quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
O humanismo e a modéstia do mendigo K.
"MALDITA FOME DE OURO"
Virgilio na Eneida, III, v. 57.
Hoje encontrei o mendigo K. na fila de uma casa lotérica com os olhos cravados na plaqueta que dizia Mega-Sena acumulada - 280 milhões e com R$ 3,50 amassados na mão esquerda.
Virgilio na Eneida, III, v. 57.
Hoje encontrei o mendigo K. na fila de uma casa lotérica com os olhos cravados na plaqueta que dizia Mega-Sena acumulada - 280 milhões e com R$ 3,50 amassados na mão esquerda.
Quando nos aproximamos da moça que fazia as apostas, perguntei-lhe o que faria se ganhasse o prêmio sozinho.
- No primeiro dia - respondeu-me cheio de entusiasmo - alugaria um helicóptero e lançaria pelo menos 20 milhões (em notas de cem dólares) sobre as cidades satélites, sobre as bibocas, os casebres, as favelas, os lixões, as cadeias e as multidões fodidas que vivem por aí ainda como se estivessem na Idade Média... Depois, sumiria do mapa. Compraria um legítimo Stradivari, um apartamento em Hong Kong, um em Paris, outro em Vancouver... e tentaria driblar a infelicidade que, certamente, me perseguiria e me atormentaria...
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Quando eu já estava dobrando a esquina ouvi que ele me chamava para mostrar-me duas páginas de jornal onde estudiosos haviam demonstrado que Eva não teria sido feita de uma costela, mas sim de um pedaço do pênis de Adão. (Deu uma longa gargalhada e desapareceu). Quem não acredita que veja o link abaixo:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2015/12/29/interna_ciencia_saude,512291/eva-teria-sido-feita-do-osso-do-penis-de-adao-diz-especialista.shtml
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Quando eu já estava dobrando a esquina ouvi que ele me chamava para mostrar-me duas páginas de jornal onde estudiosos haviam demonstrado que Eva não teria sido feita de uma costela, mas sim de um pedaço do pênis de Adão. (Deu uma longa gargalhada e desapareceu). Quem não acredita que veja o link abaixo:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2015/12/29/interna_ciencia_saude,512291/eva-teria-sido-feita-do-osso-do-penis-de-adao-diz-especialista.shtml
El hombre de los dados...
Ouvi falar por primeira vez do livro acima numa aula de psicanálise ministrada pelo Dr. Santiago Ramirez, (autor - entre outros - de um importante livro sobre o comportamento dos mexicanos) na Universidad Nacional Autônoma do México. (UNAM, 1982). Depois da recomendação, fui comprá-lo imediatamente numa livraria chilena que havia quase junto aos muros da universidade, mas nunca o li. Detesto novelas. Durante todos esses anos, sempre que me deitava para fazer o que os espanhóis chamam "dormir la siesta", o via lá no meio de outros livros como se estivesse me recordando da leitura que ainda estava por se fazer. El hombre de los dados, de Duke Rhinehart, publicado pelo Editorial Pomaire S. A em 1972, Buenos Aires, por ser um livro de psicanálise e psiquiatria, sempre que meu olhar se fixava sobre ele me remetia a outro texto muito bem conhecido pelos doutores da confraria cujo título é: El hombre de las ratas... Hoje, finalmente, depois de passar por uma dessas vagabundas lojinhas chinesas de R$: 1,99 e comprar uma dúzia de pequenos dados que estavam em oferta e expostos sobre o balcão, voltei para casa, retirei-o da prateleira e o li. Uma leitura bombástica e perigosa.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
domingo, 27 de dezembro de 2015
Masturbação à bordo...
O principal jornal aqui da cidade traz hoje uma notícia pra lá de surrealista. Um engenheiro baiano, de 29 anos é preso no aeroporto de Recife depois de ser surpreendido se masturbando num voo que ia de São Paulo a Recife. Confesso que o que mais me surpreendeu nessa história, nem foi a punheta (ou a quiromania) em si, mas o diálogo entre os "homens da lei" e o onanista.
Por que o senhor praticou esse ato obsceno à bordo?
Resposta - Quando viajo de avião fico muito ansioso. O fiz para diminuir a ansiedade.
Eis aí uma novidade médica: a punheta funcionando como ansiolítico.
- Por que você não foi ao banheiro para praticar o ato? Pergunta-lhe em seguida um dos energúmenos inquisidores, como se os banheiros das aeronaves fossem lugares idealizados para se tocar punheta. Em seguida o sujeito foi liberado pela polícia e provavelmente - se os orixás não o abandonarem -, escapará do enquadramento no Art. 233 de nosso caduco Código Penal...
Em síntese: Independente dos motivos e da miséria pessoal do punheteiro, o que é mais grave é constatar que entre nós a lógica, a compreensão e o entendimento das coisas, elas próprias, estão se tornando cada dia mais masturbatórias, obscenas e esquizóides!
sábado, 26 de dezembro de 2015
Dos perus e das crendices natalinas...
