Brasília,
talvez seja a única cidade do mundo a ter uma rádio FM, em funcionamento, com um locutor do além.
Morto há três ou quatro anos (?) seu antigo diretor e locutor continua diariamente
anunciando seus pretéritos repertórios musicais: tangos, tarantelas, um ou outro tchá tchá tchá, algumas
clássicas, óperas, bossa nova e etc. Não tenho nada contra, pois meu gosto
musical de vez em quando até coincide com o do defunto, mas o que é estranho é...
Se naturalmente já tenho uma tendência a achar que quem realmente comanda a vida
dos vivos são os mortos, quando ouço sua voz lá pelas 18:00 horas, surgindo do vazio, do
nada, do Hades... fico ainda mais convencido da pertinência de minha tese...
Naquele clima meio fúnebre e meio melancólico, sempre aproveito
para ficar imaginando a revolução que a fita cassete e depois os gravadores mais
modernos devem ter causado no mundo do narcisismo, da música, dos recitais poéticos, da política e até do espiritismo, quando apareceram.
Se antes tudo deveria ser ao vivo, meio improvisado, sem cortes, sem arranjos e, por isso mesmo, cheio de mentiras, de tolices e de gafes,
depois do invento dessas engenhocas, passou-se a gravar e em seguida a ouvir, revisar, editar e controlar a bobageira, o tom do discurso, a voz do cantante, o som do violinista ou a
barulheira da percussão (em outras palavras: a remediar e até a falsificar a realidade) mesmo com seus atores já apodrecendo no limbo ou na
eternidade... Digamos que foi um tônico egótico para a espécie! Um bálsamo
para a amnésia psicogênica, uma pá de fertilizante sobre a vaidade humana!
Enfim, um passo importante para a ilusão de permanecer e de durar
que sempre alucinou essa efêmera turba.
Venho a me retratar sobre qualquer comentário que eu tenha realizado nesse blog sobre um juiz trabalhista. O juiz ora citado é um homem íntegro, e fiz um falso julgamento sobre o mesmo.
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