No Rio de Janeiro, na mesma semana em que seis pessoas morreram nos
territórios pacificados, Cláudia Silva
Ferreira, mulher de 38 anos, negra, mãe de oito filhos, foi alvejada por policiais, quando
saía para comprar pão,
e teve seu coração e pulmão perfurados por um projétil. Como se não
bastasse, ainda teve o seu corpo esfolado
pelo asfalto quente, ao ser arrastada pela viatura por quase quinhentos metros em
uma avenida de Madureira.
Sobre o cadáver não faltaram laudos, exames, perícias e outras ciências que visam
escamotear e justificar o
óbvio: Cláudia não morreu por
“laceração cardíaca e pulmonar de ferimento transfixante do tórax por ação
perfurocortante”. Assim como Amarildo e outros anônimos, essa mulher foi executada
pela polícia, assassinada
pelo Estado.
Realizou-se no Brasil um congresso para empresários dos negócios sociais, voltado
para a inovação e
tecnologias sociais de amortização da pobreza e sofisticação da segurança pública.
O representante da
neoliberal
Open Society Foundations
declarou à mídia paulista que ações da polícia, como a que a arrastou o
corpo de Cláudia Ferreira, devem “escandalizar” a própria corporação. Fez coro ao
atual mantra neoliberal de
regulamentação do mercado de drogas e pregou a cantilena da polícia mais humana.
Todos
devem lucrar!
A polícia é violenta, as prisões estão sempre superlotadas e funcionando como
centros de tortura, porque o Estado
existe para zelar pela propriedade desses benevolentes empresários e de seus
asseclas de fala mansa que
vivem do empreendedorismo da miséria...
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