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
A recusa "inconsciente" da história e da arte. Lá, o Estado Islâmico, aqui, o Estado de merda... O nexo é evidente...
A irresponsabilidade e a negligência de burocratas de todas as facções facilita o incêndio e destruição
do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.
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Obs: Na página 147 de sua autobiografia (Meu último suspiro) Luis Buñuel, falando dos surrealistas que ele conheceu, escreve: "Em sua maioria esses revolucionários pertenciam a boas famílias, burgueses, revoltavam-se contra a burguesia. Era o meu caso. A isso se acrescentava em mim um certo instinto negativista, destrutivo, que sempre senti com mais força do que qualquer tendência criativa. A idéia de incendiar um museu, por exemplo, sempre me pareceu mais sedutora do que a abertura de um centro cultural ou a inauguração de um hospital".
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Indulto de Natal... (não confundir com insulto!)
Stendhal em (Le rouge e le noir)
Não sei se hoje ou amanhã mais de mil detentos só aqui no DF desfrutarão do que se conhece por indulto de natal. Não é por acaso que a palavra se parece com insulto. Uma espécie de "clemência" ou "micro perdão" que o Estado e o judiciário conferem a seus condenados. Em outras palavras, o direito de livrar-se do inferno das penitenciárias por uns dias e ir comer um peru ou um panetone com a família, a amante, os antigos comparsas ou mesmo sozinho à sombra de um viaduto....
Não é novidade para ninguém que nesses estados fajutos aqui dos trópicos, desde que nascem, as pessoas, sem distinção, vão sendo sutil e covardemente empurradas pelo estado, pela burocracia e por seus lacaios para a delinquência e para marginalidade e que depois, quando estes "representantes da lei" bem entendem ou quando melhor lhes convém os caçam, os acusam, os condenam, os acorrentam e os empurram para atrás das grades.
Não é por acaso que em 2016, quem quiser ganhar dinheiro por aqui, o melhor negócio - segundo especialistas - não é investir na bolsa e nem em poupança, mas sim em penitenciárias ou em hospícios...
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
O Museu em ruínas e em cinzas...
Um dia depois de inaugurarem com festas e demagogias o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, ontem deixaram que fosse destruído pelo fogo o Museu da Língua Portuguesa em SP. Quem conheceu conheceu, para os retardatários, só resta agendar uma visita para ver os escombros e as cinzas...
Pela sequência de fatos semelhantes entre nós, não é mais possível negar que somos um povo com uma extremada tendência à auto punição. Que somos mestres em mutilar-nos, em prejudicar-nos, em fazer-nos mal, e em provocar-nos sofrimento... Coisa que os especialistas chamariam de estrutura masoquista. Mas, a teríamos herdado de quem?
E claro que a culpa não é do fogo.
Desde que foi roubado dos deuses pelo titã Prometeu (segundo as anedotas dos gregos) o fogo tem seguido seu caminho e seu destino com voracidade e além do bem e do mal. Lembram da Biblioteca da Alexandria?
O problema, no incêndio do Museu da Língua Portuguesa, e que expõe todo mundo ao ridículo e ao horror de uma imbecilidade desenfreada, é que vinha funcionando - segundo a mídia - há já uns 8 anos, sem alvará de licenciamento. Lembram da boate no RS? Parece inacreditável, mas é verdade. E os energúmenos responsáveis por tais burocracias ficam agora tentando justificar o injustificável dizendo que tudo estava encaminhado mas no aguardo de uma assinatura ou coisa parecida... Oito anos de espera? Isso nos compromete ainda mais...
E podem ter certeza de que como esse museu, agora feito ruínas e cinzas, existem dezenas de outros nas mesmas condições pelo Brasil a fora. E não é de se duvidar de que inclusive a Biblioteca Nacional, no RJ, (um dos bens públicos mais preciosos do país) que há uns anos atrás estava com seu acervo quase submerso, esteja, desde Don João VI até hoje esperando por uma licença semelhante... Povera gente!
domingo, 20 de dezembro de 2015
sábado, 19 de dezembro de 2015
As vantagens de andar sempre com uma câmera na bolsa...
Como diria o mendigo K. nestes dias de fútil otimismo: [Je me suis appuyée à la beauté du monde/ Et j'ai tenu l'odeur des saisons dans mes mains]. A. de Noailles.
Nenhum direito reservado
18 de dezembro de 2015: MONOTEÍSMO & MONETARISMO - Mudam o Ministro da fazenda e canonizam Madre Teresa de Calcutá...
Para ouvir a música clique no lado esquerdo da faixa
"Por dinheiro tudo se compra. As bênçãos das santas e o crânio dos heróis, a camisa de dormir da tua noiva e o rosário do teu confessor. Ciganas e écuyères, saltimbancos e mendigos, fidalgos e aguardente, trapeiros e sacerdotes, coveiros e apóstolos, santos e famintos, sultanas e cadelas, bobos e cortesãs, escravos e libertos, tudo isto é da sua corte. O próprio Deus, o próprio céu rende-se, quando se lhe mostra um punhado de ouro". (Albino Forjaz de Sampaio)
(Para que não haja dúvidas esta imagem da mala está publicada no Clarin de hoje -Buenos Aires-)
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Noticias do dia...
