sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

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Como se não bastassem as mentiras clássicas do Natal e do Ano Novo, a partir desta semana teremos que lidar também com as tais "caixinhas" que, além de perpetuarem um costume cretino, infernizam todas as relações e que são, no fundo, um assalto e uma institucionalização da mendicância. A cidade está entulhada de automóveis, de nouveaux riches, de novos mendigos e de neuróticos. Agora de manhã, ao fazer um retorno e cometer uma pequena imprudência no trânsito, ouvi um senhor, de dentro de um carro quase do tamanho de um ônibus gritar-me com todas as forças de sua senectude: sai daí seu idiota! Mal tive tempo de chamá-lo de velho fdp e ele saiu por uma lateral queimando pneus e furioso como um demente.  Eis aí - pensei - o espírito do natal e o que nos espera em 2016!
Num grande mercado que existe aqui, especializado quase só em bebidas e principalmente importadas, fiquei fascinado com as novas embalagens da Veuve Clicquot Ponsardin e claro, com seus preços. Dizem que foi ela que regou muitas das noitadas do senador que está em cana... Mas, para ser justo e humanista, não posso omitir que também havia lá, no meio das prateleiras e das caixas de Chandon, dois mendigos, com aquele conhecido aspecto medieval, que farejavam, igualmente fascinados as pilhas de Pituba, em oferta...
E finalmente, num dos tantos shoppings da cidade, na parte destinada às comidas, de tanta carne que era assada e queimada, era impossível não lembrar-se de imediato dos crematórios de Benares a céu aberto e ao longo do Ganges bem como da observação do Joca de que deus dá o frio conforme o cobertor... 
Ao voltar desesperado para casa, pensando nas minhas gotas de Rivotril ouvi do guardador de carros esta frase secular:
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!

Um comentário:

  1. Bazzo
    Aprendi em teus livros que na China e em Cuba, a gorjeta e a caixinha é proibida.
    Viva a china e viva cuba!

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