quarta-feira, 15 de março de 2017

As próximas eleições e a loteria...

"Que pulular de falsos liberados que nos olham desde o alto de sua salvação!!!"
E.M.Cioran

Hoje, dia de greve geral, encontrei o mendigo K. em frente ao Ministério da Fazenda. Observava os manifestantes que gritando palavras de ordem quebravam as portas e saltavam janelas a dentro. Aproximou-se e me falou em voz baixa: Os três poderes estão ansiosos para decidir quem é que financiará as próximas eleições: se o Estado com aquela verba bilionária, se as empresas privadas, se o tráfico, se os familiares, se os sindicatos ou etc... Fez uma pausa, mais breve do que longa e retomou o assunto com exaltação:
Já que se insiste em fazer eleições e em seguir proclamando que, depois de Platão, o voto é o signo máximo da soberania e da liberdade alcançado pela civilização, mesmo gastando fortunas com essa pantomima de marqueteiros e de prestidigitadores malandros, vou sugerir uma maneira mais prática e econômica para selecionar os candidatos: a loteria.
Disse isso ao mesmo tempo em que fomos cobertos por gritos e estilhaços de uma vidraça e ficou esperando minha reação. 
Depois continuou: como  os programas, os projetos, as ideologias, as patologias e os ideais de todos os candidatos são sempre os mesmos, sejam eles de esquerda, de direita, socialistas, capitalistas, comunistas, anarquistas, liberais, ateus, panteístas, moralistas ou imorais, urbanos ou ruralistas, esclarecidos ou analfabetos etc, é evidente que a forma mais rápida, econômica e legítima de escolher um nome para presidente, deputado, senador, governador, prefeito, ministros, gerente de bordel  e etc, é através da loteria. Coloca-se os números dos candidatos na roleta, um crupiê a faz girar e pronto.  Em três minutos está lá o número e o nome do eleito! 

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