Para musicar a leitura clique no lado esquerdo desta faixa
Como se não bastassem as mentiras clássicas do Natal e do Ano Novo, a partir desta semana teremos que lidar também com as tais "caixinhas" que, além de perpetuarem um costume cretino, infernizam todas as relações e que são, no fundo, um assalto e uma institucionalização da mendicância. A cidade está entulhada de automóveis, de nouveaux riches, de novos mendigos e de neuróticos. Agora de manhã, ao fazer um retorno e cometer uma pequena imprudência no trânsito, ouvi um senhor, de dentro de um carro quase do tamanho de um ônibus gritar-me com todas as forças de sua senectude: sai daí seu idiota! Mal tive tempo de chamá-lo de velho fdp e ele saiu por uma lateral queimando pneus e furioso como um demente. Eis aí - pensei - o espírito do natal e o que nos espera em 2016!
Num grande mercado que existe aqui, especializado quase só em bebidas e principalmente importadas, fiquei fascinado com as novas embalagens da Veuve Clicquot Ponsardin e claro, com seus preços. Dizem que foi ela que regou muitas das noitadas do senador que está em cana... Mas, para ser justo e humanista, não posso omitir que também havia lá, no meio das prateleiras e das caixas de Chandon, dois mendigos, com aquele conhecido aspecto medieval, que farejavam, igualmente fascinados as pilhas de Pituba, em oferta...
E finalmente, num dos tantos shoppings da cidade, na parte destinada às comidas, de tanta carne que era assada e queimada, era impossível não lembrar-se de imediato dos crematórios de Benares a céu aberto e ao longo do Ganges bem como da observação do Joca de que deus dá o frio conforme o cobertor...
Ao voltar desesperado para casa, pensando nas minhas gotas de Rivotril ouvi do guardador de carros esta frase secular:
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Um mundo feito de mentiras! Afinal: eram 70 ou 3 mil? A diferença é brutal! Alguém deve estar louco nesta história... (Não relacionar com Pitágoras e seus números irracionais...)
"A origem histórica da necessidade de criação dos números irracionais está intimamente ligada com fatos de natureza geométrica e de natureza aritmética. Os de natureza geométrica podem ser ilustrados com o problema da medida da diagonal do quadrado quando a comparamos com o seu lado".
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Brasília continua sendo uma festa...
Correndo o risco de levar um cassetete na cabeça ou uma bordunada na clavícula, sempre que há uma manifestação indígena aqui no Congresso Nacional, faço questão de estar presente. A ingenuidade evangélica dos indígenas e o fantasma da liberdade que ronda as troupes "indigenistas" é algo imperdível. Sem falar da polícia, de todos os naipes, que se infiltra por todos os lados como se estivesse atuando numa verdadeira guerra nas estrelas... Mas é tudo bobagem e ficção! Não acontece verdadeiramente nada! É só uma encenação dos dois lados e que dura apenas até ao meio dia e logo se dispersa, porque o estômago tremula e todo mundo precisa almoçar.
Desta vez o grito de guerra dos manifestantes de várias etnias era: FORA CUNHA! Depois a velha reivindicação que todo mundo conhece de demarcação de terras e, claro, o sacro pedido de democracia. Curiosamente, depois dos sessenta, comecei a passar mal quando ouço alguém falar em democracia! Durante as duas ou três horas que passei por lá, correndo de um lado a outro e me deliciando com o aroma do cachimbo de alguns pseudo xamãs, ouvi três manifestações verbais interessantes: A primeira, de um velho índio gritando para a polícia legislativa: "Vocês pensam que estão lidando com quem? Vou queixar-me na ONU!".
A segunda, de um índio, ainda bem jovem, com um imenso cocar de cordas que enquanto apontava sua borduna para o homem fardado que impedia sua passagem ia gritando-lhe: "Vocês ficam protegendo esses bandidos aí..! Mas esses bandidos terão filhos, também bandidos que roubarão e matarão vossas mulheres e filhos!".
Mais para o lado da abóboda da Câmara, uma velha índia que fumava um grosso cachimbo e que ao ouvir o coro de: FORA CUNHA cochichou-me: "o que é que essa pobre gente pode fazer contra um homem que tem milhares de euros na Suíça?". Ao invés de Suíça ela falou Suécia.
O sol estava pior que o do Sahara. Os fotógrafos e as repórteres que não haviam usado protetor solar procuravam ficar à sombra das rampas. Já os índios, mesmo os mais contaminados pela malícia dos "brancos" postavam-se de cara para o sol como quem, numa espécie de mitraísmo selvagem, acreditava ser uma autêntica heresia e até uma ofensa a seus ancestrais a idéia de que esse astro sagrado pudesse vir a causar-lhes algum tipo de mal...
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