Aconteceu
numa província da Nova Guiné, mas é tão impactante como se tivesse acontecido
logo ali atrás do Congresso Nacional ou na portaria de nossos prédios. O bebê
tinha uma semana de vida e foi literalmente devorado pelo pai diante de dezenas
de espectadores... O mais legítimo e brutal dos filicídios! Nem as imagens de
Goya, sobre Saturno, devorando os seus, são tão chocantes como esta... Sem
nenhuma frescura clerical, como não indagar-se: quê coisas nossas devem ainda
estar desgovernadas na essência desse homem, e quê coisas desse homem devem
estar ainda apenas parcialmente sublimadas em nós?
Por
que um bebê mutilado nos causa tanto horror, mas um coelho, um avestruz ou um
leitão não? Quanto tempo foi preciso para sublimar o canibalismo e para conseguir matar e comer os bebês de
outras espécies sem o mínimo de desespero e sem a mais mínima culpabilidade?
E
não pensem que essa é uma coisa que só acontece lá na Nova Guiné, ou que a Guiné é terra de outro mundo! Não! Com apenas quinze horas de voo podemos aterrissar no quintal desse homem...
Abram as persianas, joguem no lixo os óculos escuros e tomem consciência de que por aí, na retaguarda das aparências e por detrás dos esquemas convencionais (apesar das estatísticas) existem diversas guinés, cada uma contabilizando, ocultando ou negando os seus próprios horrores...
Abram as persianas, joguem no lixo os óculos escuros e tomem consciência de que por aí, na retaguarda das aparências e por detrás dos esquemas convencionais (apesar das estatísticas) existem diversas guinés, cada uma contabilizando, ocultando ou negando os seus próprios horrores...
parece aquela pintura Saturno devorando seus filhos, o Tempo devorando, sei lá, é uma pintura não me lembro de quem.
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