosto de 2009
Há sábados e domingos também na Capital da República
Ezio Flavio Bazzo
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
A terra não é o play-ground, mas a privada do diabo
Nesta quinta-feira, antes das sete da manhã, lá estava o homem da máscara e das luvas brancas a minha espera. Achei que iria falar da gripe suína e do sucateamento dos hospitais, mas nem sequer me cumprimentou e foi logo vociferando: Que tal o Conselho de Ética? Quê despreparo! Quê atestado de incompetência generalizado! Que ignomínia! Quê asco ver aquele bando de engravatados dando corpo a uma mísera solenidade de bufoneria e a um tosco Tribunal de Impotência! Ninguém sabe nada! Ninguém consegue formular sequer um pensamento e muito menos uma tese. Aquilo perderia feio não apenas para os obscuros tribunais da inquisição, mas até mesmo para as querelas dominicais das meninas da zona de Planaltina. E isto, que são todos “bacharéis”, “juristas”, “criminalistas”, sujeitos de “reconhecido saber” em seus feudos. Somos um país essência e irresponsavelmente gerontocrático! Uma república de velhos, de cassados e de suplentes! E é impossível “encontrar entre nós um homem absolutamente notável que não seja cabotino”. Apesar do ufanismo ingênuo de alguns, caminhamos para uma sociedade de terceira ou de quarta categoria. A astúcia por um lado e a culpabilidade lusitana por outro lesaram gravemente nosso caráter e nosso Sistema Nervoso Central. Vendemos-nos por uma caixa de charutos, temos problemas graves com a linguagem, sacrificamos sistematicamente a ética em nome do moralismo e nossa imaturidade é tamanha que, mesmo aos setenta ou oitenta anos seguimos fazemos questão de insinuar e tagarelar que somos refinadissimos malandrins, com a alma no bolso e o risinho da cavação nos lábios. Sabemos há décadas – como escrevia João do Rio – que o trabalho honrado não dá fortuna a ninguém e que se não nos esganamos fisicamente, nos esfaqueamos e nos assassinamos moral e monetariamente a cada instante. Como era de se esperar, o mais bandido, o mais cruel, o mais patife é quem vence. E é a essa pantomima nojenta e a esse embuste que se insiste em chamar de República.
Disse tudo isso num fôlego só e antes de retirar-se, corrigiu parte da declaração que havia feito ontem: a terra não é o play-ground, mas a privada do diabo!
Ezio Flavio Bazzo
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
A terra, esse play-ground do diabo
Ezio Flavio Bazzo
domingo, 2 de agosto de 2009
Jorge Luis Borges e mi hermano simius
No quedará la noche.
Moriré y conmigo la suma
Del intolerable Universo.
Borraré las pirámides, las medallas,
Los continentes y las caras.
Borraré la acumulación del pasado.
Haré polvo la historia, polvo el polvo.
Estoy mirando el último poniente.
Oigo el ultimo pájaro.
Lego la nada a nadie".
Ezio Flavio Bazzo